Como atual campeão da NBA segue forte após perder Kawhi e sofrer com lesões
É normal ver times da NBA perderem completamente o rumo após uma grande estrela deixar o elenco. E era exatamente isso o que muita gente achou que aconteceria com o Toronto Raptors com a saída Kawhi Leonard que foi para o Los Angeles Clippers. Mas não foi o que aconteceu com o atual campeão da liga.
Mesmo sem um dos principais nomes do basquete mundial e MVP da última final, a franquia canadense segue firme e atualmente ocupa a segunda colocação na Conferência Leste, com 43 vitórias e 18 derrotas. Na última temporada regular, a equipe terminou exatamente na vice-liderança do Leste, com 58 resultados positivos e 24 negativos.
Além de perder Kawhi, o time ainda sofreu com uma série de lesões ao longo do atual campeonato. Nada menos do que 12 jogadores se machucaram. A situação fez dos Raptors a equipe que menos repetiu escalações na NBA. O quinteto formado por Kyle Lowry, Fred VanVleet, OG Anunoby, Pascal Siakam e Marc Gasol só começou 17 das 61 partidas disputadas até o momento.
Apesar das dificuldades, a equipe se manteve competitiva e chegou a vencer 15 jogos consecutivos entre janeiro e fevereiro deste ano.
Então, o que faz com que os Raptors se mantenham na briga pelo bicampeonato mesmo com tantas adversidades na temporada? O UOL fez uma lista dos motivos que ajudam a explicar a força da franquia canadense.
Técnico e comissão
Vários fatores explicam a manutenção do desempenho do time, mas um dos principais é o trabalho feito pelo técnico Nick Nurse e sua comissão.
O treinador se destacou pela versatilidade de suas equipes após iniciar a carreira no basquete europeu. Ele chegou a ser eleito duas vezes o técnico do ano na British Basketball League no início dos anos 2000 antes de retornar aos Estados Unidos para trabalhar na liga de desenvolvimento da NBA.
Nurse chegou aos Raptors como assistente de Dwane Casey em 2013. Responsável pelo ataque da equipe, ele ajudou a melhorar o desempenho em passes e arremessos de três pontos.
A experiência na Europa e os anos como auxiliar ajudaram Nurse a criar uma identidade própria e isso ficou ainda mais evidente desde que ele assumiu o comando do time em 2018. Uma das principais mudanças foi a contratação do italiano Sergio Scariolo como um dos assistentes. Tricampeão da EuroBasket e vice olímpico em 2012 comandando a Espanha, o veterano ajudou na criação de um sistema de jogo vencedor.
O trabalho de Nurse e da comissão técnica não demorou a aparecer. Prova disso foi o salto de qualidade de jogadores como Pascal Siakam e Fred VanVleet, que os Raptors serem reconhecidos como um dos principais programas de desenvolvimento da NBA.
Hoje, o nome de Nick Nurse aparece como um dos favoritos para ser eleito o técnico da temporada.
Sistema e comprometimento
As mudanças táticas feitas nos Raptors, principalmente na defesa, fazem com que com o padrão seja mantido independentemente dos jogadores que estão em quadra. As marcações variam entre zonas na metade da quadra, triângulos ou pressão total por todo o terreno de jogo. Até mesmo defesas típicas do basquete universitário aparecem durante uma partida.
Tudo isso faz com que os Raptors sejam o 2º melhor time da NBA na defesa dentro do garrafão, concedendo apenas 42 pontos por jogo, o 2º em roubos e bola, com 8,8 por partida, o 2º melhor defensive rating, concedendo 104,9 pontos, e o nono que menos leva contra-ataques.
O funcionamento do sistema depende de atletas comprometidos com a ideia do técnico e totalmente conscientes de seu papel.
"Os jogadores são conscientes de seu papel dentro do time. Temos um grupo de jogadores que sabe como jogar, e os nomes que chegaram aprenderam isso e se encaixaram", afirma Pascal Siakam em entrevista ao UOL Esporte concedida em fevereiro.
Sem Kawhi, sem problema?
Quando Kawhi Leonard decidiu deixar os Raptors e assinar com os Clippers, muitos questionaram como seria feita a recomposição da equipe. Na verdade, nenhum jogador de peso chegou. O que aconteceu foi um salto de qualidade de alguns nomes que já estavam no elenco, principalmente Pascal Siakam e Fred VanVleet.
O ala-pivô camaronês saltou de 16,9 pontos, 6,9 rebotes e 3,1 assistências por jogo na temporada passada para 23,7 pontos, 7,5 rebotes e 3,5 assistências no atual campeonato. Caso não tivesse se lesionado e perdido 11 partidas, ele poderia estar na discussão sobre quem será o MVP desta edição.
Já VanVleet pulou de 11 para 17,6 pontos, de 4,8 para 6,6 assistências e de 1,8 para 2,7 bolas de três pontos da temporada passada para esta.
Em entrevista coletiva concedida em fevereiro, logo após a derrota para o Brooklyn Nets, Nick Nurse falou sobre a saída de Kawhi e destacou o crescimento dos jogadores que permaneceram no time.
"Nós esperávamos que alguns desses jogadores aparecessem mais e que eles pudessem dar um passo à frente", disse. "Obviamente, Kawhi é um jogador que decide partidas na defesa e no ataque, principalmente no final. Pascal assumiu esse papel, Serge Ibaka e Marc Gasol puderam aparecer também. Fred VanVleet melhorou bastante, Normal Powell, antes de se machucar, estava melhorando. Temos que descobrir algumas coisas para fazer no ataque. Nosso time está jogando muito bem, temos trabalho a fazer se quisermos o título novamente."
Montagem do elenco
A fase do Toronto Raptors e a forma como os jogadores que chegam rapidamente se encaixam no esquema de Nick Nurse tem ligação direta com a forma como o elenco foi montado. É aí que entra o trabalho do presidente da franquia, Masai Ujiri. Hoje desejado por muitos times da liga, o dirigente foi peça fundamental na construção do time. Nenhum atleta da equipe atual foi draftado em uma posição alta.
No Draft de 2015, Ujiri enviou o armador Greivis Vasquez para o Milwaukee Bucks em troca de uma escolha de segunda rodada e uma futura de primeira. A negociação permitiu as chegadas de Norman Powell, em 2015, e OG Anunoby, em 2017.
Siakam foi apenas o 27º escolhido em 2016. Nomes como Dragan Bender, Wade Baldwin e Denzel Valentine foram recrutados antes. No mesmo ano, Fred VanVleet chegou sem qualquer custo. O armador Terence Davis chegou sem ser draftado, enquanto o pivô Chris Boucher e o ala-armador Matt Thomas acertaram como agentes livres. Além deles, o pivô Dewan Hernandez foi escolhido na 59ª colocação do último draft.
Já nomes como Marc Gasol e Serge Ibaka vieram em trocas pontuais.
Quase todos os jogadores citados, com exceção de Hernandez, foram utilizados por Nick Nurse em mais de 20 jogos durante a temporada.
1º lugar?
Com o time cada vez mais firme na segunda colocação do Leste, Nick Nurse ainda não sabe se conseguirá ou não alcançar o Milwaukee Bucks, que lidera com 52 vitórias e apenas nove derrotas. O plano, no entanto, é brigar para conseguir a melhor posição possível e tentar garantir o mando de quadra.
"Eu não sei se eles (Bucks) são inalcançáveis ou não, temos que pensar no nosso lado, terminar a temporada da melhor forma que pudermos. Mando de quadra é algo que realmente pensamos. É importante fazer o melhor possível até o fim", afirmou.
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