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No reencontro, Murer diz que cresceu sem Isinbayeva: 'melhorei sob pressão'

Fabiana Murer mostra o troféu da Liga de Diamante, que conquistou no ano passado - Agência Luz/ BM&FBovespa/Divulgação
Fabiana Murer mostra o troféu da Liga de Diamante, que conquistou no ano passado Imagem: Agência Luz/ BM&FBovespa/Divulgação

Maurício Dehò

UOL Esporte

11/02/2011 13h00

Yelena Isinbayeva é praticamente uma “hors concours” (incomparável) do salto com vara, o que provou com ouros mundiais e olímpicos, além de 27 recordes batidos na prova. No entanto, a ausência de bons resultados e sua saída do atletismo por cerca de 11 meses em 2010 encheu de esperanças as rivais e as aproximou do sonho de bater a russa. Exemplo disso é a brasileira Fabiana Murer, que viveu sua melhor temporada no ano passado, com os títulos do Mundial Indoor e da Liga de Diamante.

MURER E ISINBAYEVA: AMIGAS/RIVAIS

Yelena Iinbayeva
Rússia

Idade: 28
Ouros olímpicos: 2
Ouros em Mundiais: 2 outdoors e 3 indoors
Recorde pessoal: 5,06 m (r. mundial)
Mellhor marca no ano: 4,81 m
Fabiana Murer
Brasil

Idade: 29
Ouros olímpicos: -
Ouros em Mundiais: 1 indoor
Recorde pessoal: 4,85 m (r. mundial)
Mellhor marca no ano: 4,74 m

Neste sábado, a paulista tem a chance de testar seu crescimento, enfrentando a rival pela primeira vez desde que venceu o Mundial de Doha, em ginásio fechado. Com a crença de que aprendeu a competir sob pressão por não ver os holofotes voltados à rival, Fabiana Murer brigará para dificultar a vida da amiga e colega em alguns treinos com Vitali Petrov – consultor da brasileira e técnico principal de Isinbayeva.

O reencontro acontece em Donetsk, na Ucrânia, no Pole Vault Stars, torneio exclusivo de salto com vara e com formato diferente. Os atletas saltam com música, e Murer vai de "Ready to Go", da banda Republica. O evento foi criado pelo lendário Serguei Bubka e, como não é oficial, terá uma disputa “moral” pela melhor marca do ano, que já foi de Fabiana Murer (4,74 m) e acabou indo para Isinbayeva (4,81 m).

“Eu acredito que ela vai voltar saltando bem. Não tenho ideia de como estará, mas ela é uma grande atleta”, elogiou Murer, ao UOL Esporte. Ela conquistou seu melhor salto em Nova York e, na segunda prova do ano, falhou em Stuttgart, ficando com a prata. Já Isinbayeva, que parou após Doha para se recuperar física e mentalmente, deu adeus à sua pausa em Moscou, vencendo com 4,81 m.

“Para mim 2010 foi um ano muito bom”, afirmou a brasileira, sobre o período sem a oponente. “Lógico que a pressão aumentou e acho que melhorei em relação a isso, em ser mais competitiva e buscar uma melhor colocação nas competições. Nas primeiras provas foi um pouco estranho competir (sem Isinbayeva), mas depois era lógico que era só uma atleta a menos na disputa pelas primeiras colocações.”

DE OLHO EM SI


Vou saltar pensando no meu resultado e não pensando em ganhar de alguém

Fabiana Murer, sobre o reencontro com Isinbayeva em prova em Donetsk,  Ucrânia

Yelena Isinbayeva ganhou fama com sua série de recordes no salto com vara, que a levou a ser a primeira mulher a superar os 5 metros, marca que nenhuma outra atleta superou até hoje. No entanto, com os erros e derrotas no Mundial de 2009 e no Mundial Indoor de 2010, ela preferiu se retirar das pistas e tentar se recuperar. No último domingo, mostrou estar em boa forma ao cravar a melhor marca do ano, com 4,81 m, saltando em casa, em Moscou.

Já Murer provou sua boa fase em 2010 com a melhora de seus recordes sul-americanos, que passaram a ser 4,82 m no indoor e 4,85 m ao ar livre. Agora, luta para conseguir o auge físico no Mundial de agosto, em Daegu, na Coreia do Sul.

O início de temporada não foi o esperado, apesar de ela ter conseguido a melhor marca do ano até aquele momento. Em Nova York, os 4,74 m não foram o suficiente para satisfazer a atleta e o técnico Elson Miranda. “A Fabiana sentiu um pouco de dificuldade de saltar, não estava totalmente segura pois os treinos não foram tão bons. Mas tecnicamente ela está muito bem e é natural ir ganhando confiança.”

Em seguida, em Stuttgart, Élson e Fabiana avaliaram que houve um erro de estratégia quanto à escolha da vara, que lhe custou a vitória. Ela ficou com a prata na Alemanha, com apenas 4,64 m. Agora, tem a expectativa de acertar os defeitos analisados para ter a chance de chegar próxima de suas melhores marcas e, possivelmente, até passá-las.

“Foi uma questão de escolhermos melhor as varas. Acho que teremos de usar uma mais forte", explicou Elson Miranda, após o resultado negativo em Stuttgart.