Dívidas e fracassos em quadra enterram projeto do Vasco no NBB
"Eles tremem". Foi com este lema, proferido pelo ídolo norte-americano Charles Byrd - campeão pelo Vasco nos áureos tempos do clube no basquete - que o Cruzmaltino anunciou em 2016 o projeto para retornar à elite do esporte após 13 anos. Passadas três temporadas, porém, todo o planejamento foi enterrado após dívidas e fracassos em quadra que levaram à desistência da instituição no NBB.
Idealizado pelo ex-presidente Eurico Miranda, o projeto ganhou o apoio inicial da torcida, que estava saudosa dos tempos em que o Vasco - com uma verdadeira seleção - foi bicampeão brasileiro, bicampeão das Américas e chegou a disputar o mundial contra o San Antônio Spurs, tradicional equipe da NBA.
Através de um crowdfunding (financiamento coletivo - "vaquinha"), o ginásio de São Januário foi totalmente reformado e entregue para a equipe disputar a Liga Ouro, torneio de acesso para o NBB.
Com o título na competição, o Vasco voltou ao Novo Basquete Brasil e, na primeira temporada (2016/2017), se classificou para os playoffs na 9ª colocação e foi eliminado nas oitavas.
Na temporada seguinte (2017/2018), resolveu investir pesado. Com nomes como Guilherme Giovannoni, Fúlvio, Lucas Mariano, David Jackson, Nezinho, entre outros, esteve com uma das maiores folhas salariais do torneio, mas a força não se traduziu em quadra, classificando-se para os playoffs em 11º e novamente caindo nas oitavas.
Na temporada mais recente (2018/2019), já sob a administração Alexandre Campello, o Vasco resolveu diminuir os investimentos e os resultados em quadra foram trágicos. Sem sequer se classificar para os playoffs, a equipe terminou na penúltima colocação e se livrou do rebaixamento na última rodada.
Dívidas e ações trabalhistas
Um dos motivos para o fracasso do Vasco no retorno à elite do basquete brasileiro esteve na incapacidade de obter patrocínios que sustentassem individualmente a equipe no NBB. Com o clube atravessando grave crise financeira como um todo, salários atrasaram e as ações trabalhistas se acumularam. Ainda há, por exemplo, jogadores da primeira temporada do Novo Basquete Brasil com dinheiro a receber. O Cruzmaltino tem procurado acordo com os atletas.
A desistência
A continuidade do Vasco na próxima temporada do NBB esteve condicionada à obtenção de um patrocínio. O clube até conseguiu uma parceria com a operadora TIM, mas a diretoria decidiu por destinar estes recursos para as divisões de base do departamento de futebol.
Em nota oficial, o Cruzmaltino lamentou ter de tomar tal escolha, mas frisou que o clube atravessa um processo de "racionalização dos recursos financeiros".
VP entrega o cargo
Tão logo tomou conhecimento da decisão do Vasco de desistir do NBB, o vice-presidente de Quadra e Salão, Jorge Veríssimo, deixou o cargo.
Em seu blog, o dirigente explicou os motivos que o levaram a abandonar a pasta:
"(...)Durante quase pouco mais de um ano, tentamos trabalhar diariamente, sem descanso para o Departamento de Quadra e Salão, mesmo diante das muitas dificuldades que a atual situação financeira do Vasco proporciona.
Infelizmente, ano passado tivemos uma campanha pífia, fora do padrão e recheada de problemas financeiros e políticos. Este ano conseguimos uma reformulação na base e vínhamos com uma boa campanha e excelentes resultados.
Entretanto, dificuldades financeiras de última hora, fizeram um patrocínio certo se desvanecer como fumaça e obrigaram a Presidência do clube a optar pelo futebol de base, em detrimento do basquete adulto. Por este motivo, resolvi me afastar, pois nada sobraria de trabalho objetivo (...)".
O Vasco ainda não divulgou um novo nome para assumir a pasta.
Caminho mais simples em possível volta
Com a desistência, o Vasco não terá que "refazer todo o caminho" para voltar à elite do basquete brasileiro. Com o fim da Liga Ouro, divisão de acesso do NBB, basta o clube pedir o fim da licença para retornar à divisão principal.
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