"Apoio a intervenção na CBB. Está na hora de limpar tudo", diz Splitter
Já faz quase dez dias que a Federação Internacional de Basquete (Fiba) suspendeu a Confederação Brasileira (CBB). E desde então o silêncio impera. A entidade não se manifesta, tampouco o Comitê Olímpico do Brasil (COB) ou o Ministério do Esporte. Os atletas a falar foram poucos e nenhum jogador brasileiro NBA havia se manifestado sobre o assunto.
Isso até a noite de terça-feira. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte por telefone, o pivô Tiago Splitter falou sobre o tema e apoiou a atitude tomada pela Fiba de punir a CBB. Ele vê uma intervenção da entidade máxima como uma forma de ajudar o basquete nacional a começar a sair do buraco em que está.
"Apoio o que a Fiba está fazendo. Apoio a intervenção e limpar tudo", disse o jogador do Atlanta Hawks.
"Quero também que mudem o estatuto que é o que muitos não querem que aconteça. Tem que ter alguém na confederação que saiba gerenciar, alguém que saiba de basquete, de negócio e até alguém que tenha dinheiro. A situação é muito complicada", prosseguiu.
"A solução imediata não é tão fácil. Agora é momento de todo mundo pensar e ver o que está acontecendo. O sistema é antigo. Não é simplesmente colocar um outro presidente. Vir um outro da velha guarda que está aí há tempos. O problema é maior" analisou o atleta.
Apesar de ver como fundamental no momento uma intervenção da Fiba, o pivô se mostra cético com o futuro imediato do basquete brasileiro ainda que a punição seja revista em reunião da entidade marcada para o dia 28 de janeiro. Neste dia, se votará pelo fim ou não do gancho que entre outras coisas impede clubes nacionais e seleções de participarem de competições internacionais.
"Não acho que ficará assim por muito tempo. Fiba, COB e Ministério vão achar solução. Aliás, vão achar um band-aid. Não vai ter solução definitiva, vão tapar o buraco. Ninguém vai pensar no futuro do basquete brasileiro, infelizmente. Se pensassem assim, seria diferente", afirmou.
Críticas à gestão de Carlos Nunes
Splitter também analisou a gestão de Carlos Nunes, iniciada em 2009, e a reprovou. Para ele, o atual mandatário da CBB não fez uma boa governança, e é o responsável direto pela dívida que chega a R$ 17 milhões e a consequente suspensão.
"Todo mundo sabe de como foi a gestão do Carlinhos, todo mundo sabe que não foi boa. São muitas dívidas e muitas coisas duvidosas. O Carlinhos não teve uma boa gestão. Teve problemas com patrocinadores, não sobe cuidar deles", disparou.
"Ele sempre foi muito ausente e quando falava, só falava que tinha problema. Ele nunca foi cara de aparecer e falar com a gente (jogadores). Não quero citar nomes, mas sempre teve gente na CBB buscando o melhor, pessoas honestas", disse.
O pivô também criticou o silêncio adotado pelo presidente desde o anúncio da suspensão. Uma entrevista coletiva marcada para a última sexta-feira foi cancelada e Nunes não respondeu às insistentes mensagens e ligações feitas pela reportagem.
"Me incomoda o silêncio, me incomoda. Eu me importo com o que está acontecendo", completou.
Jogador reconhece que atletas da NBA pouco fizeram
Sincero, Splitter reconheceu que ele e os outros atletas mais experientes da seleção que atuam na NBA (casos de Anderson Varejão, Leandrinho, Marcelinho Huertas, Nenê) pouco fizeram nos últimos anos para mudar a situação.
"Temos ideias e temos opinião. Mas concordo que fizemos pouco até agora para pressionar a CBB e pressionar a Fiba. Talvez pela situação, por estar em meio de campeonato, por querer jogar Mundial e Olimpíada. Agora é o momento. Agora que está tudo revirado é hora de ter voz ativa. Concordo que é o momento e também concordo que deveríamos ter feito mais no passado", reconheceu.
Para o pivô, os jogadores precisam ter apoio no campo político para poderem pressionar a CBB, a exemplo do que aconteceu na Argentina. Em 2014, um grupo liderado por Luis Scola ameaçou não jogar o Mundial caso não houvesse auditoria na confederação e mudanças no comando. A manifestação levou à saída de Germán Vaccaro e o início de um processo de reestruturação.
"Podemos ter poder dentro do basquete. Mas precisamos ter poder político. Scola e Ginóbili tinham este poder, tinham muito poder. Não temos este poder no Brasil, infelizmente. É algo que deveríamos pensar", concluiu.
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