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Bruno Lins vence 100 m rasos após superar doping e desejo de encerrar a carreira

Alexandre Sinato e Aline Küller

Em São Paulo

04/08/2011 18h30

Após dois anos suspenso por doping, Bruno Lins Tenório conseguiu a redenção nesta quinta-feira. Em sua terceira competição depois do castigo, a primeira em nível nacional, ele conquistou a medalha de ouro nos 100 m rasos do Troféu Brasil, em São Paulo. Superou desconfiança dos rivais, nervosismo e ansiedade para superar Sandro Viana na final. E por pouco ele não encerrou a carreira durante o período afastado.

Mulheres vaidosas lideram nos 100 m

Musa do atletismo brasileiro, Ana Cláudia Lemos confirmou o favoritismo nesta quinta-feira e conquistou o ouro na final dos 100 m rasos. No entanto, não conseguiu atingir o tempo que esperava e agora tentará superar sua marca pessoal no Mundial de Daegu, no final do mês. Ela ganhou a 30ª Troféu Brasil com 11s34.

?Queria ter corrido melhor, mas foi o máximo que pude fazer. Não estava fácil ganhar. Esperava fazer 11s13, mas vou buscar essa marca no Mundial?, projetou a atual recordista brasileira dos 100 m rasos, com o tempo de 11s15.

Segunda colocada, Rosângela Oliveira Santos ameaçou bastante Ana Cláudia, ficando apenas dois centésimos atrás. Chorando bastante por ter feito o melhor tempo de sua carreira, ela comemorou tanto quanto a campeã, com quem tem outra semelhança: o alto nível de vaidade.

?Foi o melhor resultado da minha vida. Fiquei dois anos parada [por lesão] e estava muito desanimada. Pensei em parar, mas decidi fazer uma mudança radical: mudei de equipe, de treinador e deu certo?, completou.

“Amo muito o que faço. Estou sem palavras. Aprendi a ser mais responsável e mais maduro depois disso tudo. Minha marca ficou longe do índice para o Mundial [ele fez 10s25 e o índice para Daegu é 10s15], mas agora vou tentar ir pelo revezamento 4x100 m rasos”, comemorou.

Mas a festa de Bruno Lins há pouco tempo dava lugar à incerteza. Quando foi flagrado no exame antidoping em 2009, o atleta cogitou abandonar o atletismo diversas vezes. A perspectiva de ficar dois anos afastado das pistas por pouco não acabou com sua carreira.

“Pensei várias vezes em desistir, mas minha mãe me deu força. Minha tatuagem é uma homenagem a ela, a grande responsável por eu estar aqui hoje”, disse Bruno, apontando para a tatuagem feita no braço direito que leva o nome de sua mãe, Jaidete Nunes.

Presente nas Olimpíadas de 2008, quando se classificou para competir nos 200 m rasos e no revezamento 4x100 m rasos, Bruno Lins sonha longe. Além de buscar uma vaga em Londres-2012, ele quer totalizar quatro edições dos Jogos no currículo.

“Quero disputar as Olimpíadas de 2020, quando terei 33 anos. Acho que dá”, projetou o campeão dos 100 m, um dia depois de enfrentar a desconfiança dos rivais nas eliminatórias e chegar comemorando à la Usain Bolt, com direito a olhares para o lado na linha final e um palavrão de desabafo.