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Top 5 - Os desafios de Colinas na seleção feminina

Bruno Doro

Em São Paulo

23/04/2010 07h01

O espanhol Carlos Colinas foi confirmado como técnico da seleção brasileira feminina há pouco menos de um mês. Começou a trabalhar há pouco mais de 40 dias e só chegou ao Brasil na quinta-feira. Em suas costas, o peso de devolver a equipe ao lugar que ocupou até o início da década: o top-4 do basquete feminino no planeta. Desafio nada fácil, levando em conta o estado da modalidade por aqui.

“O Brasil é uma potência no mundo, mas nas categorias de base, perdeu relevância. É preciso olhar melhor como são formadas as atletas. O Brasil precisa estar sempre presente nos campeonatos internacionais”, afirmou o técnico, em sua apresentação.

Seu primeiro desafio será o Sul-Americano, em agosto. Nesta fase, não deve contar com Érika e Iziane, na WNBA. Depois, vem o Mundial da República Tcheca, em setembro. “O objetivo é ficar o mais perto possível do pódio. Quem sabe chegar a uma medalha. Acho que existe potencial para isso”. Para isso, porém, ele terá de superar alguns desafios. Veja quais são e o que Colinas falou sobre cada um deles:

 

O CASO IZIANE
A ala, hoje no basquete da Polônia, é o grande desafio do espanhol na seleção. Ninguém duvida da capacidade individual da maranhense – a seleção brasileira, aliás, sofreu, e muito, sem a jogadora nos últimos dois anos. Ela, porém, ainda não provou que pode ser uma jogadora de grupo e a tarefa de Colinas será justamente controlar o ego da jogadora e enquadrá-la no sistema de jogo. Sobre a briga com Bassul, aliás, Colinas nem quer falar: "O problema que aconteceu não é meu. Não vou discutir com ela uma diferença que teve com meu antecessor". Para Hortência, a jogadora não deve ter problema de readaptação ao grupo: "A questão Iziane não existe. Ela não terá nenhuma dificuldade".
ÉRIKA E A WNBA
O caso de Érika também é delicado. Na quinta-feira, Colinas elogiou muito a pivô do Ros Casares, principal equipe espanhola. "Ela é uma das principais jogadoras de garrafão do mundo hoje e é a melhor pivô em atividade na Espanha. Na seleção, certamente será uma das atletas mais importantes para o plano de jogo". Resta saber, porém, se a carioca vai realmente jogar. Érika não defende a seleção desde 2006 e, neste ano, tem contrato com o Atlanta, da WNBA. Já está fora do Sul-Americano, o primeiro desafio de Colinas no comando do time, e, se se apresentar, só chega bem depois do início da preparação. "Sabemos que é um problema, mas vamos administrá-lo". Iziane é parceira de Érika no Atlanta e enfrentará as mesmas dificuldades.
O USO DAS VETERANAS
Colinas só foi apresentado pela CBB nesta quinta, mas está trabalhando há cerca de um mês pela seleção. E a primeira medida tomada foi abrir o diálogo com veteranas da seleção, como as pivôs Alessandra (foto) e Kelly e as armadoras Adrianinha e Helen Luz. Isso indica que, pelo menos para o Mundial, nada de renovação radical. "Para mim, não existem veteranas. Mas é claro que é necessário experiência. Eu sempre fui adepto de se usar a nova safra, mas o Mundial exige muito. Você tem de saber em que momentos usar as jovens jogadoras", afirmou. "Além disso, quem está na Europa está jogando em um nível muito parecido com o que vai encontrar no Mundial. E ter contato com esse nível de competição é imprescindível".
RENOVAÇÃO E FALTA DE JOGADORAS
Na quinta-feira, Hortência disse que Colinas recebeu uma lista de 18 jogadoras que atuam no Brasil com nível para defender a seleção. Com isso, o espanhol teve uma amostra do maior problema atual da modalidade no país: a escassez de atletas. Com poucos times em atividade, o universo de atletas com nível para a seleção brasileira já em 2010 é minúsculo. Por isso mesmo, a CBB vai tentar usar o máximo possível de garotas das categorias de base nos treinamentos do time principal. "Vamos ter duas ou três juvenis treinando. É importante levar muita cotovelada, para aprender". Segundo Cláudio Tarallo, assistente técnico, duas dessas atletas serão a armadoras Tácia e a pivô Damiris (foto).
O CONTRATO DE SEIS MESES
O último desafio de Colinas será conseguir implantar sua filosofia em apenas seis meses de trabalho. Segundo o espanhol e a CBB, o acordo é renovável. A verdade, porém, é que o desempenho no Mundial deve definir se ele continua ou não. "É um projeto de médio e longo prazo. E acho que a CBB está no caminho certo. Na apresentação do projeto, conheci a estrutura fornecida à seleção e poucos times no mundo oferecem isso", disse Colinas. O nome do técnico foi questionado, principalmente por suas maiores conquistas terem saído em categorias de base. "O que queríamos era fazer uma mudança. O nome dele foi escolhido com muito cuidado. E é preciso ter coragem para mudar", explicou Hortência.
  • Créditos: Divulgação/CBB