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Maurren dribla lesões para comprovar tendência 'balzaquiana' nas Olimpíadas

Já "trintona", Maurren Maggi foi campeã nos Jogos de Pequim-2008 aos 32 anos - Caio Guatelli/Folhapress
Já 'trintona', Maurren Maggi foi campeã nos Jogos de Pequim-2008 aos 32 anos Imagem: Caio Guatelli/Folhapress

Maurício Dehò

Em São Paulo

24/02/2011 07h00

A brasileira Maurren Maggi terá 36 anos quando entrar no Estádio Olímpico de Londres em 2012, para defender o seu título de Pequim-2008, no salto em distância. Mas o fato de ser uma veterana pode ser vantagem, devido à tendência das últimas campeãs da prova – incluindo ela – terem por volta de trinta anos, ou, como se convencionou chamar, são “balzaquianas”.

Numa prova de muita força como o salto em distância, a técnica também tem papel fundamental. E a experiência se mostra fator decisivo nas disputas por ouros olímpicos. A média de idade das cinco últimas campeãs olímpicas é de 29,4 anos. Se forem levadas em conta só as três últimas campeãs, o número vai a 31,6.

E aos 36, Maurren pode inclusive ser a atleta mais velha da história a conquistar um ouro no salto em distância, passando a alemã Heike Drechsler, que venceu a competição em Barcelona-1992 e em Sydney-2000, já aos 35 anos. Para isso, precisa de ritmo de competição após um pós-olímpico recheado de lesões.

Para o técnico Nélio Moura, o sucesso com idade avançada é uma combinação da técnica apurada da brasileira com um corpo forte, apesar das últimas contusões – uma cirurgia no joelho, um problema muscular na coxa e dores no quadril. Nesta quarta ela voltou após seis meses e venceu prova em São Paulo, com marca de 6,32 m

“Sempre há coisas para melhorar tecnicamente e trabalhamos para isso. Mas a Maurren tem um padrão de salto muito maduro. Então são pequenas coisinhas que vamos evoluindo”, disse Nélio, que acaba fortalecendo mais o corpo da atleta. “Já na parte física, sempre se consegue melhorar, principalmente na força.”

VANTAGEM DAS VETERANAS
Média nos últimos 5 Jogos é de 29,4 anos

ANOATLETAIDADE
2008Maurren Maggi (Brasil)32
2004Tatyana Lebedeva (Rússia)28
2000Heike Drechsler (Alemanha)35
1996Chioma Ajunwa (Nigéria)25
1992Heike Drechsler (Alemanha)27

Como os detalhes são primordiais para um salto, isso joga a favor das atletas mais maduras, principalmente para Maurren, que segundo o técnico é privilegiada fisicamente.

“As atletas do salto tem vantagem por um lado, pela experiência e a maturidade técnica. Teoricamente você passa por um momento em que sua condição física começa a declinar, independentemente do quanto você treina. Mas não percebemos isso na Maurren. Ela tem uma genética diferenciada”, destacou Nélio. “Além disso, temos exemplos na prova de atletas como a Drechsler, que competiu bem até os 36, 37 anos.”

O treinador explicou que nesta idade a recuperação de treino para treino e das lesões leva mais tempo, mas isso não tem atrapalhado a saltadora. “Ela é privilegiada. Tem muita molecada que não consegue treinar junto com ela", afirmou.

Maurren evitou falar sobre uma possível aposentadoria e disse que “passaria” a pergunta, quanto questionada sobre a chance de competir aos 40 anos nos Jogos de 2016. Para 2012, no entanto, ela mostrou confiança em um bom resultado.

“No meu caso, a idade trouxe a experiência. Na verdade, não senti chegar. Eu treino igual a sempre treinei, apesar das lesões, e sei que posso dar muito mais de mim quando estou na pista”, afirmou a campeã olímpica, que se disse “zerada” em relação aos problemas físicos e pronta para tentar o tricampeonato no Pan, em outubro, e para a disputa do Mundial, no fim de agosto.