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Campeã olímpica brasileira define até domingo se vai se aposentar

Do UOL, em São Paulo

23/01/2014 11h17

A atleta brasileira Maurren Maggi, medalha de ouro do salto em distância nos Jogos de Pequim-2008, afirmou em entrevista ao jornal Lance que tem até o próximo domingo (26) para decidir se vai ou não se aposentar.

Maurren, de 37 anos, primeira brasileira a ganhar o ouro olímpico em esportes individuais, se disse decepcionada com a dificuldade de encontrar patrocínio.

“Dei uma semana para decidir se vou continuar ou não. Talvez eu mude para São Carlos por projetos que tenho, ou mesmo me aposente para viver trabalhando. É até domingo...”, revelou Maurren ao jornal.

“Sinceramente, é muito triste eu aparecer na pista para os amigos como campeã e desempregada. Um campeão olímpico no Brasil talvez não seja um exemplo, um espelho. Tem pessoas que treinam comigo que podem pensar isso. Por mais que a gente vá trás, e com os títulos que tenho, estou brigando por patrocínio. Imagine o restante dos atletas.”

A atleta disse que contava com patrocínios do São Paulo e da Nestlé e que ainda negocia com o clube do Morumbi. “Tenho conversado com Julio Casares [vice-presidente de marketing do São Paulo] para ver se assino. Não procuro outros clubes, sou são-paulina. Gostaria de ficar. Os acordos terminaram em 2012.”

Hoje, Maurren disse contar com apoio da Caixa Econômica Federal e da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), além de receber auxílio do Bolsa Atleta – que não entra em seu orçamento, segundo ela.

“Faz três meses que não entro na pista por falta de patrocínio. É uma falta de respeito querer encerrar a carreira em 2016 e não ter patrocínio até lá, ter de parar antes. Talvez eu já tenha aberto mão de procurar. É uma vergonha bater de porta em porta procurando. Quero ser quatro vezes campeã pan-americana, quero encerrar minha carreira na Olimpíada de 2016.”

A campeã olímpica considera 2013 um ano “meio perdido” pela falta de competições e diz que o Pan-Americano de Toronto-2015 seria sua principal meta antes da aposentadoria nos Jogos – Maurren foi medalha de ouro em Winnipeg-1999, Rio-2007 e Guadalajara-2011. “Isso se eu tiver algum patrocínio”, ressalta.

Questionada sobre uma possível concentração de investimento na Copa do Mundo, que afastaria o apoio financeiro a outros esportes, Maurren disse que eles são tão baratos que o pensamento chega a ser “banal”.

“Um atleta do atletismo, dos mais bem pagos, vive com R$ 10 mil, R$ 20 mil por mês. É vergonhoso comparar com o futebol. Mas não existe chance de brigar com eles. Tudo que faço é mostrar que meu esporte é legal. Sempre fui diferenciada, porque gostava de expor o patrocinador custe o que custar.”