UOL Esporte Atletismo
 
15/03/2010 - 09h01

Estrutura de treinos de atletismo em SP é precária, critica técnico de Murer

José Eduardo Martins, Mariana Bastos e Sandro Macedo
Da Folhapress
Em São Paulo

PROVAS DE CAMPO EXIGEM TÉCNICA IGUAL

Ao contrário do que ocorre nas provas de pista realizadas em locais cobertos, como as corridas de velocidade ou de fundo, o resultado das provas de campo equivalem mais à realidade da competição em estádio aberto, o que torna a conquista de Fabiana Murer relevante.

Realizado de dois em dois anos, o Mundial indoor tem menos glamour que o tradicional Mundial de atletismo, que ocorre a cada quatro anos (o último foi o de Berlim-2009).

No indoor, atletas não ficam sujeitos a calor, frio ou chuva. O ambiente climatizado ajuda a todos. No entanto, corredores precisam se adaptar a uma pista menor. Os 100 m viram 60 m. "A pista tem uma metragem menor, com curvas em outra angulação", afirma Adriano Vitorino, técnico de provas de velocidade.

Estrela maior do atletismo, o recordista mundial dos 100 m Usain Bolt, por exemplo, preferiu não ir ao Mundial de Doha.

Nas provas de campo, não é necessário fazer adaptações. Atletas do salto utilizam as mesmas técnicas. O mesmo acontece nos arremessos.

Após a conquista da medalha de ouro no Mundial indoor de sua pupila, Fabiana Murer, o técnico Elson Miranda queixou-se da falta de estrutura adequada para treinamentos em São Paulo.

"É uma grande conquista do atletismo brasileiro e é resultado de um trabalho que vem crescendo gradativamente. Mas o resultado não condiz com a estrutura do atletismo nacional", afirmou Miranda.

Com o início da reforma na pista de atletismo do Ibirapuera no ano passado, mais de cem atletas tiveram que procurar outros centros de treinamento. A mudança atingiu também Fabiana Murer, que teve que transferir seus treinos para São Caetano, onde fica o local de treinamentos de sua equipe, a BM&F. Com isso, Murer, que mora na região do Ibirapuera, passou a ter que enfrentar um trânsito diário de cerca de duas horas para chegar aos treinos.

Antes do Mundial, tanto o treinador como a atleta demonstravam irritação com a mudança da rotina, que acaba se refletindo nos treinamentos. "Precisamos de mais espaço físico para treinar. Foi muito difícil fazer a preparação para o Mundial [indoor] em São Caetano", lamentou o treinador.

No início do ano, a situação era tão precária que o técnico e a atleta tiveram que fazer improvisações. Sem um sarrafo disponível, chegaram a amarrar corda entre as árvores para estabelecer a altura que Murer deveria ultrapassar.

Agora, com a medalha de ouro da pupila, Miranda aproveita os holofotes para tentar melhorar as condições de treinamento da atleta no Brasil e para calar os críticos de Murer. "Fabiana era a garota problema. Primeiro, ela teve problema com a vara na Olimpíada de Pequim. No ano passado, o problema foi com o colchão. Dessa vez, ela não teve problema nenhum e conquistou o ouro no Mundial", ressaltou o técnico.

Murer, por sua vez, adotou um discurso mais contido. "Minha vitória não é um cala-boca para ninguém. É só o resultado de um trabalho", disse ela que comemorou sua conquista na festa de encerramento do Mundial.

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