Magic Johnson faz 55: ele já salvou a NBA e virou ícone na luta contra HIV
Existem jogadores que se tornam ícones do esporte que praticam. Seus feitos, suas jogadas e seus títulos fazem com que eles virem lendas. Atletas realmente capazes de fazer mágica dentro e fora das quadras. Earvin Johnson, que completa 55 anos nesta quinta-feira (14), é assim. Não foi à toa que ele conquistou o apelido de “Magic”. Além de vários títulos, quebra de recordes e lances inesquecíveis, mudou a história do basquete e se tornou um exemplo para gerações.
Foram cinco títulos da NBA com o Los Angeles Lakers, três prêmios de melhor jogador da temporada, três troféus de MVP das finais, 12 participações em Jogos das Estrelas. Fez parte de um esquadrão que contava com lendas como Kareem Abdul-Jabbar e James Worthy e que entrou para a história com seu jogo bonito e vencedor, apelidado de “Showtime”.
Porém os números, apesar de impressionantes, não são suficientes para dimensionar a importância de Magic Johnson para a história do basquete. Sua chegada à NBA é considerada pela imprensa especializada dos Estados Unidos como um divisor de águas, responsável por salvar uma liga que andava mal das pernas.
Magic foi a primeira escolha do draft de 1979 e trouxe do basquete universitário uma rivalidade com outro jogador que se tornaria uma lenda: Larry Bird, a quem derrotou na final da NCAA. A NBA vivia um momento difícil, de baixo interesse do público e finais que sequer vinham sendo transmitidas para a televisão.
A rivalidade entre Magic e Bird incendiou a NBA. Noite a noite, os dois esmagavam rivais e superavam seus próprios números. Um era extravagante, negro, jogava no time de Hollywood. Outro era sisudo, branco, atuava pela cidade dos ‘colarinhos azuis’. Contrastes que mobilizaram torcedores, lotaram ginásios e culminaram com eletrizantes duelos. Foram nada menos que três finais entre eles, com dois triunfos dos Lakers e um dos Celtics.
“Todo jogo, todo dia, todo placar. Me certifiquei de que não se distanciasse de mim, tinha que mantê-lo a vista. Se ele conseguisse um triplo-duplo alto, tinha que conseguir um triplo-duplo alto. Se fizesse um grande jogo em rebotes, talvez 20, tinha que conseguir 20 assistências. Tinha que jogar cada noite para me manter no páreo com Larry Bird. Arremessar 300 ou 400 bolas por dia, porque sabia que ele estava fazendo a mesma coisa”, disse Johnson.
Além dos duelos contra Bird, Magic ainda acumulava feitos que assombravam a todos. Como quando foi eleito MVP das finais em 1980, em sua primeira temporada na NBA. Armador, atuou improvisado como pivô no jogo que definiu o título dos Lakers e anotou nada menos que 42 pontos, 15 rebotes e sete assistências.
Em 1991, ainda estava no auge. Havia sido eleito o melhor jogador da NBA na temporada anterior. Era apontado por muitos como o maior de todos os tempos. Mas uma notícia bombástica mudou completamente o rumo de sua carreira. Magic descobriu ser portador do vírus HIV e, por recomendação médica, abandonou o basquete.
O caso chocou o mundo, mas Johnson mostrou fora das quatro linhas a mesma coragem que mostrou dentro de quadra. Passou a colaborar com entidades assistenciais, como o Comitê Norte-americano de AIDS e o Fundo Colegial Negro Unido. Ele também escreveu um livro sobre sexo seguro e abriu uma série de cinemas nas cidades de Atlanta e Los Angeles.
Seu afastamento das quadras, porém, não durou muito. Integrou o Dream Team dos Estados Unidos nas Olimpíadas de 1992. Escolhido pelo público para o Jogo das Estrelas de 1992, participou da festa, foi eleito MVP e viu que ainda poderá jogar. Seu retorno à NBA, porém, encontrou resistência nos próprios atletas. Sem informação, muitos acreditaram que poderiam se contaminar no convívio com Magic. Abalado, optou por deixar novamente o esporte alguns jogos depois.
O adeus definitivo, porém, viria apenas em 1996. Naquela temporada, decidiu “se aposentar em seus próprios termos”, como diria mais tarde. Seu retorno fez os Lakers vencerem 29 dos últimos 40 jogos da temporada regular e se classificar para os playoffs, onde seriam posteriormente eliminados.
No aniversário de cinqüenta anos da NBA, Johnson foi escolhido para integrar a seleção dos melhores de todos os tempos da Liga. Em 2002, foi eleito para o Naismith Memorial Hall of Fame, o Hall da Fama do basquete mundial.
Hoje, “Magic” trabalha como empresário em diversos seguimentos e segue sua luta contra o HIV. Além de um exemplo dentro de quadra, onde mudou a história do basquete e se tornou um mito, Johnson virou também uma referência fora dela, ao mostrar como um portador do vírus da Aids pode levar uma vida normal e feliz.
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