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Nenê 'paz e amor' abandona cara feia e faz as pazes com torcida no Brasil

Pivô Nenê voltou a ser ovacionado pela torcida em um jogo da seleção no Brasil - Flavio Florido/UOL
Pivô Nenê voltou a ser ovacionado pela torcida em um jogo da seleção no Brasil Imagem: Flavio Florido/UOL

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

03/08/2014 06h00

Em outubro de 2013, Nenê entrou na Arena da Barra da Tijuca para acompanhar a primeira partida da NBA no Brasil e foi vaiado de maneira que nem os jogadores em quadra entenderam. A cada vez que aparecia no telão ou tinha o nome anunciado, xingamentos tomavam conta do ginásio. Até mesmo o ex-jogador Oscar reforçou o caro das arquibancadas aquele que "sempre virou as costas para a seleção", segundo palavras do próprio.

Quase um ano depois, o pivô do Washington Wizards e da seleção brasileira voltou a um ginásio no seu país. Novamente no Rio de Janeiro. Desta vez, porém, sem vaias ou ofensas. Pelo contrário. Nenê foi o jogador mais festejado antes, durante e depois da vitória sobre a Argentina no último sábado, no Maracanãzinho, durante a decisão de um torneio amistoso preparatório para o Mundial da Espanha.

E a estratégia adotada para reverter o cenário desfavorável em 2013 foi das mais simples: no lugar da cara amarrada e do silêncio, o sorriso no rosto. Ao contrário do último ano, Nenê atendeu fãs e jornalistas com muita paciência e brincou com todos que passavam em sua frente.

"Vai, Pará, não fica com vergonha. Sei que você quer tirar uma foto, chega aqui", disse o jogador a um segurança do ginásio que parecia envergonhado ao ver o ídolo.

"Calma aí, pessoal. Vou falar com a turma aqui, segura um instante", disse a amigos e familiares, que o chamavam para ir embora enquanto ele atendia a pedidos de fotos e autógrafos.

Em quadra, os acenos para a torcida eram corriqueiros, bem como os gritos de incentivos vindo das arquibancadas. A cena que parecia impossível há um ano se tornou normal no jogo vencido pela seleção com grande ajuda do pivô - 10 pontos e sete rebotes.

"Esse é o verdadeiro público do basquete. Fico muito feliz, sei que tenho meu valor aqui. O momento agora é outro. Temos que jogar por eles. Isso nos ajuda a fazer uma boa preparação e chegar bem no Mundial", comentou Nenê.

E a mudança de astral era percebida até pelos companheiros. "Ele está feliz e nós também gostamos de ver isso. É bom receber o carinho da torcida em um momento de preparação para uma competição tão importante", comentou Anderson Varejão.

A paz retomada na relação entre Nenê e torcida tranquilizou até a Confederação Brasileira de Basquete. Diretoria da entidade e comissão técnica se preocupavam com uma possível nova rejeição ao jogador por conta das recusas passadas em defender o time nacional. Mas não foi assim dessa vez. E pelo menos não deverá ser das próximas. Pelo menos até uma nova briga no conturbado casamento entre o camisa 13 e os fãs brasileiros.

Bem dentro e fora de quadra, Nenê é um dos pilares da seleção brasileira na competição que se inicia no próximo dia 30, na Espanha, e vai até 14 de setembro.
O Brasil estreia no torneio contra a França, no Palácio Municipal de esportes da cidade de Granada. O time de Ruben Magnano ainda jogará contra Irã (31 de agosto), Espanha (1º de setembro), Sérvia (3/09) e Egito (04/09) na primeira fase.