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Robson Caetano tenta voltar à TV e vira relações públicas de projeto social

Ex-atleta Robson Caetano trabalha em projeto social e tenta emplacar programa na TV fechada -  Streeter Lecka/Getty Images
Ex-atleta Robson Caetano trabalha em projeto social e tenta emplacar programa na TV fechada Imagem: Streeter Lecka/Getty Images

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

13/11/2013 06h01

Robson Caetano nunca foi adepto de rotinas pacatas. Dono de duas medalhas de bronze em Jogos Olímpicos e detentor do recorde brasileiro dos 100m rasos há mais de 25 anos, o carioca também tem trajetórias prolíficas como diretor de teatro e comentarista de atletismo na televisão. Afastado das telas desde o fim do ano passado, ele não reduziu o ritmo. Atualmente, trabalha em um projeto para TV fechada e faz relações públicas para uma iniciativa social voltada ao esporte.

O projeto social em que Robson Caetano trabalha é o Instituto Robson Caetano. Lançada há menos de um ano, a instituição está alicerçada em dois programas: o “Futuro Campeão”, cujo foco é a inclusão social por meio do esporte, e o “Vem Ser”, que busca talentos para o alto rendimento.

Os dois programas têm estrutura diferente. Enquanto o “Vem ser” funciona em sede única e tem 14 crianças, o “Futuro campeão” já conta com dez unidades e atinge quase 600 garotos.

Em ambos, Robson funciona como uma forma de atrair mais adeptos. “É claro que num primeiro momento as crianças querem ver o atleta e ouvir as histórias. Por isso, a gente conseguiu um número até sensível de participantes”, disse ao UOL Esporte o ex-velocista de 49 anos.

A décima unidade do “Futuro campeão” foi inaugurada no início de novembro, na comunidade de Providência, que fica na zona portuária do Rio de Janeiro. A região é considerada a favela mais antiga do Brasil. No primeiro dia, cerca de 40 crianças estiveram no local.

“Nós temos espaço para cem crianças em cada um dos polos. Nosso objetivo é chegar a mil crianças ainda no ano que vem”, explicou Caetano.

Além de funcionar para atrair participantes, o trabalho de Robson Caetano no instituto é voltado a aprimorar relações com parceiros. O “Futuro campeão” é custeado pela Secretaria de Esporte e Lazer do Estado do Rio de Janeiro, e o “Vem Ser” tem aporte da Caixa Econômica Federal.

“A gente montou uma organização que funciona com cada macaco no seu galho. A coisa está bem organizada, com a casa estruturada. Eu sou presidente, mas tenho funções de RP. Quando existe uma reunião importante e exige a minha presença, eu vou”, completou o medalhista olímpico.

A principal meta do “Vem Ser” é colocar ao menos um atleta nos Jogos Olímpicos de 2014, cuja sede ainda não foi definida. No Rio-2016, os meninos que fazem parte do projeto serão convidados para conhecer de perto a realidade e o clima do evento.

“Eles têm de ver e sentir a atmosfera, que é diferente. Respirar aquele ar é diferente. Nós temos uma meta muito clara de ter ao menos um atleta nos Jogos de 2024, mas não apenas participando. Queremos que eles cheguem até lá com as informações necessárias e todo o auxílio possível”, explicou Caetano.

O projeto social, contudo, não é a única coisa que tem ocupado o tempo do ex-atleta. Robson Caetano também trabalha em um projeto para TV fechada, com foco em esporte paraolímpico. O conteúdo do programa, porém, ainda é mantido em sigilo.

“Vai ser um trabalho muito legal, mas ainda não posso dizer o que é”, tergiversou o ex-atleta, que também pensa em voltar à TV aberta: “Sinto uma imensa saudade porque é um universo que eu aprendi a amar, mas não posso ficar me oferecendo. Tem de pintar um convite”.

Enquanto não aparece uma oportunidade para voltar à TV, Robson Caetano exercita como pode o ofício de comentarista. Ele tem alimentado redes sociais com conteúdos sobre o instituto, por exemplo.

Robson Caetano também tem aproveitado para observar o atletismo. E para notar que o Brasil, a despeito da falta de resultados expressivos em âmbito internacional, tem evoluído nessa seara.

“Eu acho errado dizer que o Brasil tem andado para trás no atletismo. Na história, surgiram nomes pontuais que acabaram sobressaindo e que levaram o nome do país. A diferença é que hoje você não tem um nome levando o esporte nas costas. Antes nós tínhamos só um atleta que chegava às finais, mas ele chegava e ganhava medalha. Hoje temos mais atletas em finais. Parece que não houve evolução porque faltam medalhas, mas as conquistas sempre foram casos isolados”, analisou o ex-velocista.

A atual rotina de Robson Caetano também inclui palestras e eventos corporativos. Por tudo isso, o medalhista olímpico precisou deixar de lado o teatro, segmento em que ele trabalhou de 2000 a 2008.

“Sou oriundo de comunidade carente, e graças a uma oportunidade dada por uma professora de educação física eu consegui ser profissional de educação física, além de jornalista, comentarista, ator e diretor de teatro. Se lá na frente um jovem lembrar que passou pelo instituto e o quanto isso o ajudou, os milhares de reais investidos já vão ter valido a pena”, encerrou Caetano.