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Novo brasileiro da NBA evita holofotes e quer fugir de "marketing do black power"

Pivô carioca, de 2,13m e 20 anos de idade, durante apresentação no Atlanta Hawks  - Divulgação/MPC Rio
Pivô carioca, de 2,13m e 20 anos de idade, durante apresentação no Atlanta Hawks Imagem: Divulgação/MPC Rio

Patrick Mesquita

Do UOL, em São Paulo

04/07/2013 06h00

Lucas Bebê saboreia cada segundo após ter sido escolhido para entrar na NBA. Ainda sem dormir direito após ser selecionado no draft da liga, que aconteceu na última semana em Nova York, o brasileiro do Atlanta Hawks admite que até o momento não “caiu a ficha” e aos poucos se acostuma com a ideia de entrar para o principal campeonato do basquete mundial. No entanto, mesmo sendo um novato, personalidade e estilo são coisas que não faltam ao garoto.

Ainda pouco conhecido no cenário nacional, ele roubou a cena logo em sua primeira aparição como iniciante da liga. Com um vasto “black power”, Lucas teve dificuldades para colocar o boné da equipe que o escolheu e arrancou risadas do público presente. A situação foi apontada por muitos comentaristas como o ponto alto do evento e rapidamente se tornou arma de marketing no Atlanta Hawks.

A equipe publicou um vídeo em seus perfis nas redes sociais destacando a cabeleira do brasileiro e o sorriso fácil que estampou o rosto do pivô durante a apresentação oficial. Mas, mesmo satisfeito com a publicidade, Lucas garante que pretende fugir do rótulo por conta do penteado e quer ser reconhecido apenas pelo basquete demonstrado.

“Achei bacana como brincaram com isso do meu cabelo. E é a minha marca registrada mesmo. Acho que meu cabelo e meu sorriso podem até ajudar, mas quero ser conhecido e respeitado pelo meu basquete, conquistar a todos com o meu jogo, acho que é a melhor resposta”, disse o carioca em entrevista ao UOL Esporte.

A “decisão” do pivô vai em direção contrária ao marketing que é feito pelo Cleveland Cavaliers com o também brasileiro Anderson Varejão há alguns anos. A franquia de Ohio aproveitou a vasta cabeleira do astro e fez uma estratégia para ganhar dinheiro com o penteado, criando uma “noite das perucas”, quando os torcedores usam o acessório em homenagem a Varejão.

Nascido em São Gonçalo (RJ), Lucas também demonstra personalidade ao falar das expectativas criadas sobre ele. O carioca foi o 16º atleta escolhido por um clube e se tornou o terceiro brasileiro melhor colocado no evento, atrás apenas de Nenê Hilário, que entrou como sétimo escolhido em 2002, e Baby, oitavo em 2004. Mesmo ciente do feito, o pivô nega qualquer tipo de pressão pela boa colocação no Draft e pela expectativa criada pela equipe da Geórgia.

“Na verdade, entrar na NBA já faz com que a responsabilidade aumente, cria uma expectativa grande e estou ciente disso. Não me sinto pressionado, sei que vou ser cobrado, o que é natural, como venho sendo cobrado nos últimos anos, mas sou muito exigente comigo, sou quem mais cobra de mim”, analisa o garoto de 2,13m, que inicialmente foi draftado pelo Boston Celtics, mas acabou envolvido em uma troca já prevista e acertou com o Atlanta Hawks..

Apesar de toda a expectativa gerada e do marketing sobre seu nome, Lucas ainda não sabe quando fará parte efetivamente da NBA. Com contrato vigente até 2015 com o Asefa Estudiantes, da Espanha, o pivô deve ter sua situação definida nos próximos dias e até se esquiva ao comentar o tema.

“Isso é algo que não está decidido ainda. E essa decisão está nas mãos dos meus agentes, eles sabem o que é melhor para mim e vão resolver isso com as equipes. Não é algo que depende apenas da minha vontade. Quero o que for melhor para mim”, diz o pivô, que admite ainda não ter conhecido a nova cidade e nem os companheiros de equipe no time norte-americano. 

Caso consiga entrar na liga já na próxima temporada, Lucas já tem um bom plano para quebrar as dificuldades na adaptação. Fã de Kobe Bryant, Kevin Durant e LaMarcus Aldridge, o pivô deve ignorar os ídolos no primeiro momento e se espelhar mesmo nos brasileiros que atuam na NBA. Conversas com Nenê, Anderson Varejão, Tiago Splitter e Leandrinho Barbosa serão fundamentais para que o carioca quebre as dificuldades de adaptação ao estilo de vida e de jogo nos Estados Unidos.

“Ainda não conversei com ninguém, mas quero falar com eles, sim, ouvir conselhos e dicas de quem já passou por esse processo de adaptação, de Draft. Quero estar bem preparado para a NBA”, afirma. 

VEJA O VÍDEO FEITO PELOS HAWKS PARA LUCAS BEBÊ