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Morre cestinha da final olímpica mais polêmica da história do basquete

Sergei Belov durante a decisão das Olimpíadas de 1972 entre União Soviética e EUA - Popperfoto
Sergei Belov durante a decisão das Olimpíadas de 1972 entre União Soviética e EUA Imagem: Popperfoto

Das agências internacionais

De Moscou

03/10/2013 08h39

O principal pontuador daquela que é considerada a final mais polêmica da história do basquete olímpico, Sergei Belov, morreu nesta quinta-feira, aos 69 anos. Belov anotou 20 pontos na decisão entre sua União Soviética e os Estados Unidos, em Munique-1972, que acabaria com vitória soviética por 51 a 50 após lance dos mais controversos da história do esporte.

Belov, membro do Hall da Fama da Fiba e do Hall da Fama do basquete (o mesmo para o qual Oscar foi induzido em setembro - Belov foi o primeiro não-americano a entrar no seleto clube), era o camisa 10 da seleção soviética naqueles Jogos. Ele morreu nesta quinta em razão de uma doença não divulgada, mas que já o afetava há anos. 

Considerado um dos principais jogadores de basquete da história, Belov é dono de currículo invejável: um ouro e três bronzes olímpicos;  dois ouros, uma prata e um bronze em Mundiais; quatro ouros, duas pratas e um bronze em Campeonatos Europeus; e melhor jogador do Mundial de 1970.

Além disso, em eleição realizada pela Fiba que decidiu os 50 melhores jogadores de basquete da história além da NBA, foi votado com o melhor de todos os tempos. Nas Olimpíadas de 1980, em Moscou, ele foi o responsável por acender a tocha olímpica.

A polêmica final

A decisão do basquete nas Olimpíadas de Munique, em 1972, é considerada por muitos o jogo mais polêmico de toda a história. Apesar dos 20 pontos de Belov, a União Soviética estava atrás dos EUA por 50 a 49 quando faltavam três segundos para o final do jogo.

Quando Doug Collins chutava o lance livre que daria a vantagem aos EUA, o sinal do ginásio tocou, indicando que a União Soviética havia pedido tempo. Porém, a arbitragem liderada pelo brasileiro Renato Righetto, não parou a partida.

A bola, assim, teria que ser colocada em jogo pelos soviéticos imediatamente após a cesta dos EUA. O passe foi para Belov, que tentava avançar para a quadra de ataque até que o árbitro brasileiro parou a partida com um segundo no cronômetro.

Assim, uma confusão se iniciou em quadra, com os soviéticos exigindo  que o tempo fosse dado a eles. Após muita discussão, o tempo foi negado – porém, como foram muitos minutos de demora, o técnico soviéticos aproveitou para tramar uma jogada para tentar ganhar o jogo em três segundos, apesar do jogo ter sido parado quando faltava um segundo apenas.

A União Soviética aproveitou e colocou em quadra Ivan Edeshko, que estava no banco, apesar de substituições estarem proibidas naquele momento já que, na teoria, o lance reiniciaria em “movimento”, sem o jogo ter parado.

A arbitragem permitiu a irregularidade e Edeshko arriscou um passe diretamente para o garrafão do outro lado da quadra, onde Aleksandr Belov, xará de Sergei. Só que o cronômetro apontava 50 segundos. O passe deu errado e o jogo, na teoria, havia acabado com o ouro para os EUA. Só que a arbitragem, então, viu que o relógio estava errado e mandou voltara jogada pela segunda vez.

Desta vez, a jogada deu certo e Aleksandr Belov conseguiu anotar a cesta do título soviético. A seleção dos EUA não subiu ao pódio e jamais os jogadores receberam as medalhas de prata, em protesto.

  • Alexsandr Belov (e) e Dwight Jones disputam bola durante final polêmica entre URSS e EUA nas Olimpíadas de 1972