Copa do Mundo de basquete: 5 motivos para entender a debandada dos EUA
A Copa do Mundo de Basquete começa desfalcada. Por fatores que transcendem o lado esportivo, os costumeiramente favoritos Estados Unidos iniciam a campanha em xeque. Convocados, James Harden, Anthony Davis e Damian Lillard abdicaram de disputar a competição e lideraram uma grande debandada de astros da NBA, que assistirão pela televisão à estreia de amanhã (1), contra a República Tcheca, a partir de 9h30 (de Brasília), em Xangai (China).
Entre as referências do elenco americano que tentam manter a hegemonia do país na quadra estão os armadores Donovan Mitchell (Utah Jazz) e Kemba Walker (Boston Celtics), que devem comandar a equipe em solo chinês. Outra aposta recai sobre o jovem Jayson Tatum, de apenas 21 anos, que teve um dos inícios de carreira mais promissores pelos Celtics, mas oscilou como segundanista.
Alguns fatores explicam a falta de nomes mais famosos na seleção americana comandada pelo renomado técnico Gregg Popovich, histórico nome do San Antonio Spurs. A distância, o mercado "maluco" de verão na NBA e a falta de atrativos distanciaram os maiores astros do basquete da competição na China. O UOL Esporte listou cinco motivos para Pop sofrer com muitos desfalques no elenco de 12 nomes.
Proximidade com a Olimpíada
Trata-se da prioridade dos americanos quando o assunto é jogar pela seleção. É algo cultural no país, enquanto o Mundial é visto por muitos como um campeonato secundário. A mudança do calendário da Federação Internacional de Basquete (Fiba) também não ajudou em nada nessa questão, deixando as competições em anos sucessivos. Já não é fácil convencer as estrelas da NBA abrir mão de algumas semanas de férias com a família e (muitos) compromissos comerciais. Fazer isso um ano após o outro? O recado foi dado agora: esqueçam.
Overdose asiática
Sacrificar as férias por dois anos seguidos parece impensável. Que a Copa e a Olimpíada sejam ambas disputadas em países asiáticos só deixaria a logística ainda mais insustentável. Ainda mais quando consideramos que seis franquias da NBA vão disputar amistosos de pré-temporada no continente: Brooklyn Nets, Houston Rockets, Indiana Pacers, Los Angeles Lakers, Sacramento Kings e Toronto Raptors.
De novo: nunca podemos subestimar também as turnês promocionais que os astros fazem pela própria China. Isto é: alguns deles poderiam ter até quatro viagens para lá.
Os EUA nunca foram campeões mundiais em solo asiático. Ficaram em quinto nas Filipinas-1978 e com o bronze no Japão-2006.
NBA: sem um grande favorito
Agora entramos, enfim, numa questão esportiva. A reformulação pela qual passa o Golden State Warriors, a saída de Kawhi Leonard de Toronto e toda a intensa movimentação de mercado em julho deixou a liga aberta como há muito não se via.
Diversos times vão abrir a temporada com a sensação de que podem brigar pelo título. Isso acelera o calendário interno de atividades. Para muitos atletas, não é hora de desviar a atenção.
A tendência é que os jogadores se reúnam para treinamentos informais antes da apresentação oficial do elenco na última semana de setembro. Lembrando que o Mundial termina no dia 15.
O dinheiro fala (muito) alto
A renovação por valores astronômicos com as emissoras de TV gerou aumento impressionante nos salários dos atletas. Segundo o site HoopsHype, sete franquias hoje têm folha salarial acima de US$ 130 milhões para a próxima temporada. Stephen Curry vai embolsar, sozinho, US$ 40 milhões - o maior salário da liga. James Harden e Russell Westbrook, que agora vão se reencontrar em Houston, vão ganhar US$ 38 milhões. Por aí vamos.
Com cheques tão valiosos já assinados, os times naturalmente ganham mais autonomia na hora de "convencer" seus atletas a desistir do Mundial. Muitas vezes por "razões pessoais". Assim, as grandes estrelas da liga mais famosa de basquete acabaram preterindo a ida para a China.
Da falta de urgência ao receio
Depois da penúria enfrentada entre 2002-06, o time restabeleceu sua hegemonia, ganhando as últimas três Olimpíadas e os últimos dois Mundiais. Então corre-se o risco de que, para as estrelas da NBA, esse processo esteja banalizado. Além do mais, se as negociações das últimas temporadas deixaram algo claro foi que os jogadores nunca se falaram tanto, nunca tramaram tanto para tentar ajeitar seus futuros.
Jogar pelos Estados Unidos, no fim, também é certamente um tópico de discussão. Não é certo pensar numa "panelinha", mas, a partir do momento em que os principais nomes da liga já deixaram claro que só pensariam em seleção em 2020, foi porteira aberta. A sucessão de pedidos de dispensa que até forçou Gregg Popovich a convocar atletas de última hora.
Diante deste cenário, o técnico da seleção brasileira, Aleksandar Petrovic, afirmou que França e Sérvia são os grandes favoritos, acima dos EUA.
As estrelas estão do outro lado
As maiores estrelas da competição, de maneira surpreendente, estão nas outras seleções. A Grécia, por exemplo, conta com o MVP Giannis Antetokounmpo como principal nome - o ala do Milwaukee Bucks se apresentou em alto nível nos amistosos de preparação e desembarca como favorito a grande destaque do torneio.
A Sérvia conta com a habilidade do pivô Nikola Jokic, craque do Denver Nuggets. O time europeu ainda conta com nomes importantes como Bogdan Bogdanovic (Sacramento Kings) e o gigante Boban Marjanovic, de 2,21m.
A França, por outro lado, tem o garrafão reforçado por Rudy Gobert, o melhor defensor da última temporada da NBA. A equipe também conta com o cestinha Nando de Colo, daqueles casos raros de jogador que recusou a liga americana por seguidas temporadas, preferindo seguir na Europa. É tido por muitos como o melhor do mundo fora do basquete dos EUA nos últimos anos.
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