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A um passo das Olimpíadas, Brasil encara único algoz para voltar à elite após 16 anos

Seleção brasileira tem a chance de encerrar um jejum de 16 anos sem ir às Olimpíadas - Jose Jimenez/Fiba
Seleção brasileira tem a chance de encerrar um jejum de 16 anos sem ir às Olimpíadas Imagem: Jose Jimenez/Fiba

Daniel Neves

Em Mar del Plata (Argentina)

10/09/2011 07h01

Após mais de uma década perdido em fracassos, o basquete brasileiro tem sua melhor chance de voltar a pertencer à elite da modalidade. Em Mar del Plata, a seleção nacional entra em quadra neste sábado às 19h (horário de Brasília) para enfrentar a República Dominicana pelas semifinais do Pré-Olímpico das Américas, em confronto que pode recolocar o país nas Olimpíadas após 16 anos de ausência.

O retorno à elite do basquete mundial nunca esteve tão perto dos brasileiros em todo este período. A única vez que já esteve a apenas uma partida dos Jogos ocorreu no Pré-Olímpico de 2007, mas na ocasião o adversário pela vaga foi a campeã olímpica Argentina, que mesmo desfalcada ainda contava com uma equipe forte.


“Ninguém está carregando este peso. Estamos jogando de uma maneira que não temos que ficar preocupados com o que ficou no passado”, disse o armador Marcelinho Huertas. “Só temos que pensar no presente, neste trabalho de quase dois meses. Tenho certeza que seremos bem recompensados no sábado por todo este esforço que estamos fazendo”.

Além de enfrentar um adversário com pouca tradição, a campanha brasileira no Pré-Olímpico enche o torcedor de esperança. Depois de uma primeira fase irregular, os comandados de Magnano engrenaram na competição e emendaram uma sequência de cinco vitórias. Pelo caminho ficaram os jejuns diante de Argentina e Porto Rico, que sucumbiram a duas grandes apresentações da equipe verde-amarela.

Com praticamente a mesma base dos anos anteriores, a grande mudança no Brasil ocorreu no banco de reservas. Campeão olímpico e vice mundial com a Argentina, Rubén Magnano chegou para mudar completamente o basquete nacional. Saíram de cena os grandes arremessadores e o basquete de transição para o surgimento de uma defesa quase impenetrável e um padrão de jogo voltado para a coletividade.

A prova de que o conceito deu resultado está nas estatísticas. O Brasil chega às semifinais do Pré-Olímpico com a segunda melhor defesa do torneio, com média de apenas 72 pontos sofridos por partida. A equipe não tem nenhum atleta entre os 10 principais cestinhas, mas detém o terceiro melhor ataque e mostra todo seu potencial coletivo na liderança do ranking de assistências, com 18,3 por jogo.

Assim como o Brasil, a República Dominicana também chega às semifinais graças a uma mudança em sua maneira de jogar provocada por um técnico estrangeiro. Bem sucedido na liga universitária dos Estados Unidos, John Calipari introduziu uma defesa sólida em uma seleção acostumada a ter bons jogadores, mas pouca eficiência como equipe.

OPINIÃO DE FÁBIO BALASSIANO

O Brasil entra na partida desta noite com a confiança lá no alto e jogando um basquete de altíssimo nível para acabar com um jejum que dói demais em quem gosta tanto da modalidade. Leia mais no Blog Bala na Cesta

Os dominicanos contam com três atletas da NBA e lutam para chegar às Olimpíadas pela primeira vez. O pivô Al Horford, do Atlanta Hawks, é o grande nome de uma seleção que tem um garrafão muito forte e bons chutadores do perímetro como Francisco Garcia, capitão do Sacramento Kings.

Se a falta de tradição não o favorece, o time centro-americano chega para o duelo decisivo com um bom motivo para se manter otimista. Os dominicanos foram os únicos a derrotarem a seleção brasileira neste Pré-Olímpico, em confronto na primeira fase.

“Tanto eles quanto nós terão que fazer um grande jogo na semifinal. Vamos usar este jogo que perdemos a nosso favor, para vermos onde pecamos demais e tentar evitar este tipo de erro. Capacidade para vencer este jogo nós sabemos que temos”, afirmou o ala-pivô Guilherme Giovannoni. “No fim das contas é um jogo que decide muita coisa. Temos que esquecer o que ficou para trás porque não adianta mais nada”.