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NBA estuda vetar seus atletas em seleções após fratura de astro dos EUA

Do UOL, em São Paulo

04/08/2014 09h32

A fratura sofrida pelo ala Paul George em amistoso dos Estados Unidos pode provocar muito mais que um desfalque na seleção norte-americana para o Mundial. Proprietários e executivos das equipes da NBA se movimentam nos bastidores e articulam um movimento para tentar vetar que os jogadores da liga possam atuar por suas equipes nacionais.

O principal argumento é que as equipes da NBA pagam fortunas aos atletas, que correm risco desnecessário de lesões atuando por suas seleções. Os dirigentes também alegam que os próprios jogadores recebem valores irrisórios para atuar pelas equipes nacionais e que os valores pagos de seguro não compensam a ausência de um astro lesionado.

“Proprietários e gerentes gerais unidos nesta noite: lesão de Paul George pode ser o ponto final no uso de estrelas em partidas internacionais. ‘Divisor de águas’, me disse um dirigente”, postou o jornalista Adrian Wojnarowski, um dos mais influentes na cobertura de basquete nos Estados Unidos.

A rede CBS também consultou diversos dirigentes da NBA, que preferiram não se identificar. Todos, porém, foram unânimes em dizer que trabalham unidos nos bastidores para tentar criar mecanismos que impeçam a presença dos atletas da liga nas seleções nacionais.

“Os proprietários são os únicos que ficam com todos os riscos. Os jogadores não têm nenhum risco, por isso que jogam. Se você dissesse que teriam que comer seu contrato [com a NBA se sofressem lesão pela seleção], você não veria nenhum cara jogando”, afirmou um cartola da Conferência Oeste.

Paul George deve ficar fora de toda a próxima temporada da NBA. Ainda assim, receberá quase US$ 17 milhões em salários do Indiana Pacers. O prejuízo maior da franquia, porém, será dentro de quadra, já que o ala é seu principal jogador. Substitui-lo neste momento seria praticamente impossível.

Atualmente um acordo assinado entre NBA e Fiba obriga a liga norte-americana a ceder seus jogadores às seleções nacionais. As equipes só podem vetar a participação dos atletas em caso de lesão, como ocorreu com o argentino Manu Ginobili, proibido pelo San Antonio Spurs de disputar o Mundial devido a uma microfratura na tíbia.

Publicamente, apenas o proprietário do Dallas Mavericks Marc Cuban se manifestou sobre o assunto, atacando a Fiba e o Comitê Olímpico Internacional. “Quando consideramos os eventos Fiba/Olimpíada perguntamos quem tem que pagar. Jogadores = não. NBA = não. Fiba/COI = sim. Perguntem às pessoas que fazem dinheiro conosco o que pensam”, escreveu o dirigente no Twitter.

Já o presidente do Indiana Pacers, Larry Bird (membro do Dream Team dos Estados Unidos nas Olimpíadas de 1992) evitou entrar em polêmica . “Ainda apoiamos a federação americana e acreditamos nas metas da NBA de divulgação do nosso jogo, nossos times e jogadores ao redor do mundo. Foi uma lesão infeliz, mas que poderia ter ocorrido a qualquer hora, em qualquer ligar”, minimizou o dirigente.

Novo comissário da NBA, Adam Silver se pronunciou após a lesão de George e afirmou que não está em estudo uma mudança nas relações com a Fiba. Proprietários das franquias, porém, afirmam nos bastidores que o assunto será levado à pauta na próxima reunião dos dirigentes em setembro.

Após as Olimpíadas de Londres-2012, o então comissário geral da NBA David Stern defendeu a utilização de apenas atletas sub-23 nos Jogos, como acontece no futebol. A ideia, porém, enfrenta resistência no Comitê Olímpico Internacional, que defende a valorização do basquete com a presença dos grandes astros nas principais competições.

Caso não consigam alterar o acordo com a Fiba, os dirigentes das equipes da NBA já se preparam para atuar na outra ponta. Estudam incluir cláusulas contratuais que façam com que os atletas assumam o risco de defender suas seleções, podendo ter seus salários cancelados durante o período de lesões. Também cogitam excluir os jogadores contundidos em torneios da Fiba das contas do teto salarial máximo que as franquias precisam respeitar.