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Pan 2019

Brasileiro chamado de Shaq na escola quer quebrar jejum do martelo no Pan

Allan Wolski durante prova de lançamento de martelo - Wagner Carmo/CBAt
Allan Wolski durante prova de lançamento de martelo Imagem: Wagner Carmo/CBAt

Rubens Lisboa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/07/2019 04h00

O apelido 'Shaquilla', dado pelos amigos de escola devido ao tamanho que lembrava o astro da NBA Shaquille O'Neal, não ajudou Allan Wolski a se tornar um jogador de basquete. Ele ainda tentou futebol, vôlei e handebol, mas de se encontrou no atletismo e será um dos representantes brasileiros no lançamento de martelo dos Jogos Pan-Americanos de Lima, a partir do dia 26 de julho.

A aproximação com a modalidade se deu na escola pública onde o atleta estudava e que contava com um projeto de atletismo. Com destaque em competições escolares, ele foi convidado a treinar no Centro Olímpico de São Paulo, no Ibirapuera, e desde então se dedica a uma prova com pouca tradição no país.

Apesar do nome lançamento de martelo, o material de competição não se trata exatamente daquele instrumento que vem à mente das pessoas e em geral é usado para bater pregos. A confusão do público necessita de constantes explicações por parte do atleta.

"Quando as pessoas perguntam o que você faz e você responde 'lançamento de martelo', acham que é aquele que bate no prego. A gente tem que explicar que é uma bola de ferro presa a um cabo e uma manopla", diz.

Devido ao peso do material, se não houver uma boa proteção e o cuidado nos treinos, um acidente pode ter consequências graves no lançamento. O brasileiro já tomou um susto durante um treinamento e conta que o cuidado é redobrado, ainda mais quando se pratica em um campo em que também há atletas de outras provas.

"Eu já tive um cabo que bateu na minha orelha, deu uma sangradinha, mas foi bem tranquilo, bem superficial. No treino, a gente tem que tomar cuidado tanto com a gente quanto com o público que está treinando na pista, pois pode acontecer algum acidente", afirma Wolski.

Medindo 1,85 m e pesando 125 kg, Wolski segue uma dieta bastante fora dos padrões para conseguir manter o físico avantajado e poder assim lançar com precisão e força o material com 7,26 kg.

"Minha dieta tem em média 4 a 5 mil calorias diárias e tem que suplementar coisas específicas para força e potência que o esporte exige, mas não é o que determina tanto o resultado. Existem três pilares para o resultado ser expressivo: você precisa ser um atleta muito técnico, muito veloz e por último ser forte", finaliza o paulistano.

Ainda hoje, 13 anos depois de sua estreia no martelo, ele lida com o desconhecimento da modalidade. "No Brasil, a gente vem aprendendo muito nos últimos anos, desbravando a modalidade. Eu tive a oportunidade de ir para fora aprender sobre o lançamento do martelo e isso veio agregando muito tanto para mim quanto para outros atletas que estão aprendendo também", explica Wolski, que integra a equipe do Clube Pinheiros, em São Paulo.

Ele e Wagner Domingos, o Montanha, são os brasileiros que competem em Lima na busca pela segunda medalha do país na prova em Jogos Pan-Americanos - a única anterior foi o bronze conquistado por Roberto Chapchap em São Paulo-1963.

No ano passado, Wolski e Montanha foram à Eslovênia para aprender com o renomado treinador Vladimir Kevo, que foi o mentor do esloveno Primoz Kozmus, medalhista e ouro na Olimpíada de Pequim-2008 e prata em Londres-2012, além de campeão mundial de 2009, em Berlim.

"A gente foi lá para aprender com ele sobre a parte técnica, que a gente tinha muito mais defasada. Na parte física, nós somos muito bons, mas não sabíamos nada de parte técnica. Fomos buscar isso na Europa, onde estão os melhores. E ano após ano a gente vem tendo resultados expressivos", conta o atleta de 29 anos.