Medalhistas dizem que CBAt deveria punir atleta por declarações polêmicas
A velocista Vanda Gomes foi a protagonista do revezamento 4x100m do Brasil no Mundial de Atletismo, realizado no início do mês em Moscou. Ela deixou cair o bastão, provocando a desclassificação da equipe, e criticou duramente a preparação do time. Por isso, corre o risco de ser suspensa pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo). Ouvidos pelo UOL Esporte, medalhistas olímpicos da modalidade apoiam alguma punição para a atleta.
“Ela estava com a cabeça quente, desnorteada, foi infeliz no comentário. A CBAt deu todo apoio. O que ela disse foi desnecessário, ela mentiu, falou besteira. Merece punição, mas não deveriam afastá-la, têm outros meios de corrigir”, disse André Domingues, prata no revezamento 4x100 m na Olimpíada de Sydney-2000 e comentarista da Sportv em Moscou.
“Pelas declarações é justa a punição para a Vanda, mas para as outras meninas não. Porém, todas vão pagar, porque o revezamento é um time, as atletas vão deixar de receber uma quantia em dinheiro por este erro”, completou Robson Caetano, dono de dois bronzes olímpicos, referindo-se ao prêmio Bolsa Pódio que a equipe não irá receber por causa da desclassificação no Mundial.
A polêmica declaração de Vanda foi dada ao SporTV logo após a prova. "A gente não treinou o suficiente. Deixamos de lado treinar. Ficamos 30 dias comendo e dormindo mal", disse a velocista, que deixou o bastão cair durante o revezamento.
“A comida era a mesma para todos. Não estou puxando o saco para a CBAt e nem para a ela, mas sempre sou a favor da atleta. Eu fiquei impressionado quando a encontrei com outra amiga no corredor do hotel. Elas estavam com duas pizzas. Eu perguntei: Onde compraram?”, contesta Claudinei Quirino, medalha de prata em Sydney, que foi a Moscou convidado pela CBAt para participar de palestras com atletas.
Robson Caetano também rebate as declarações de Vanda. “Ninguém fica 30 dias abandonado, o presidente da CBAt já teve outros atletas indisciplinados, talvez irá entender que foi um momento exagerado da atleta”.
Vanda pode ser suspensa pelas declarações. A CBAt aguarda um relatório da comissão técnica da seleção para decidir se haverá alguma punição para a atleta.
De qualquer forma, todas as meninas do revezamento já foram punidas. A CBAt decidiu não indicar a equipe para o Bolsa Pódio, do governo federal.
O prejuízo para Vanda Gomes, Rosângela Santos e Evelyn dos Santos é de até R$ 560 mil.
O Bolsa Pódio, parte do Programa Brasil Medalhas, pretende destinar R$ 1 bilhão para ajudar na preparação de atletas com chances reais de pódio nos Jogos do Rio, pagando bolsa mensal de até R$ 15 mil, com validade de um ano (renovável) além de outros R$ 20 mil para serem utilizados na compra de material esportivo, ida a competições, entre outras necessidades dos atletas. Além disso, garante aos contemplados contratação de equipe multidisciplinar, com salários de até R$ 5 mil por profissional como nutricionista e preparador físico.
Um dos critérios estipulados pelo Ministério do Esporte para a concessão da bolsa é que o atleta esteja entre os 20 primeiros do ranking mundial. A CBAt esperou o fim do Mundial para fazer esta checagem e encontrou 15 atletas nesta condição. A entidade negociou previamente com o Ministério do Esporte para que os revezamentos que terminassem entre os oito primeiros do Mundial também fossem contemplados.
E é aí que vem a punição. No entender da CBAt, o revezamento não terminou entre os oito primeiros. Isso porque, a classificação oficial do Mundial dá o Brasil como desclassificado na final do revezamento 4x100m feminino.
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