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Ben Johnson se diz injustiçado em novo livro sobre escândalo de Seul-88

Das agências internacionais

Em Nova York (EUA)

28/05/2010 07h04

O ex-velocista Ben Johnson, que teve a medalha de ouro nos 100m e o recorde mundial nos Jogos Olímpicos de Seul cassados após testar positivo no antidoping para esteróides, vai lançar um livro sobre um dos maiores escândalos da história dos Jogos. Ele afirmou que irá fornecer novas evidências de que era vítima de uma sabotagem.

Johnson também disse se sentir injustiçado pelo Comitê Olímpico e pelas autoridades do atletismo. Apesar disso, ele admitiu que tinha consciência do uso de uma substância proibida em 1988.

“Fui sabotado", disse ele a jornalistas na quinta-feira antes de um simpósio sobre esportes na Jamaica.

O canadense nascido na Jamaica, hoje com 48 anos, disse que sua autobiografia 'Seoul to Soul’ (Seul para a alma, em português) irá revelar informações inéditas sobre o caso.

Ben Johnson era o grande nome do atletismo na década de 80 e fez com que milhares de pessoas acompanhassem a final dos 100m de 88. Logo nos primeiros metros, ele abriu boa vantagem sobre os adversários para conquistar a prova. Dois dias depois, no entanto, Johnson testou positivo no  antidoping e foi desmoralizado mundialmente, sendo obrigado a devolver a medalha de ouro entregue a Carl Lewis.

"Há ainda mais para aparecer, há mais que eu possa dizer. Mas eu não posso dizer muito agora porque eu fui aconselhado pelo meu manager", disse, vestindo um terno escuro, camisa e gravata roxa.

Perguntado por que ele estava trazendo à tona as informações mais de 20 anos depois, Johnson disse: "Para mostrar ao mundo que eu não era o único que estava fazendo isso".

Segundo ele, seu treinador Charlie Francis, que morreu no início deste mês após uma batalha de cinco anos contra o câncer, se aproximou das autoridades de atletismo sobre suas preocupações com o doping frequente entre atletas do leste alemão.

"Meu técnico Charlie Francis, que faleceu na semana passada, falou com a IAAF no início dos anos 80: 'Olha, essas pessoas fazem uso de doping na Alemanha Oriental. Se meus atletas estão limpos temos que jogar nas mesmas condições'. Eles não escutaram e ele disse que não tinha escolha. O que ele fez por mim, não me faz correr mais rápido", avaliou.

Ben disse ficar chateado pela forma como foi tratado pela IOC (Comissão Internacional dos Jogos Olímpicos) e pela IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo).

"Eu cometi alguns erros também, mas o meu treinador e eu decidimos que se outros alemães orientais estavam fazendo o que estavam fazendo teria de haver uma igualdade."