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Argentina vê Brasil favorito no basquete. Mas o carrasco está do lado deles

Luis Scola arremessa para a Argentina na derrota para a Grécia na Copa do Mundo de Basquete - CRISTINA QUICLER / AFP
Luis Scola arremessa para a Argentina na derrota para a Grécia na Copa do Mundo de Basquete Imagem: CRISTINA QUICLER / AFP

Do UOL, em São Paulo

05/09/2014 06h00

A seleção brasileira de basquete tem chance de obter uma vingança no próximo domingo (07), quando enfrentará a Argentina em duelo válido pelas oitavas de final do Mundial que está sendo disputado na Espanha. Uma grande chance, aliás: até jogadores da equipe alviceleste jogam favoritismo para o outro lado. A condição dos brasileiros, pouco usual no histórico recente do confronto, só tem um enorme empecilho: Luis Scola estará presente. E os números recentes mostram que isso é muita coisa.

No Mundial de 2010, o Brasil dirigido por Moncho Monsalve tinha uma defesa consistente e quase derrotou os Estados Unidos. Nas oitavas de final, porém, essa competitividade não conseguiu barrar Scola. O pivô anotou 37 pontos e foi o principal artífice da classificação argentina.

Scola já havia sido o grande nome da Argentina em duas vitórias sobre o Brasil no Pré-Olímpico de 2007, em Las Vegas. Desde 2002, ano em que a seleção dele conquistou o vice-campeonato mundial, o Brasil só conseguiu triunfos importantes contra o pivô em na Copa América de 2009 e no Pré-Olímpico de 2011 (ainda assim, com 32 pontos de Scola).

A construção de Scola como carrasco do Brasil, contudo, foi alicerçada em outros nomes fundamentais para o sucesso do basquete da Argentina. O pivô integrou a geração que conquistou o ouro olímpico em Atenas-2004, que também tinha nomes como Manu Ginobili, Fabricio Oberto e Juan Ignacio “Pepe” Sánchez.

Prova disso é que Scola não brilhou na última vitória expressiva da Argentina sobre o Brasil. As duas seleções se encontraram nas oitavas de final dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, após fase de classificação muito similar ao panorama atual – o Brasil passou em segundo, e a Argentina ficou com a terceira posição da chave.

Naquele jogo, o Brasil dirigido pelo argentino Ruben Magnano montou um esquema para impedir que Scola jogasse. O pivô teve vida difícil, agravada pela disputa intensa do jogo – ao contrário do que aconteceu em muitos momentos anteriores, as duas seleções estavam praticamente completas –, mas marcou 17 pontos.

E o que mudou de lá até aqui? Para começar, a Argentina não tem duas de suas principais estrelas. Machucados, Ginobili e Delfino, dois jogadores que disputam a NBA (liga profissional de basquete dos Estados Unidos), não estão no Mundial.

Além disso, a Argentina teve desempenho claudicante na fase de grupos do Mundial. A seleção sul-americana perdeu para Croácia e Grécia e teve apenas a sétima campanha na classificação geral.

O Brasil, em contrapartida, teve a quarta melhor campanha da fase de grupos e perdeu apenas para a Espanha, que joga em casa. O time de Magnano, impulsionado pelo grupo de atletas da NBA (Leandrinho, Anderson Varejão, Nenê e Thiago Splitter), tem a terceira melhor defesa do torneio (333 pontos sofridos, número que só foi superado por Espanha e Lituânia).

“O Brasil está jogando um grande basquete. Este é o melhor ano deles, e eles são favoritos”, resumiu o ala Andrés Noccioni. “Vamos lutar, mas sabemos que eles têm vantagens e que contam com um grande jogo de garrafão”, completou.

O técnico da Argentina, Julio Lamas, também enalteceu a seleção brasileira: “Chegamos às oitavas de final com expectativa e desejo de ganhar, mas sabemos que teremos um grande rival. Será a partida mais importante do torneio até aqui”.

A campanha do Brasil no Mundial é superior em praticamente todos os quesitos. A Argentina, que lida com desfalques, ainda tenta encaixar seu jogo à velocidade dos armadores Campazzo e Laprovíttola. Não são poucos os motivos para justificar a análise de Noccioni.

Por outro lado, a Argentina tem Scola. Com média de 21,6 pontos por jogo, o pivô é o segundo maior cestinha do Mundial – perde apenas para JJ Barea, de Porto Rico, com média de 22 pontos. Ele ainda é o sexto maior reboteiro do torneio (44 no total).