Longe das quadras, Hélio Rubens vira empresário e vô coruja
Há pouco mais de um ano, Hélio Rubens, de 74 anos, deixava o banco ao lado da quadra onde atuou por anos como técnico. Demitido do Uberlândia, ele vive hoje em Franca, cidade natal onde surgiu para o basquete. Desempregado, passa o tempo ajudando os filhos e curtindo o neto Benício, de 2 anos.
O treinador conversa muito sobre basquete com o filho, o jogador Helinho, e auxilia as filhas, Ana Beatriz e Ana Helena, com uma franquia de uma empresa de estética na cidade de Franca.
“As minhas filhas me mandam mensagem falando de fazer isso e aquilo e eu respondo: cadê meu salário?”, brinca Hélio sempre com um sorriso ao falar dos negócios que ressalta ser das duas. “Essa franquia é um fenômeno, está sempre lotada. E se quisermos, temos prioridade para abrir outra aqui na cidade. Também comprei uma agência dos Correios”, comenta.
Helinho também está em Franca. Defende o tradicional clube da cidade. Hélio Rubens tem uma previsão para o filho. Vai ser treinador. “Converso muito com o Helinho, dos bastidores do basquete. Helinho é diferente, quer ir fazer curso na NBA de treinador. Ele vai ser treinador. As pessoas já falam para ele ser, mas ele ainda não quer parar de jogar”.
A todo momento a conversa sobre basquete é interrompida de maneira amorosa para citar algum dos filhos ou o neto. Como quando lembra do que fazia quando Helinho era criança.
“Venha aqui ver. Esse aro eu ensinava o Helinho a arremessar. O que ele não sabia é que deixei o aro menor para que ficasse mais difícil. Aqui ele errava, mas quando ia para o treino, acertava todas. Depois ele descobriu e falou que eu sacaneei ele”, relembrou o pai no quintal da casa com uma gargalhada.
O contato é realmente muito próximo. Helinho sempre está perto do pai, as filhas também estão quando podem.
Na casa de Hélio Rubens onde recebeu o UOL Esporte, em Franca, a sala de troféus do campeão divide espaço com a foto do neto. “Olha ali o meu netinho. É a coisa mais linda. Ele fala que quer jogar basquete. Esse vai ser jogador. Vai para a seleção brasileira”, ressalta.
E a afirmação vem acompanhada das provas. Hélio faz questão de mostrar nas fotos como Benício leva jeito. “Ele estava jogando a bola de qualquer jeito e falamos que ele tinha que flexionar o joelho. Olha o resultado”, mostra o treinador a foto do pequeno com os joelhos arrumados para o arremesso ainda não muito certeiro.
A mulher Maria Helena também vive com Hélio Rubens em Franca. Ela nunca opinou sobre a carreira do marido e ainda não opina. Ninguém o faz de maneira pesada. Hélio Rubens quer voltar ao basquete, mas tem o seu tempo, não tem pressa.
“Todo mundo acha que me aposentei, mas não. Eu recebo convites da Argentina, da Venezuela. O Eurico Miranda me quer no Vasco, mandou falarem comigo antes mesmo de ser eleito. Tem um projeto para o time voltar ao NBB. Para o Vasco, eu volto. Uns tempos atrás concluíram que eu tinha me aposentado. Jamais”, diz fazendo suspense e sem tirar o sorriso do rosto. “Mas não posso divulgar muito para que não fiquem me ligando. Me ligam muito querendo saber quando vou voltar”, completa.
No basquete, hoje, Hélio Rubens faz o seu trabalho nos bastidores do Franca. Faz parte do conselho gestor que tenta salvar o time de uma grande crise e também ajuda com os jogadores. “O Lula (Ferreira, técnico) gosta que eu vá falar, incentivar, eu converso muito com os jogadores”, conta. "Minha mulher é muito amiga da dona do Magazine Luiza e também pedimos para patrocinar o time", explicou.
Hélio não fica cansado do período fora das quadras. Não quer parar, não se desespera para voltar. Tem a experiência que transmite no vestiário, que incentiva, que cobra. "Uns dois anos para voltar? Não, se o Vasco conseguir voltar para a Liga, não dá nem isso", alerta. Mas, por enquanto, Hélio Rubens só quer ser o vovô e o pai Hélio.
*A repórter Karla Torralba viajou a convite do Bradesco
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