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'Tiozão' nos Warriors, Leandrinho exalta união e conta como calou críticos

Leandrinho em ação na final da Conferência Oeste, contra o Houston -  Ronald Martinez/Getty Images/AFP
Leandrinho em ação na final da Conferência Oeste, contra o Houston Imagem: Ronald Martinez/Getty Images/AFP

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

04/06/2015 12h00

De todos os jogadores que fazem parte do elenco do Golden State Warriors, nenhum é mais velho ou tem mais temporadas jogadas na NBA do que o brasileiro Leandrinho, de 32 anos. Isso já seria o suficiente para tornar a sua presença na final da liga americana algo especial. Mas sua trajetória ao longo dos dois últimos anos dá um sabor extra para a decisão que começa nesta quinta-feira contra o Cleveland Cavaliers. A primeira partida da série em melhor de sete será às 22h (de Brasília).

Até o ano passado, Leandrinho era dado como morto para a NBA. Após sofrer uma grave lesão no joelho em 2013 e passar por cirurgia, não encontrou time nos Estados Unidos e teve de voltar ao Brasil para defender o Pinheiros na temporada 2013/2014 de NBB. Depois de alguns meses, foi para o Phoenix Suns, mas não conseguiu empolgar.

Não teve seu contrato renovado, e seu agente teve de sair ao mercado. Conseguiu um acordo com o Golden State para receber USS 1.148.490 milhão por ano ( cerca R$ 3,48 milhões). Mal sabia o brasileiro, que jogaria no melhor time e ficaria tão perto de ganhar seu primeiro título. Uma recompensa e tanto para quem desfila o talento pelas quadras americanas há 12 anos.

“Desde que cheguei ao Warriors, ouvi muita coisa. A desconfiança era grande, mas eu soube fazer o meu trabalho sem me deixar abater por isso. Sempre soube que era capaz de ser decisivo de novo e dar minha volta por cima. Não vou falar que foi fácil, porque não foi. Mas com trabalho duro e sacrifício, tudo se torna possível”, disse em entrevista ao UOL Esporte.

Apesar de demonstrar certa mágoa em suas palavras, Leandrinho é só felicidade no momento. Afinal, antes desta temporada havia batido na trave em outras três oportunidades, quando defendia o Phoenix Suns.

“A (sensação) é  a melhor possível, de ter alcançado um dos maiores sonhos da minha vida. Agora quero fechar tudo isso com chave de ouro, com o título!”, disse Leandrinho, que não se importa com o seu papel de coadjuvante na equipe que teve a melhor campanha da temporada regular.

“Tenho conseguido manter minha evolução constante. Jogando mais minutos, dando minhas assistências, fazendo pontos importantes, ajudando na defesa. Felizmente, meu jogo encaixou bem no time também. Espero que possamos continuar rendendo bem e valorizando a força do nosso jogo coletivo”, disse o brasileiro, que nos playoffs tem ficado em quadra 11 minutos por jogo, registrando média de 4,9 pontos.

Leandrinho - AP Photo/David J. Phillip - AP Photo/David J. Phillip
Imagem: AP Photo/David J. Phillip

Mas o papel de Leandrinho vai muito além do desempenhado em quadra. Com tanta bagagem nas costas, é também uma espécie de mentor para Stephen Curry e Klay Thompson, os famosos “Splash Brothers”. É em ambos que reside a esperança dos Warriors de conquistar o primeiro título desde 1975.

“Apesar de serem mais jovens, eles também me ensinam muito. É lógico que eu procuro passar mais da minha experiência para eles, por tudo que já vivi no basquete. Mas eles são caras extremamente inteligentes e fáceis de lidar. Conversamos bastante para que um possa ajudar o outro, com dicas, conselhos, motivações. Juntos, tenho a plena certeza de que  nos tornamos muito mais fortes”, afirmou.

Leandrinho também se diz bem adaptado à vida em Oakland e exalta o clima de amizade que existe no elenco, segundo ele um grande diferencial.
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Imagem: Ronald Martinez/Getty Images/AFP

“Nosso grupo todo é uma verdadeira família para todos. A gente brinca bastante entre si, mas na hora de falar sério todos sabem como agir. A relação é muito boa com todos, à base de amizade e respeito. Certamente é um dos melhores times onde joguei. Aqui vivo um dos melhores momentos da minha carreira e uma das maiores experiências da minha vida, sem dúvidas”, disse.

“Temos grandes jogadores, uma excelente técnico, uma torcida fantástica, funcionários extremamente competentes. Acho que essa conjuntura de virtudes nos transformou no grande time que somos hoje. Soubemos passar pelos obstáculos e seguir nosso planejamento rumo aos nossos objetivos. Mas ainda não tem nada ganho. Queremos fechar a temporada com nosso grande objetivo, que é o título”, completou.

À disposição da seleção
Apesar da temporada desgastante da NBA e a possibilidade de atuar até o dia 19 de junho – data de um eventual sétimo jogo da decisão -, Leandrinho já se colocou à disposição para defender a seleção brasileira no Pré-Olímpico do México, entre os dias 31 de agosto de 12 de setembro. Caso a Federação Internacional de Basquete (Fiba) não garanta vaga direta ao país nos Jogos Olímpicos de 2016, o time nacional precisará assegurar em quadra um dos dois postos do continente.

“Estou à disposição da Seleção. Vou me preparar para estar bem fisicamente para que possa representar novamente meu país. Encontrei com o Magnano aqui nos EUA e tivemos uma conversa muito boa. Espero poder ajudar nas próximas competições com a camisa da Seleção”, finalizou.