Kobe: Órgão critica falta de obrigatoriedade de dispositivo de segurança
Outros dois acidentes com modelos parecidos ao helicóptero que caiu no último domingo (26) em Calabasas, na California, tirando a vida do ex-jogador do Los Angeles Lakers, Kobe Bryant, já tinham levado a National Transportation Safety Board (NTSB), órgão responsável pela segurança em transportes nos Estados Unidos, a solicitar à Federal Aviation Administration (FAA), que ordenasse a instalação de dispositivos de auxílio à prevenção de impacto (TAWS) em todos helicópteros. A FAA, no entanto, determinou instalação obrigatória apenas para helicópteros-ambulância e não para aeronaves comerciais.
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (28), a porta-voz da NTSB, Jennifer Homendy, trouxe à tona a disputa que se estendeu de 2006 a 2014, com a NTSB encerrando a discussão por classificar a falta de ação da FAA como "inaceitável".
Os dois acidentes comentados pela investigadora aconteceram em 2004, quando um S76-A caiu no Texas, vitimando 10 pessoas; e em 2005, quando um S76-C caiu no Mar Báltico, matando todos os 12 ocupantes. As investigações de ambos levaram à conclusão de que o TAWS (Terrain Awareness and Warning System) deveria ser mandatório para todas as aeronaves com rotor, novas ou já registradas no país, com capacidade para seis ou mais ocupantes.
O helicóptero S-76B de Bryant levava oito passageiros mais o piloto e deveria percorrer a rota entre o aeroporto John Wayne, em Orange County, e o aeroporto de Camarillo, em Ventura County, mas acabou caindo em um terreno montanhoso nos arredores de Los Angeles numa manhã com densa névoa e visibilidade para voo comprometida.
Em trecho de documento enviado pela NTSB à FAA em 2007, o órgão de segurança dizia que, naqueles dois acidentes, "tivesse o dispositivo sido instalado nas aeronaves, os avisos visuais e sonoros poderiam ter dado à tripulação mais tempo para reconhecer que o helicóptero perdia altitude em direção à água, para iniciar correções necessárias e se recuperar da queda, prevenindo o impacto".
A aeronave com Bryant também não tinha gravadores de dados de voo ou áudio da cabine. Homendy reforçou que entre os destroços foram encontrados um iPad e um telefone celular, ambos encaminhados para análise. A investigação quer saber se o iPad era usado pelo piloto para registrar dados e planos de voo, além de informações meteorológicas. No dia anterior, o piloto, Ara Zabayan, havia voado a mesma rota em condições meteorológicas visuais em céu aberto, segundo dados da NTSB.
Questionado pelo UOL Esporte sobre as razões pelas quais as recomendações da NTSB não foram acatadas, o porta-voz da FAA, Ian Gregor, disse apenas que a "FAA considera seriamente todas as recomendações feitas pela NTSB e implementa cerca de 80% delas".
A empresa responsável pelo helicóptero com Bryant, a Islands Express Helicopters, não quis se pronunciar.
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