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Destaque improvável dos EUA no Mundial luta para defender mães homossexuais

Faried enterra durante jogo do Mundial - Josep Lago/AFP Photo
Faried enterra durante jogo do Mundial Imagem: Josep Lago/AFP Photo

Do UOL, em São Paulo

11/09/2014 06h05

Pouco badalado, subvalorizado até mesmo dentro da NBA, dono do salário mais baixo entre os cinco titulares da seleção dos Estados Unidos no Mundial de Basquete da Espanha. e defensor da causa homossexual. Este é Kenneth Faried, ala-pivô da seleção americana, que às 16h (de Brasília) desta quarta-feira enfrenta a Lituânia no Palau Sant Jordi, em Barcelona (ESP) em busca da passagem à final da competição.

Conhecido como “Manimal” , contração da palavra inglesa man (homem) e animal, Faried só costuma mostrar seu lado mais selvagem dentro de quadra. Fora deles, se uniu à causa gay e mostrou-se defensor do casamento entre homossexuais. Isso porque o jogador foi criado por duas mulheres, a mãe biológica e sua esposa. Ele, inclusive, fez um vídeo  sentado ao lado de ambas no qual apoia a união entre as pessoas do mesmo sexo. A gravação, realizada em 2013 virou um sucesso no You Tube,com mais de 300 mil visualizações.

“Ninguém pode dizer que não tenho duas mães, porque eu realmente tenho. Eu apoio o casamento homossexual porque dá a gays e lésbicas o direito de fazerem a escolha do que acham correto”, diz em trecho do vídeo.

Quando o pivô Jason Collins assumiu que era gay, ele foi um dos primeiros a manifestar apoio publicamente por meio de seu perfil no Twitter.

Conhecido também por sua vasta cabeleira, Faried não era a primeira, nem a segunda opção do técnico Mike Krzyzewski para a disputa do Mundial. Blake Griffin e Kevin Love tinham vantagem na disputa. Porém, após pedirem dispensas, não deixaram outra opção ao treinador a não ser a de apostar no jovem de 24 anos e 2,03m de altura. E o risco assumido vem rendendo dividendos maiores do que o esperado.

Após sete partidas dos EUA no torneio, Faried aparece como o segundo maior pontuador da equipe. Com média de 13 pontos por partida, está apenas atrás de Anthony Davis, que tem 13,7. Nos rebotes, porém é dominante. Com 8,1 por jogo, lidera as estatísticas da equipe e é o nono entre todos os atletas que disputam a competição.

“Ele é a maior surpresa. Se transformou em um jogador muito importante para nossa equipe. Ele joga com uma grande energia e vai muito bem para os rebotes. Joga duro todos os segundos. Não temos nenhum tipo de jogada preparada para ele, mas mesmo assim faz seu jogo e faz seus companheiros jogarem”, disse Krzyzewski.

“Jogo basquete. Pratico o esporte que amo. Cresci amando este jogo e cresci vendo este garotos jogando muito duro. Tenho este estilo enérgico porque amo muito este esporte”, disse Faried, que disputa apenas a sua primeira competição oficial pela seleção americana.

Jogador do Denver Nuggets desde 2011, quando foi a 22ª escolha do draft, Faried ainda possui um contrato de novato. Isso explica seus baixos rendimentos anuais comparados a outros astros desta equipe, como Derrick Rose, Stephen Curry e James Harden. Os US$ 2,3 milhões (R$ 5,7 milhões) que receberá na próxima temporada da NBA só supera o US$ 1,3 milhão (R$ 3 milhões) que receberá Mason Plumlee, o mais “pobre” entre os 12 americanos que estão na Espanha em busca do título mundial.

Por conta de suas atuações, Faried surge como candidato a MVP e vai conseguindo calar muitos críticos, como o jornalista americano Zach Lowe, que classificou o ala pivô como “um atleta que não pode arremessar , que sofre muito defensivamente e tem enormes dificuldades para proteger o aro”.

“Não sei se estou calando ou não os críticos. Vim para cá apenas para jogar basquete e praticar o esporte que amo”, disse, sem criar polêmica.