Em fase sabática, Bábby troca basquete pela família e se arrisca no mundo da moda
Oito anos depois de sua chegada à NBA, Rafael Araújo está afastado do basquete. Grande promessa brasileira no início dos anos 2000, o gigante de 2,11 m que ficou conhecido como Bábby se cansou da rotina de atleta e procurou novos rumos para sua vida. Com 31 anos, deu um tempo do esporte que o projetou para curtir sua família e se arriscar como empresário.
OITAVO DO DRAFT, DECEPÇÃO NA NBA
O bom desempenho de Bábby no basquete universitário dos Estados Unidos chamou a atenção das equipes da NBA. Selecionado pelo Toronto Raptors, o pivô foi a oitava escolha do draft de 2004 - a melhor colocação de um brasileiro na história da seleção.
As coisas, porém, não deram certo para Bábby na liga norte-americana. Teve desempenho ruim em seus dois primeiros anos na NBA, ganhou pouco espaço na franquia canadense e ainda viu o gerente geral dos Raptors ser demitido por ter apostado nele no draft.
“O diretor que me selecionou foi mandado embora e o técnico [Sam Mitchell] não escalava calouros. Fiquei 40 partidas sem jogar”, que lamenta ter sido escolhido pelos Raptors. “Podia ter sido o 10º ou o 12º [do draft]. Alguma equipe iria me escolher, pois estava indo muito bem”.
Em 2006, foi trocado por Kris Humphries e Robert Whaley com o Utah Jazz, chegou a ter bons momentos nos playoffs, mas não impressionou. Com o término de seu primeiro contrato na NBA, o pivô não foi procurado por nenhuma equipe e deixou os Estados Unidos.
“Quando o contrato acabou, me disseram que não poderiam pagar meu salário sem ultrapassar o teto salarial do time. Business decision, fazer o quê? Nos jogos que entrei, provei que podia ter jogado lá. Mas a melhor coisa que tem é o orgulho de ter jogado na NBA”, comentou Bábby, que guarda como troféu as camisas das equipes da liga norte-americana que defendeu.
“Estava meio para baixo, treinando sem vontade, com a cabeça em outras coisas. Preocupado, a cabeça não funciona. Você precisa jogar em paz, com a vida estabilizada. Precisava dar uma refletida na minha vida. Morei fora muito tempo e nunca parei para curtir minha filha, minha mulher”, disse o pivô.
Bábby está longe das quadras desde dezembro de 2011, quando rescindiu seu contrato com o Franca. Permaneceu morando na cidade do interior paulista, mas nunca mais frequentou os jogos. Basquete, apenas pela televisão e pela internet, por onde se mantém informado pelos resultados na NBA e do NBB.
Durante toda sua conversa com UOL Esporte, Bábby fez questão de rebater rumores de que tenha deixado as quadras por influencia da mulher Vivian. O pivô também negou problemas de relacionamento com jogadores e comissão técnica de Franca, mas admitiu ter pouco contato com os integrantes da equipe do interior paulista.
“Foi uma decisão minha, não veio da família. Às vezes as pessoas falam que sou influenciado por alguém, mas não é verdade. Estava em uma rotina que vinha desde os 14, quando comecei na base do Corinthians. Morei nos Estados Unidos, na Rússia. Nisto passam-se 11 anos e você viveu apenas basquete, não construiu mais nada. Para mim, este é o momento de organizar a vida para ir para a reta final. Este é o objetivo agora”, afirmou o pivô.
Formado em pedagogia pela BYU, onde brilhou no basquete universitário dos Estados Unidos entre 2000 e 2002, Bábby tem planos de trabalhar com crianças em um futuro próximo. Pretende utilizar seus conhecimentos para montar um centro de treinamento e realizar clínicas de basquete para jovens atletas.
Além de curtir a mulher e a filha de apenas 1 ano e nove meses, Bábby tem aproveitado sua fase sabática para se arriscar em uma outra área. O pivô lançará em abril sua própria grife, a B66, que produzirá roupas casuais e artigos voltados para a prática esportiva. A esposa é a responsável pelo design das peças e pela divulgação da nova marca.
“Esta experiência empresarial está sendo muito boa para mim. Busco manter a minha cabeça ocupada. Mesmo afastado do basquete, tenho me mantido atarefado com outras coisas”, contou Bábby, que também tornou-se sócio e garoto propaganda de uma academia.
OS 10 PRIMEIROS DO DRAFT 2004
Escolha | Atleta | Equipe Atual |
1ª | Dwight Howard | Magic |
2ª | Emeka Okafor | Hornets |
3ª | Ben Gordon | Pistons |
4ª | Shaun Livingston | Bucks |
5ª | Devin Harris | Jazz |
6ª | Josh Childress | Suns |
7ª | Luol Deng | Bulls |
8ª | Rafael Araújo | Sem time |
9ª | Andre Iguodala | Sixers |
10ª | Luke Jackson | Hapoel (ISR) |
Franca foi o terceiro time de Bábby desde que voltou ao basquete brasileiro em 2009. Passou por Flamengo e Paulistano, foi eleito o melhor pivô da primeira edição do NBB, mas acabou atrapalhado por várias lesões e viveu atritos com dirigentes de ambas as equipes - problemas que influenciaram diretamente seu desempenho dentro de quadra.
Mesmo feliz com sua nova rotina, Bábby afirma não ter se aposentado do basquete. Nos momentos de ‘abstinência’ do esporte que o projetou, o pivô mata a saudade com os vídeos de suas partidas pela BYU, onde viveu a melhor fase da carreira e chamou a atenção das equipes da NBA.
“Claro que penso em voltar, converso com a minha mulher sobre isso todos os dias. Outro dia me deu vontade de assistir aos meus jogos no universitário. Tenho muitos CDs, de todas as partidas”, comentou Bábby, que foi sondado pelos clubes argentinos Regatas Corrientes e Union Formosa. “Recebo propostas da Argentina toda semana, tem uns times do México interessados também. Minha vontade é permanecer no Brasil, já passou minha idade de jogar no exterior. Mas não quero estabelecer nenhum prazo para voltar a jogar”.
* Viajou a convite da organização do NBB
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