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Ela calça mais do que LeBron e não se destaca só pelo tamanho no Mundial

Brittney Griner - Divulgação/Fiba - Divulgação/Fiba
Brittney Griner enterra em jogo contra a China no Mundial
Imagem: Divulgação/Fiba

Do UOL, em São Paulo

03/10/2014 06h00

Aos 23 anos, Bittney Griner faz no Mundial da Turquia sua primeira aparição pela seleção americana em uma competição oficial. Mas o fato de ser a segunda mais jovem do grupo e a segunda principal pontuadora da poderosa equipe americana na competição não é o que a faz se destacar das demais. A pivô chama mesmo a atenção pelo seu porte físico, pelo que é capaz de fazer com a bola e por sua opção sexual: ela já assumiu ser lésbica.

Apesar da pouca idade, Brittney mede 2,03m, tem uma envergadura de 2,02m e calça tênis tamanho 51 (17 nos Estados Unidos), medida superior a de grandes astros da NBA, como LeBron James, que mede os mesmos 2,03m e calça 48, e Kobe Bryant, que tem 1,98m e usa calçados número 47. Não bastasse isso, ela é capaz ainda enterrar, um fundamento bastante raro no jogo feminino.

Na abertura do Mundial, contra a China, no último sábado, ela cravou a bola com uma mão só, enquanto era apenas observada pelas adversárias. Segundo informações da Fiba (Federação Internacional de Basquete), ela foi a primeira atleta a executar o movimento na história da competição. Na Olimpíada de Londres, em 2012, na qual Brittney não esteve presente, a australiana Liz Cambage havia dado uma enterrada contra a Rússia.

As enterradas fazem parte da rotina de Brittney há muito tempo. Ela se destaca pelo fundamento desde que atuava no colégio. Em sue último ano na high school (equivalente ao Ensino Médio brasileiro), ela deu 52 enterradas em 32 partidas, registrando o recorde de sete em uma delas. Na NCAA (campeonato universitário) tornou-se apenas a sétima a mulher e enterrar e, em 2013, em seu primeiro ano na WNBA (liga profissional americana) conseguiu duas cravadas logo em seu jogo de estreia pelo Phoenix Mercury.

Apesar de os atributos físicos lhe ajudarem muito a se destacar (foi a primeira escolha do Draft da WNBA no ano passado), eles já lhe incomodaram muito, principalmente quando era mais jovem e tinha de lidar com o bullying dos colegas de classe.

“‘Eu não fui sempre adorada. Sempre tive pé grande, mãos enormes e não tenho uma voz suave, mas eu gusto dela e é isso que importa. Eu gosto de ser diferente, mas sempre me incomodavam dizendo que eu era um homem. Mas não me importei com isso e consegui alcançar meus sonhos e objetivos. Mas sempre procuro passar às gerações mais novas para não cometerem bullying. Não é correto com as pessoas e não ajuda ninguém”, disse Brittney em entrevista à ESPN americana em abril do ano passado.

Sem se preocupar com o que os outros pensam, em 14 de agosto, a jogadora publicou em seu perfil no Instagram uma foto na qual pedia em casamento a também jogadora da WNBA Glory Johnson, que atua no Tulsa Shock.

“A última noite foi inesquecível. Eu me tornei a pessoa mais feliz do planeta. Eu e meu bebê @misvsol25 (Glory Johnson) estaremos juntas por toda a vida”, escreveu Britnney.

A homossexualidade nunca se provou um obstáculo para Brittney em sua carreira esportiva. Ela sempre foi tida como uma das jogadoras mais destacadas de sua geração e foi acompanhada de perto por Geno Auriemma, técnico da seleção americana. Em 2008, quando ainda estava na universidade foi chamada para participar da seletiva para a seleção sub-18, mas pediu dispensa por conta de problemas de saúde em sua família.


Em 2011, acompanhou a seleção adulta em um tour pela Europa e era dada como nome certo para integrar a equipe na Olimpíada de Londres. Porém, às vésperas da competição, foi obrigada a pedir dispensa para cumprir obrigações estudantis com a Universidade de Baylor e também por conta de uma séria doença de sua mãe. Para este Mundial, Britnney chegou a ser dúvida novamente, por conta de um problema no olho, que a tem obrigado a jogar com um óculos protetor. Durante as finais da WNBA, em agosto, ela sofreu uma lesão na retina e foi obrigada a operar. Assim só decidiu-se juntar ao time americano em cima da hora, após receber liberação total dos médicos.

“Eu estava preocupada com meu olho, honestamente. Tive uma colega de time que perdeu a visão jogando basquete no colégio, então quis ter certeza que não tinha mais nenhum problema, queria muito jogar com a seleção americana”, afirmou.

Depois de três jogos, ela é a segunda maior anotadora dos Estados Unidos na competição, com média de 13,3 pontos por partida, e a maior reboteira da equipe, com média de oito por jogo.

“Ela sempre se coloca em ótimas situações para pontuar, encontrando espaços na defesa, fazendo arremessos de média distância, atacando o aro”, resumiu a ala Maya Moore.

Em tempo. Apesar de disputar sua primeira competição pela seleção americana, Brittney já possui em seu currículo o título da WNBA em 2014, duas seleções para o All-Star Game e o prêmio de melhor defensora de 2014. No basquete universitário, obteve ainda um título e diversas premiações individuais.