Disputa de MVP também esquenta final de temporada da liga

Giancarlo Giampietro
Em São Paulo

Não foi só a corrida aos playoffs do Oeste que balançou a temporada 2007-2008 da NBA, encerrada nesta quarta-feira. Boa parte da polêmica das mesas redondas norte-americanas pertenceu ao prêmio de MVP, jogador mais valioso da campanha, que é definido em eleição de jornalistas.

MISTÉRIO TAMBÉM NO BANCO
Phil Jackson teve o mérito de contornar a crise despertada pelo pedido de troca de Kobe Bryant e as críticas públicas do astro aos seus companheiros. O Los Angeles Lakers liderou o Oeste.

Byron Scott contou com a ajuda de Chris Paul em quadra no New Orleans Hornets, mas conseguiu tornar um elenco reduzido e inexperiente em uma equipe mais que sólida - ficou em segundo nessa conferência, a mais equilibrada da história.

Doc Rivers recebeu um trio de astros, cercado por jovens de menor expressão, e, ainda assim, liderou uma química que levou o Boston Celtics de volta ao topo na NBA.

Gregg Popovich, do San Antonio Spurs, e Jerry Sloan, do Utah Jazz, concorrem pelo conjunto da obra. Rick Adelman comandou o Houston Rockets na fantástica seqüência de 22 vitórias, a segunda maior da história da liga.

O prêmio de melhor técnico também não está fácil.
QUEM DEVE SER O MVP?
CLASSIFICAÇÃO FINAL DA LIGA
SUNS: REVANCHE ANTE SPURS
MELHORES E PIORES
Quatro nomes foram destacados no decorrer do ano - Chris Paul, LeBron James, Kobe Bryant e Kevin Garnett. Os quatro levaram seus times aos playoffs. Cada integrante desse quarteto teve destaque em diferentes períodos do campeonato. Cada um tem um motivo particular para se tornar o favorito.

Paul, do New Orleans Hornets, é uma das grandes revelações da NBA e guiou o time mais surpreendente da temporada. Pouco lembrado como pretendente aos mata-matas no início da competição, a franquia terminou como a segunda colocada na brutal Conferência Oeste. Ele finalizou o ano com médias de 21,1 pontos, 11,6 assistências e 2,71 roubos de bola (líder da liga).

"Vamos encarar os fatos, ele foi incrível", afirmou o armador Steve Nash, duas vezes MVP pelos Suns, cujo status de melhor armador da liga foi desafiado pelo jovem atleta. "Ele pontuou, deu assistências, é o líder em roubadas. Ele põe seu time nas costas no quarto período. E isso é tudo de que precisa. Ele não tem os jogadores ao seu redor como Kobe tem."

Pesa contra Paul a pouca exposição nacional que os Hornets tiveram. E tempo de mídia não é problema para Kobe Bryant e o Los Angeles Lakers. O que facilita o caso do astro, que viveu seu melhor ano coletivo com a equipe - as cestas diminuíram (28,3 pontos por jogo, três abaixo do que ano passado), mas sua capacidade de líder aflorou. Basta que se acrescente o fato de que nunca venceu o prêmio, e desponta um favorito sentimental na eleição.

"Ele é o melhor jogador de basquete e nunca venceu antes. Ele teve suas lesões [atuou no quarto final da temporada com ruptura em tendão da mão direita] e eles se mantiveram no topo no Oeste. Eles nos venceram sem Pau Gasol e Andrew Bynum. Acho que chegou sua hora", justificou o alemão Dirk Nowitzki, atual MVP.

Bryant liderou o Oeste, mas os Lakers no geral não superaram os primeiros colocados do Leste, o rival Boston Celtics, revigorado com a contratação de Kevin Garnett e Ray Allen. Os dois se juntaram a Paul Pierce e formaram uma combinação irresistível. Mas Pierce não quer saber de dividir as glórias.

"Toda a cara da nação dos Celtics mudou quando fechamos a troca por ele. Quando todos falam do MVP, só se fala em números. Mas esse cara mudou toda a cultura por aqui, e acho que isso diz muita coisa. Tudo mudou no último ano", disse o ala, sobre o companheiro que tem 19 pontos, 9,3 rebotes e 1,2 toco por jogo.

BARBADA ENTRE NOVATOS?
Entre os estreantes, Kevin Durant, do Seattle Supersonics, é o grande favorito. Sem a concorrência do pivô Greg Oden, do Portland Trail Blazers, que passou por cirurgia no joelho e nem foi à quadra, o ala teve tranqüilidade para aprender com seus erros e terminou o ano de forma promissora.

Os Sonics deixaram seu ataque à disposição do talentoso calouro, que teve médias de 20,3 pontos e 4,4 rebotes. Para o próximo ano, a equipe deve deixá-lo mais próximo à cesta, esperando desenvolvimento físico de sua estrela.

O argentino Luis Scola, 27, - novato de NBA, mas veterano no esporte -, do Houston Rockets, e o ala-pivô Al Horford, do Atlanta Hawks, têm a vantagem de estarem nos playoffs. Mas o brilho individual de Durant não deve ser ofuscado.
Se os Celtics foram dominantes no Leste, o Cleveland Cavaliers aparece como uma das poucas ameaças à equipe nos playoffs. Muito em razão da capacidade do jovem astro LeBron James, que teve impressionantes médias de 30 pontos, 7,9 rebotes e 7,2 assistências. A noção de que ele pode vencer um jogo "sozinho" - como fez na final do Leste de 2007 contra os Pistons - o credencia ao prêmio.

"Ele é o MVP", disse o técnico Mike Brown, dos Cavs. "Sei que sou suspeito, mas não há um jogador lá fora que faça tudo o que ele faz. Não é que LeBron apenas pontue. Ele também facilita a vida dos outros, é bom no rebote e também defende."

O técnico dos Pistons, Flip Saunders, concorda. "Ele rende para seu time mais do que qualquer outro atleta. Ele tem provavelmente o maior impacto no jogo. Se você tirá-lo dessa equipe, não sei o que aconteceria."

Mas LeBron prefere despistar. "Se Kobe ainda não venceu o prêmio, eu não tenho chance", disse, referindo-se ao amigo da seleção norte-americana, que espera a honraria há 12 anos.

Uma preocupação envolve todos os candidatos. Eles só tentam evitar o vexame passado por Nowitzki no ano passado, quando o alemão ganhou o prêmio, mas só foi recebê-lo após a desconcertante eliminação do Dallas Mavericks, cabeça-de-chave número um, diante do Golden State Warriors.


Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos