Topo

Sem patrocínio por dúvidas sobre feminilidade, Semenya ganha ajuda no Facebook

Aos 19 anos, Caster Semenya vive o paradoxo de ser campeã mundial e não ter patrocínio - REUTERS/Roni Rekomaa/Lehtikuva
Aos 19 anos, Caster Semenya vive o paradoxo de ser campeã mundial e não ter patrocínio Imagem: REUTERS/Roni Rekomaa/Lehtikuva

Das agências internacionais

Em Johanesburgo (AFS)

28/10/2010 18h08

Em Berlim-2009, Caster Semenya venceu a prova dos 800 m no Mundial de atletismo e se tornou a primeira mulher negra sul-africana a conquistar um ouro na história da competição. Pouco mais de um ano depois, a fundista convive com o paradoxo de ser campeã mundial e praticamente não ter dinheiro para treinar.

Segundo declarou nesta quinta-feira o agente de Semenya, Tshepo Seema, a atleta tem encontrado dificuldades em fechar acordos de patrocínio. Pesa contra ela o fato de ter sua feminilidade investigada pela Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo), imbróglio que levou 11 meses para ser resolvido e a deixou praticamente um ano afastada das provas oficiais.

Embora já esteja apta a competir, a sul-africana não tem verba para financiar treinamentos e viagens. Para Seema, a imagem de sua cliente ficou arranhada pelas investigações da Iaaf.

“Nós estivemos em várias empresas, de automóveis, celulares, redes de restaurantes, todo tipo de companhias, mas não conseguimos patrocínio por causa da publicidade negativa dos últimos meses. Não foi nada bom para Caster”, afirmou o agente em entrevista à agência internacional de notícias Associated Press.

AJUDA NO FACEBOOK

Um jovem decidiu ajudar Caster Semenya criando um grupo no Facebook com o objetivo de arrecadar fundos para a atleta por meio da venda de camisetas e acessórios de carros para celular. Leia abaixo o texto da comunidade criada para auxiliar a campeã:

"A ideia deste fundo surgiu como resultado de reportagens mostrando que Caster está quebrada devido à falta de patrocínio e que ela está lutando para continuar sua carreira. Isso levou um grupo de jovens profissionais a darem um passo e ajudarem Semenya em seu intuito de sustentar a carreira.

O objetivo da campanha é arrecadar 1 milhão de rands (cerca de R$ 250 mil) para a campeã mundial dos 800 m dar sequência a sua paixão. Com a atitude de "nunca desistir", Semenya tornou-se uma luz para a esperança dos jovens, particularmente das comunidades menos favorecidas, de levarem adiante seus sonhos, não importa em quais circunstâncias."

Em setembro, o staff de Caster Semenya tentou criar uma maneira de arrecadar fundos para a atleta. A ideia era que cada mensagem de texto enviada pelos sul-africanos angariasse 70 centavos para a atleta. “Eu gostaria de fazer um apelo a todos os sul-africanos para que me ajudem em diversas plataformas”, pedia a fundista em uma propaganda. “Minha promessa para a nação é de que vou corresponder à fama de Garota de Ouro”.

A ideia não surtiu tanto efeito quanto imaginado, e agora Semenya passa a contar com o apoio das redes sociais. Dois jovens resolveram criar uma campanha no Facebook, vendendo camisetas e acessórios de carros para celular para arrecadar dinheiro para a campeã mundial.

“Nós vimos uma entrevista dela na TV e ficou claro que ela está quebrada, não tem patrocínios e tem que se bancar sozinha”, afirmou Thobeka Macgai, de 27 anos, que idealizou a campanha pela internet. “Então nós pensamos ‘Por que não ajudá-la?’ Ela é uma sul-africana e representa todos nós”.

Embora o agente de Semenya negue que a situação de sua atleta é tão ruim assim financeiramente, ela mesma já se encontrou com Macgai e deu seu aval para a campanha no Facebook. Sete voluntários participam da organização das vendas.

Enquanto tenta encontrar novas formas de arrecadação, Caster Semenya segue em recuperação de uma lesão nas costas, problema físico que a tirou dos Jogos da Commonwealth no mês passado e atrapalharam ainda mais a visibilidade da atleta. Segundo o técnico Michael Seme, a fundista só deve voltar a competir em alto nível no ano que vem.