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Iziane não está mais na seleção de basquete. Mas ainda acha que teria lugar

Iziane não joga uma competição oficial pela seleção desde o Pan de Guadalajara - Jefferson Bernardes/VIPCOMM
Iziane não joga uma competição oficial pela seleção desde o Pan de Guadalajara Imagem: Jefferson Bernardes/VIPCOMM

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

24/09/2014 14h03

Apontada como uma das jogadoras mais talentosas do basquete feminino brasileiro após a geração de Paula, Hortência e companhia, Iziane não tem mais esperanças de defender a seleção Brasileira. Sem jogar uma competição pela equipe nacional desde 2011, os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, a ala de 32 anos de idade não se vê mais como uma integrante do time verde e amarelo. Desde que o técnico Luiz Augusto Zanon assumiu o comando do time, em março de 2013, ela jamais ganhou uma oportunidade. Nem para amistosos foi convocada. O Campeonato Mundial da Turquia, que terá início no sábado, ela acompanhará apenas pela televisão.

“Eu acho que meu ciclo está encerrado,  mesmo porque devem manter o mesmo técnico até a Olimpíada (de 2016). Tirando um primeiro contato que tivemos logo depois que ele assumiu, jamais conversamos de novo. Ele não me chamou para a Copa América (de 2013), nem para o Mundial. Não tem porque do nada ele me chamar”, disse Iziane, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Em 2012, dias antes da estreia nos Jogos Olímpicos de Londres, Iziane foi cortada da delegação por estar com seu namorado no hotel da seleção na cidade de Lille, onde o time fazia a última série de jogos amistosos. Para ela, porém, isso não é um fator determinante para não ter tido mais oportunidades.

“Não levei meu namorado para a concentração como muitos dizem. Ele estava hospedado no mesmo hotel. Mas não acho que esteja pagando por isso até hoje. Não sei o porquê de ele (Zanon) não ter me chamado”, afirmou.

Renegada pelo treinador, Iziane não demonstra mágoa em suas palavras. Porém, sem papas na língua, garante que teria totais condições de estar entre as 12 jogadoras que jogarão na Turquia. Do elenco brasileiro, apenas Adrianinha, Érika e Damiris já disputaram um Mundial. As outras nove atletas são estreantes. A renovação é uma estratégia do treinador e da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) visando a uma melhor preparação para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Para as alas, Zanon levou Joice Coelho (21 anos), Isabela Ramona (20), Patrícia Ribeiro (23), Tatiane Nascimento (23) e Jaqueline Silvestre (28).

“Sei o meu valor. Sou uma das melhores jogadoras do Brasil, tenho condição de representar o país, mas foi uma opção do técnico.  Foi este grupo que ele quis colocar junto.  Eu poderia estar na seleção Brasileira, pois ainda tenho nível. Posso ser velha, veterana, mas jogo muito basquete.  A última liga feminina provou que sou top. Claro que a renovação é importante, mas a seleção também precisa de jogadoras experientes e ativas”, afirmou a ala.

Iziane disputou a última edição da Liga de Basquete Feminino (LBF) pelo Maranhão e foi a segunda principal cestinha do torneio, com média de 15,44 pontos por partida. Sua equipe chegou à semifinal, fase na qual acabou eliminada pelo Sport Recife. No primeiro jogo do playoff em melhor de três, Iziane sofreu uma ruptura parcial do tendão do tornozelo esquerdo e uma fratura no calcâneo. Por conta disso, não firmou contrato com nenhuma equipe da WNBA, a liga americana de basquete feminino.

Por falar em Estados Unidos, foi lá que Iziane viveu a melhor fase de sua carreira, entre os anos de 2007 e 2010, quando foi uma das principais jogadores do Atlanta Dream. Em 2010, inclusive, foi uma das principais cestinhas da liga, com média de 16,9 pontos por partida.

Em que pese ter sido deixada de fora, Iziane garante que torcerá por uma boa campanha da seleção e acompanhará todas as partidas pela televisão.

“Tem muitas jogadoras na equipe que são minhas amigas e sempre torcerei para o bem do meu esporte. Espero que a seleção vá bem. Pretendo mandar mensagens de apoio durante o campeonato, mas também vou cobrá-las”, afirmou a jogadora.

A reportagem procurou Zanon para ele explicar a opção por não chamar mais Iziane, mas não conseguiu localizá-lo. Desde sábado, o treinador está com a seleção em Ancara se preparando para a estreia no Mundial, que acontece às 15h15 do próximo sábado, contra a República Tcheca.