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Astro argentino chega a 40 anos com legado que ajudou brasileiros na NBA

Manu Ginobili (à direita) em ação pelos Spurs nos playoffs deste ano - Eric Gay/AP
Manu Ginobili (à direita) em ação pelos Spurs nos playoffs deste ano Imagem: Eric Gay/AP

Do UOL, em São Paulo

28/07/2017 11h00

Nesta sexta-feira (28), Manu Ginobili completa 40 anos de idade dez dias após adiar a aposentadoria e renovar contrato com o San Antonio Spurs. Selecionado pela franquia texana na 57ª escolha do Draft de 1999, o ala-armador argentino é testemunha do legado que deixou para jogadores estrangeiros na NBA e que facilitou a entrada de brasileiros na liga profissional americana.

Antes de Ginobili chegar à NBA, eram selecionados no Draft apenas estrangeiros que já tinham conseguido destaque internacional. Levantamento feito pelo site americano "Pounding the Rock" mostra que os cinco jogadores escolhidos no recrutamento de calouros de 1998, ano interior ao início da ligação de Manu com os Spurs, chegaram à liga com currículo recheado.

O alemão Dirk Nowizki, selecionado em nono, havia anotado 33 pontos e 14 rebotes em jogo de prospectos estrangeiros contra americanos. O esloveno Rasho Nesterovic, 17º, era pivô titular do time que acabava de se tornar campeão da Euroliga. O turco Mirsad Türkcan, 18º, era tricampeão nacional em seu país, assim como o georgiano Vladimir Stepania, 27º. Por fim, o croata Bruno Sundov, 35ª, havia guiado sua seleção ao título de extinto campeonato internacional de base.

Por isso, a aposta dos Spurs em Ginobili ajudou a mudar a história dos estrangeiros na NBA. Quando foi selecionado no Draft, tinha 22 anos de idade, jogava pelo pequeno Viola Reggio Calabria, da Itália, e ainda não tinha conquistado títulos relevantes no basquete profissional.

Mas Ginobili foi selecionado por seu potencial, não por seu currículo. A aposta valeu à pena. O ala-armador, deixado pelos Spurs se desenvolvendo por mais três anos no basquete italiano, foi campeão da Euroliga em 2001 pelo Virtus Bologna. Pela seleção argentina, foi campeão olímpico em 2004. Pela franquia texana, foi campeão da NBA em 2003, 2005, 2007 e 2014.

O sucesso na aposta fez com que mais franquias passassem a apostar em jogadores estrangeiros. No Draft deste ano, por exemplo, 13 estrangeiros foram escolhidos: Lauri Markkanen, Frank Ntilikina, T.J. Leaf, OG Anunoby, Anzejs Pasecniks, Jonah Bolden, Isaiah Hartenstein, Dillon Brooks, Vlatko Cancar, Mathias Lessort, Aleksandar Vezenkov, Ognjen Jaramaz e Alpha Kaba. Quase três vezes mais do que em 1998, ano que antecedeu o recrutamento de calouros.

Desde que os Spurs selecionaram Ginobili em 1999, dez brasileiros foram escolhidos: Nenê, em 2002, Leandrinho, em 2003, Rafael “Bábby” Araújo e Anderson Varejão, em 2004, Marquinhos, em 2006, Tiago Splitter, em 2007, Fab Melo, em 2012, Lucas Bebê e Raulzinho, em 2013 e Bruno Caboclo, em 2014.

O caso de Caboclo é o mais simbólico. O ala brasileiro foi selecionado pelo Toronto Raptors na 20ª escolha do Draft de 2014 com apenas 18 anos de idade. Até então, o jogador tinha apenas 223,9 minutos como profissional, pelo Pinheiros, no NBB.

Aos 40 anos de idade, Ginobili está perto do fim de sua carreira na NBA. Carreira esta que permitiu que muitos estrangeiros pudessem sonhar com um começo.