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Tentativa de suicídio, bipolaridade e falência: a queda de um astro da NBA

Do UOL, em São Paulo

27/02/2016 06h00

No último dia 20, Delonte West, ex-companheiro de LeBron James no Cleveland Cavaliers, foi visto por um torcedor andando descalço e maltrapilho pelo estacionamento de um restaurante de Houston. Depois, apareceu dançando aparentemente desorientado. As imagens chocaram muita gente, mas são só mais um capítulo de uma vida conturbada. Um adolescente que se cortava e cogitou o suicídio várias vezes chegou à NBA, foi diagnosticado com transtornos bipolares e viu sua fortuna de R$ 35 milhões virar pó.

Escolhido pelo Boston Celtics na primeira rodada do draft de 2004 da NBA, West chegou à elite do basquete depois de flertar com a morte. Alvo de bullying na infância, apostou no esporte como saída. Mas uma lesão o afastou das quadras por alguns meses na adolescência e o levou a morar com o pai numa zona rural.

Deprimido e querendo atenção, como ele definiu em entrevista ao The Washington Post, passou a se cortar frequentemente e a tomar remédios cujos nomes nem sabia pronunciar. Foi parar em hospitais infantis e desejou a morte. Pensou como seria o suicídio diversas vezes. Em uma noite, no entanto, decidiu que faria de tudo para ser jogador de basquete profissional. Conseguiu.

Foram oito anos na NBA. Defendeu times como Boston Celtics, Seattle Supersonics, Dallas Mavericks e Cleveland Cavaliers. Foi companheiro de LeBron James e conta que o ala o ajudou uma vez. “Ele sentou comigo durante uma hora no vestiário e me deu conselhos. Não sei o que teria acontecido se não fosse essa conversa”, resumiu West ao Northwest Ohio Media Group.

Mas também foi LeBron James um dos envolvidos na maior polêmica de sua carreira. Boatos se espalharam em Cleveland sugerindo que West tinha mantido um caso com a mãe de LeBron. Para piorar, seu primeiro casamento terminou. Ingredientes perfeitos para West ter uma crise emocional que o afastou do basquete por algumas semanas e, como a história mostrou, que marcou o início de sua queda.

Dois anos antes, West foi diagnosticado com transtorno bipolar ao ter um surto de raiva contra a marcação de um árbitro durante uma brincadeira. Nessa época, admitiu sofrer com o problema havia anos. Passou a ter acompanhamento médico e voltou à NBA, mas duas suspensões fizeram os Mavericks dispensá-lo, em 2012. Uma condenação por portar três armas carregadas aumentou o drama.

À essa altura, West já havia praticamente liquidado os US$ 16 milhões (cerca de R$ 35 milhões na cotação da época) que ganhou na carreira. Parte do dinheiro usou para ajudar a família comprando casas e pagando estudos. O restante foi gasto em mais de 20 carros e uma mansão de oito quartos, piscina e ótima localização.

A mansão, inclusive, tornou-se um símbolo de sua decadência. Ao lado da segunda esposa, Caressa Madden, morava num imóvel milionário, mas não tinha dinheiro para consertar o sistema de aquecimento. Comprou aquecedores portáteis e esquentava a água no fogão para que a mulher, grávida, pudesse tomar banho quente.

O pedido de casamento foi feito com um pedaço de corda que ele achou na garagem, cortou e amarrou no dedo de Caressa. “Estou falido, o aquecimento está quebrado e minha cabeça não funciona direito, mas eu te amo”, repetiu West ao recordar a cena em entrevista ao jornal The Washington Post em 2015. Nessa época, ele morava na casa de um familiar dormindo em uma cama dobrável. Foi uma das últimas aparições públicas contada em detalhes antes das imagens preocupantes do último dia 20.