Ex-técnicos do Brasil "aceitam" derrota para Jamaica e isentam Magnano
Eles tinham ingredientes para serem os maiores críticos de Rubem Magnano nesta quarta-feira após a vexatória desclassificação da Copa América de basquete. Mas “absolveram” o argentino e adotaram um discurso polido. Hélio Rubens e Lula Ferreira, os dois últimos técnicos da seleção brasileira, procuraram não apontar culpados para os resultados ruins.
Os dois treinadores foram os últimos brasileiros que comandaram a equipe antes das entradas de Magnano e de seu antecessor, o espanhol Moncho Monsalve. A dupla nacional teve que ouvir durante seu período e até após deixarem o cargo o discurso de que o Brasil precisava de um técnico estrangeiro em função da defasagem tática que a classe enfrentava no país.
Mas o resultado ruim de Magnano não os fez dispararem críticas ao seu trabalho ou ao fato de um gringo ter assumido o comando do time. O argentino não foi apontado como o culpado pela desclassificação.
“O Brasil tem técnicos competentes e o Magnano é um excelente técnico, com experiência internacional. Os fundamentos são os mesmos, os conceitos é que mudam. Acho que vale trazer estrangeiro, é fase, um novo momento. A pergunta é essa: todos no Brasil estão assumindo o mal momento? Direção da CBB, jogadores que não foram...? Como é o relacionamento entre comissão técnica e jogadores?”, falou Hélio Rubens, técnico da seleção no Mundial de Indianápolis, em 2002.
“Técnico de seleção não é questão de nacionalidade, mas de competência. O intercâmbio é sempre bem-vindo. É óbvio que um técnico com o currículo dele só traz benefícios. Campeão olímpico, vice-campeão-mundial. Inegavelmente melhora. Naquele momento que o Brasil vivia turbulência interna, e a vinda de um estrangeiro era uma saída inteligente. Agora não podemos interromper um ciclo. Um resultado internacional acontece”, opinou Lula, técnico durante o Mundial de 2006, no Japão.
Hélio Rubens disse ter discordado de alguns métodos do argentino durante o torneio, mas fez a crítica de maneira ponderada. Não aprovou as constantes substituições durante os jogos. “O Magnano acho que fez um revezamento constante independentemente se o cara estava bem ou não, não concordo com isso. Mas são critérios. Quando o vem o resultado é normal falar que era melhor isso ou aquilo.”
Ambos dizem que não se pode fazer uma caça às bruxas e afirmam que a má campanha foi consequência de uma soma de fatores. Colocaram como uma das causas a evolução de alguns países na modalidade e que a derrota para a Jamaica não é algo impossível dentro do contexto atual.
“Eu acho que esses resultados inesperados acontecem. Foi o pior resultado da história do Brasil visando Mundiais. Outro aspecto que tem que se r analisado é que o basquete evoluiu no mundo inteiro. Ninguém imaginava que Uruguai e Jamaica poderiam estar neste nível técnico. O Brasil ainda é uma potência mundial. O Brasil é favorito contra a Jamaica, mas pode perder. Acontece”, disse Hélio.
“Eu acho que o resultado ruim em ma competição internacional depende de vários fatores pontuais, como gama de jogadores que se tem pra convocar, quem vai estar disponível. Depois, o estado físico de cada um, o sistema de disputa de competição. É uma somatória de coisas e tudo isso acabou sendo desfavorável. No mundo do esporte, todos os países evoluíram. O Brasil nunca perdeu da Jamaica, mas uma hora acaba perdendo”, disse Lula.
Magnano culpa ausências
Após a derrota para a Jamaica técnico Rubén Magnano não poupou palavras aos jogadores que pediram dispensa da seleção brasileira masculina. Visivelmente emocionado, o treinador dividiu a culpa pelo histórico vexame na Copa América com os atletas que pediram para não defender o time nacional na competição continental.
"Os maiores responsáveis pelo que está acontecendo, em primeiro lugar sou eu. A segunda responsabilidade é de todos aqueles caras que deveriam estar aqui e não estiveram. Há muitos caras que teriam que estar aqui e não estiveram representando seu país, deixando a gente praticamente na mão", criticou Magnano, em entrevista ao Sportv.
O Brasil sofreu com as dispensas na Copa América, com sete jogadores pedindo para não disputar a competição. Nenê, Leandrinho, Anderson Varejão e Marquinhos alegaram lesões. Tiago Splitter optou por tirar férias. Já Lucas Bebê e Vitor Faverani preferiram negociar com times da NBA a defender o time nacional.
Com isso, o país levou uma seleção enfraquecida para o torneio continental, principalmente no garrafão. O resultado foram quatro derrotas, 0% de aproveitamento e eliminação ainda na primeira fase, com direito a reveses contra seleções fracas como Jamaica e Uruguai. Sem obter classificação pela primeira vez, agora o Brasil depende de um convite para ir ao Mundial.
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