Brasileiro do declatlo usa tia ex-atleta como inspiração em estreia no Pan

O Brasil terá no estreante Jefferson Santos a esperança por medalhas no decatlo nos Jogos Pan-Americanos deste ano. Aos 23 anos, o atleta usa como inspiração para a missão em Lima um exemplo muito próximo, que vem de dentro do ambiente familiar. Mais especificamente, a tia, a baiana Luciana Alves dos Santos, que disputou duas edições olímpicas em diferentes provas do atletismo e deixou o esporte em 2009.

Dez anos depois, Luciana não apenas prepara como inspira o sobrinho a seguir seus passos disputando diferentes provas. Se a tia corria os 100 m e saltava no triplo e em distância, Jefferson precisa se preparar toda semana treinando em dois períodos três provas diferentes cada, de segunda-feira a sábado, para fazer as dez no intervalo de dois dias em competições oficiais.

VEJA TAMBÉM:

• Medalhista pan-americana alonga carreira até Tóquio e projeta filho

Prova tradicional do atletismo, o decatlo reúne em apenas uma competição as corridas dos 100 m rasos, 110 m com barreiras, 400 m e 1.500 m, além do salto em distância, salto em altura, salto com vara, arremesso de peso, lançamento de disco e lançamento de dardo.

O desgaste e as lesões são frequentes, mas a ligação da família com o atletismo não deu outra alternativa a Jefferson que não fosse o esporte. Ao todo, ele conta dez pessoas no círculo familiar que fizeram ou fazem parte da modalidade, sem contar a sua namorada Jucielle Torquato, que já foi atleta nos 100 m e heptatlo.

Aos 23 anos, Jefferson vai pela primeira vez para os Jogos Pan-Americanos em Lima, uma meta que quase não foi batida depois de uma série de lesões sofridas desde que foi ao Campeonato Mundial de Londres, em 2017. O índice para o Pan foi obtido apenas na última semana do prazo.

"No ano passado eu tive seis lesões, então foi meio complicado e eu fiquei pensando se iria conseguir de novo. O começo deste ano foi a mesma coisa, bem difícil. Consegui fazer o índice agora no dia 9 desse mês e isso me fortaleceu", comemora Jefferson.

"Foi dedicação, eu coloquei na cabeça: eu vou para os Jogos Pan-Americanos, vou treinar para isso e vou fazer. E aí de lá para cá tudo certo, sem lesões e agora vamos para o Pan", completa.

Sua principal meta após o Pan é conquistar uma vaga na Olimpíada de Tóquio 2020. Com a tia tendo disputado os Jogos de Sydney-2000 e Atenas-2004, Jefferson pretende ser mais um olímpico da família e realizar o sonho de infância quando viu a parente na TV competindo.

"Minha tia foi para duas Olimpíadas, alguns mundiais e eu sempre via ela na TV. Falava: 'vou tentar o mesmo que ela'. Ela que me incentiva, todo dia eu olho para a cara dela e lembro que ela foi para duas Olimpíadas, eu preciso ir para pelo menos uma. Já fui para o Mundial igual a ela, Jogos Pan-Americanos, eu estou indo agora e vamos buscar o índice para a Olimpíada", projeta.

Já com um histórico de lesões, o atleta do decatlo espera poder competir em Tóquio porque considera que ir aos Jogos Olímpicos de Paris no decatlo pode não ser viável devido à idade.

"No ano que vem eu estarei com 25 anos, tenho que ir para a Olimpíada porque com 29 já fica uma prova muito desgastante e eu tenho isso na cabeça", explica o decatleta.

E se um dia Luciana Alves dos Santos foi a inspiração para Jefferson, hoje ele compete para inspirar seu irmão mais novo, Vitor Manuel, de apenas 6 anos.

"Eu chego em casa e ele fala 'irmão, o que você fez hoje de treino?' e já vem para cima de mim porque ele quer treinar também e todo dia ele fala 'vou treinar com você'. Me pergunta se vou estar na TV por causa dos Jogos Pan-Americanos. Ele é o próximo", conclui o atleta do Pinheiros.