UOL Esporte Basquete
 
17/12/2009 - 08h57

Preteridos pela CBB, Bassul assume projeto e Moncho, surpreso, avalia propostas

Luiza Oliveira
Em São Paulo

A CBB se mostra indecisa, prolonga a definição e admite troca no comando das seleções feminina e masculina para 2010. Um cenário aparentemente desfavorável para Paulo Bassul e Moncho Monsalve. Mas, apesar de preteridos, os técnicos não cruzaram os braços. Mesmo com a seleção brasileira como prioridade, eles já desenvolvem um “plano B” para suas carreiras.

AS TRAJETÓRIAS DE MONCHO E BASSUL

  • Moncho Monsalve está à frente da seleção brasileira desde janeiro de 2008, quando substituiu Lula Ferreira após o fracasso no Pré-Olímpico de 2007. Seu trabalho vinha sendo elogiado por dar maior organização tática à equipe e ‘misturar’ o estilo europeu com o brasileiro.

    No entanto, um sério problema na coluna sempre dificultou uma permanência mais longa durante o ano no Brasil, considerado inicialmente um dos principais entraves para a renovação contratual. Logo após a conquista da Copa América, Moncho Monsalve deu a entender que sua permanência dependeria de uma dura negociação e deram início às especulações de que ele teria pedido um alto valor salarial para continuar.

    Mas o próprio presidente da CBB foi à Espanha no último mês conversar com o treinador. Após a reunião, um novo compromisso pareceu próximo de ser acertado, até a CBB surpreender com a notícia de que estaria conversando com outros técnicos.

    Já Paulo Bassul assumiu o comando da seleção feminina em 2007 muito prestigiado, mas a situação mudou no Pré-Olimpico da Espanha, quando entrou em atrito com Iziane – principal jogadora brasileira da geração. Bassul cortou a atleta, que disse que não voltaria mais à seleção enquanto ele estivesse no comando.

    A situação piorou depois da campanha pífia da seleção nos Jogos Olímpicos de Pequim. Mesmo assim, já com a nova direção, o treinador ganhou mais uma chance e permaneceu para a disputa da Copa América, conquistada pelo Brasil, em casa.

    Apesar do título, Bassul teve sua autoridade colocada em xeque quando pré-convocou Iziane, mas a própria jogador recusou o chamado. Nas últimas semanas, mais uma vez a CBB, por meio do presidente Carlos Nunes e da diretora da seleção feminina Hortência, voltou a dizer que a jogadora deverá ser convocada para o Mundial.

No masculino, Moncho ainda se recupera da cirurgia na coluna, em Múrcia, onde mora na Espanha, mas quer logo retomar o trabalho. À espera de uma resposta da Confederação, o espanhol já recebeu três propostas de seleções, duas sul-americanas e uma europeia que disputará o Mundial, em agosto, na Turquia.

Paulo Bassul tem a vida ainda mais planejada. O responsável pela equipe feminina assumirá, em janeiro, um projeto na cidade paulista de Barueri como coordenador técnico e, caso não permaneça à frente do Brasil, deve comandar o time adulto, ainda a ser formado.

A indefinição sobre a permanência veio à tona na última segunda-feira quando a CBB informou em nota oficial que estaria negociando com outros treinadores, sem descartar a chance de continuidade dos projetos. A atitude foi contrária ao discurso pregado pela própria entidade, que no início do mês confirmou o interesse em manter Moncho Monsalve, em matéria divulgada pelo UOL Esporte.

Sem admitir qualquer desgaste, Bassul prefere não falar sobre o assunto para evitar especulações, enquanto Moncho tenta minimizar o problema. “Eles têm todo o direito de consultarem outros técnicos, mas sou um homem muito maior que isso. Eles sabem quem é Moncho Monsalve, sabem o que eu penso e que posso fazer um grandíssimo trabalho”, disse.

O motivo da surpresa do espanhol não é difícil explicar. No fim do último mês, o presidente da CBB Carlos Nunes esteve em Múrcia para definir a renovação do contrato. Na versão do técnico, a conversa caminhou para um fim positivo e faltava apenas decidirem a programação para 2010. “Fiquei surpreso. Eu achava que estava tudo certo. Esperava ao menos ver a programação. Pode ser pela questão física, dinheiro nunca foi problema”, disse ao UOL Esporte.

Assim, Moncho desmentiu as especulações de que teria exigido um alto reajuste, mas reafirmou que o valor salarial dependerá do tempo que permanecerá no Brasil. Segundo ele, no dia 20 terá uma conversa definitiva em sua casa com o diretor técnico da CBB, André Alves, e com o diretor da seleção masculina Vanderlei Mazzuchini.

Em função da sua saúde, Moncho só pode deixar a Espanha em fevereiro, mas não esquece da carreira. Seu sonho é disputar um Mundial como técnico, depois de participar como jogador, auxiliar e comentarista. A meta pode ser concretizada mesmo fora do Brasil, já que tem propostas. “Não tenho urgência em decidir, mas tenho quase 65 anos. Realmente é um grande sonho”, disse, sem divulgar os nomes dos países interessados.

BRASIL ENCONTRA 'DREAM TEAM' NO MUNDIAL-2010

A seleção brasileira vai encarar o “Dream Team” dos Estados Unidos logo na primeira fase do Mundial de basquete, que será disputado na Turquia, de 28 de agosto a 12 de setembro. Em sorteio realizado nesta terça-feira, norte-americanos e brasileiros também descobriram os seus rivais pelo Grupo B: Eslovênia, Croácia, Irã e Tunísia, com sede em Istambul.

Também com a situação indefinida na seleção feminina, Paulo Bassul é mais precavido e não quer falar sobre as negociações com a CBB. Mas se orgulha do novo projeto desenvolvido pelo Grêmio Recreativo Barueri.

Apelidado de NBB (Novo Basquete Barueri) Kids, o projeto visa alavancar o basquete feminino na cidade em um trabalho envolvendo mais de mil meninas nas escolas. A princípio, será voltado apenas para as categorias de base e sua esposa, Mila Rondon, será técnica da equipe infanto-juvenil.

Bassul ocupará o cargo de coordenador para que possa conciliar com o comando da seleção caso permaneça, já que a CBB exige exclusividade na função de técnico. No entanto, sua meta é assumir a equipe adulta quando se desligar da entidade.
.
“Não queria que nada me comprometesse na seleção. A ideia é que com o tempo, quando sair da seleção, surja o adulto e eu assuma. Este projeto será um ganho para a modalidade em Barueri. O basquete precisa dessa massificação”, avaliou.

Compartilhe:

    Placar UOL no iPhone

    Hospedagem: UOL Host