Pré-olímpico, demissões e esperança: o ano do feminino
27/12/2024 01h07
Se por um lado o pré-olímpico serviu de base para contar uma retrospectiva positiva no basquete masculino, a competição também foi a mais importante entre as mulheres, mas não teve o mesmo desfecho.
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Em fevereiro, o Brasil teve a chance de decidir a vaga em casa, em um formato diferente de como foi com os homens. Ao todo, a cidade de Belém, do Pará, recebeu as seleções da Alemanha, Sérvia e Austrália , além é claro da seleção brasileira. Nessa chave, as quatro seleções disputavam três vagas para Paris, de maneira que só o lanterna não teria lugar nos Jogos.
Com o Ginásio do Mangueirinho lotado, o Brasil começou sua trajetória contra a poderosa seleção australiana, que mais tarde terminaria as qualificatórias de maneira invicta. Apesar de todo favoritismo para o lado de lá, as brasileiras deixaram a partida equilibrada. Atrás do placar durante todo o primeiro tempo, a seleção chegou a virar a partida no comecinho do último quarto, mas australianas se impuseram e venceram por 60 a 55.
Apesar da derrota, a atuação deu esperanças em relação ao time comando por José Neto, que teve na segunda rodada um confronto chave pensando na classificação. Diante da Sérvia, também derrotada na primeira partida, o Brasil tinha a sua maior chance de vitória.
Mesmo dominando o começo do confronto, as brasileiras não suportaram a pressão europeia e acabaram tomando a virada, perdendo por 72 a 65.
Como a terceira posição bastava, o Brasil teve ainda a chance de se classificar contra a Alemanha, na última rodada. Para isso, precisava vencer alemãs por 8 pontos de diferença.
Mesmo lutando muito e não deixando as adversárias se desgarrarem, o time tupiniquim não conseguiu o saldo que precisava. E nem a vitória. No confronto mais equilibrado da chave, a terceira derrota veio por 73 a 71, pondo ponto final no sonho brasileiro de ir a Paris.
José Neto pede para sair
Quatro meses após não ter conquistado a vaga, o técnico José Neto entregou o cargo. O pedido de demissão veio depois que o preparador Diego Falcão foi desligado, após atletas manifestarem incômodo ao fato do profissional ter se posicionado a favor da PL do Aborto, que tramitava na Câmara dos Deputados na época.
José Neto citou o companheirismo de 17 anos ao lado de Diego e "valores da fé" para justificar seu desligamento.
Contratação de peso
Para o seu lugar a CBB anunciou, no início de dezembro, a renomada treinadora Pokey Chatman. Com vasta experiência de 14 anos consecutivos na WNBA, treinadora teve passagens importantes por Chicago Sky e Indiana Fever.
Ao lado dos assistentes Léo Figueiró e Bruna Rodrigues, Pokey tem como objetivo principal levar Kamilla Cardoso, Damiris e companhia a Los Angeles, em 2028, e para isso contará com um ciclo inteiro de trabalho.
Depois de Maria Helena Cardoso, Pokey passa ainda a ser apenas a segunda mulher a comandar a seleção principal.
Caloura de ouro
Um ponto a ser explorado pela americana é a promissora Kamilla Cardoso. Hoje o nome mais relevante do basquete feminino brasileiro, Kamilla teve temporada espetacular em sua estreia na WNBA.
Escolhida no draft pelo Chicago Sky, a pivô foi escolhida para integrar a seleção das melhores calouras das liga. Mesmo sem ir ao playoffs, Kamilla se tornou a jogadora brasileira com mais duplos-duplos em uma só temporada da da WNBA. Com tempo bem regrado em quadra, Kamilla teve média de quase 10 pontos por partida e quase 8 rebotes, em 32 partidas disputadas.
Na pausa da temporada norte-americana, assinou um contrato de empréstimo para o Shanghai Swordfish, da China, onde ficará até o retorno das atividades no Estados Unidos. Até aqui, vem sendo um dos destaques da equipe, mantendo média alta de pontos e já tendo anotado quatro duplos-duplos com a camisa do time chinês.