Dieta da moda enxuga astros da NBA, mas especialistas fazem ressalvas
Popular entre artistas e celebridades norte-americanas, a ‘dieta das cavernas’ - a dieta paleolítica - chegou com força ao universo da NBA. Astros como LeBron James e Carmelo Anthony, conhecidos por seu físico vigoroso, chocaram o mundo ao surgirem nas férias com um visual bem mais ‘enxuto’. Outros nomes importantes da liga como Kobe Bryant, Dwight Howard, Derrick Rose e Steve Nash também adotaram a nova alimentação.
Será que esta mudança repentina traz realmente benefícios? Ou ameaça de alguma forma a saúde ou desempenho dos jogadores? Para responder estas perguntas, o UOL Esporte consultou especialistas para saber como a moda da dieta paleolítica pode afetar a próxima temporada da NBA.
E os torcedores podem ficar tranquilos, pelo menos ao que diz respeito aos efeitos na saúde dos atletas. A dieta paleolítica prega que os adeptos se alimentem como os homens das cavernas de 40 mil anos atrás. Ou seja, apenas com o que puder ‘coletar’. Nada de produtos industrializados ou cereais, como arroz, feijão, milho ou trigo. Porém, traz como alternativas para uma alimentação balanceada, com ofertas adequadas de proteínas, carboidratos e vitaminas, sem qualquer risco à saúde pela falta de algum componente.
“Uma alimentação pautada em alimentos naturais como frutas, vegetais, tubérculos e raízes, ovos, oleaginosas, peixes e carnes magras fazem parte dos princípios de uma alimentação saudável”, afirmou a nutricionista Deborah Masquio, especialista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Um ponto positivo ainda deste tipo de dieta é a exclusão de sal refinado e açúcar de adição, e de alimentos industrializados”.
O ponto que mais espantou nos casos dos astros da NBA foi a grande perda de peso em um período curto. Em quatro meses, LeBron James perdeu mais de 10 kg. Para o endocrinologista Paulo Zogaib, porém, não é algo anormal. Médico do Esporte Clube Pinheiros, ele ressalta que a dieta é mais eficiente quando está no início e que ainda é comum que os atletas percam peso durante o período de descanso.
“Todo atleta tem um decréscimo muscular quando entra em férias e perde peso. É o chamado detreinamento. É um pouco natural. E em atletas como LeBron e Carmelo, que têm uma massa muscular absurda, a tendência é maior”, disse Zogaib.
“Praticamente todas as dietas criadas ou inventadas têm efeito importante nos primeiros meses de adoção, porque você muda completamente o funcionamento do metabolismo e isso ocasiona perda de peso importante, porque o organismo ainda não se adaptou. A medida que o tempo passa, ele vai se adaptando e essas dietas vão perdendo o efeito”, completou.
Por se tratar de atletas de alto rendimento, porém, os especialistas alertam para a necessidade de ingestão de carboidratos em grandes quantidades. A dieta prevê que, através de tubérculos e frutas, este componente seja suprido pela dieta. Porém, pode não ser suficiente, já que corta do cardápio outra fonte fundamental, os cereais.
“Uma coisa é o atleta fazer a dieta durante o período de descanso. A outra é durante a temporada, enquanto está treinando e jogando”, disse Zogaib. “O carboidrato é o combustível dos atletas. O que tentamos durante o período de competições é manter esses estoques cheios, com uma dieta rica em carboidratos. Se o atleta não quiser comer cereais, terá que aumentar consideravelmente a ingestão de tubérculos”.
“As baixas quantidades de carboidratos consumidas na dieta paleolítica pode gerar impacto negativo na saúde, na qualidade e vida e no desempenho esportivo”, concordou Masquio. “A manutenção e o ganho de massa muscular dependem de uma ingestão de carboidratos, proteínas e gorduras em proporções recomendadas. Se a alimentação for caracterizada por baixas quantidades de carboidratos, pode ocorrer consequentemente alteração na massa muscular destes atletas”.
Um dos motivos alegados pelos atletas para a adoção da dieta paleolítica está na busca por maior agilidade dentro de quadra. Os especialistas concordam que a perda de peso pode ajudar os jogadores a se deslocarem mais rapidamente, mas alertam para o risco de perda de massa muscular neste processo.
“A ideia da agilidade vem da melhora da relação força-peso. E isso está relacionado a uma diminuição da gordura corporal. A própria massa muscular pode ter infiltrado algo gorduroso, não é só a banha do tecido adiposo. Mas o fato de perder massa muscular não é interessante a um atleta, ela tem que ser desenvolvida”, comentou Zogaib.
“O peso pode influenciar na agilidade e no deslocamento, mas a redução na massa muscular é um dos fatores que influenciam força e rendimento”, opinou Masquio. “Além disso, baixos estoques de glicogênio muscular (estoque de carboidrato do organismo proveniente dos carboidratos) podem comprometer movimentos de explosão e rapidez”.
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