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Coadjuvante dos Lakers, "Superman" pode coroar redenção com título da NBA

Dwight Howard no segundo jogo da final da NBA - Nathaniel S. Butler/NBAE via Getty Images
Dwight Howard no segundo jogo da final da NBA Imagem: Nathaniel S. Butler/NBAE via Getty Images

Rafael Serra

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/10/2020 04h00

O nome de Dwight Howard era praticamente uma unanimidade quando o Los Angeles Lakers anunciou o retorno do pivô há pouco mais de um ano: quase ninguém acreditava que a incorporação do veterano fosse uma boa ideia, apesar de uma cláusula garantir a possibilidade de uma rescisão contratual sem custos para a franquia a qualquer momento.

Não era para menos. A primeira passagem de Howard pela equipe angelina, iniciada com muita expectativa pelo status de superestrela que o jogador ganhou após seu sucesso no Orlando Magic, durou apenas uma temporada. Então considerado como um potencial sucessor de Shaquille O'Neal como pivô mais dominante da liga, o "Superman" passou a ser visto como uma aposta de alto risco após sua saída dos Lakers, devido às suas más relações nos vestiários, seu alto salário, sua lesões frequentes e sua suposta falta de comprometimento, citada até por Kobe Bryant em entrevista concedida em 2015. A relação de Howard com Bryant, por sinal, não era boa.

Após deixar o Lakers pela porta dos fundos em 2013, Howard se juntou ao Houston Rockets, onde ficou por três temporadas e saiu após sucessivos atritos com James Harden. A partir daí, passou por três equipes em três temporadas, com números aquém de seu potencial, até receber a chance de um recomeço nos Lakers de LeBron James. Sem a responsabilidade, mas também sem o prestígio de outrora, enfrenta um grande desafio para um jogador que reconhece publicamente que o ego foi a raiz de boa parte dos problemas que teve ao longo da carreira.

A redenção do "Superman"

Tida como improvável, a redenção de Howard se tornou realidade. Demonstrando um nível de maturidade inédito em sua carreira, o "Superman" se encontrou em seu retorno à Califórnia e, mesmo na reserva e à sombra das estrelas LeBron James e Anthony Davis, soube ser importante na trajetória da equipe até a final da NBA, em especial nos últimos dois jogos das finais da Conferência Oeste contra o Denver Nuggets, quando ajudou a neutralizar Nikola Jokic.

Após oito All-Star Games, cinco indicações ao quinteto ideal da liga e três prêmios de melhor jogador defensivo, Howard conta as horas para conquistar seu primeiro título da liga.

"Acho que será uma das melhores sensações do mundo. Só de pensar em como seria segurar esse troféu, isso me leva às lágrimas", revelou o jogador, na última terça-feira (29).

Os Lakers venceram os dois primeiros jogos da final, disputada em formato melhor de 7. A terceira partida acontece hoje (4), às 20h30 (de Brasília), com transmissão da Band, da ESPN e do Watch ESPN, disponível para assinantes do UOL Esporte Clube.

Oposição ao retorno da NBA

A reviravolta na carreira de Howard esteve próxima de não acontecer, já que o jogador foi um dos que se opuseram ao retorno da NBA após os protestos do movimento Black Lives Matter, ocorridos após o assassinato de George Floyd pela polícia de Minneapolis.

"O basquete, ou qualquer outro tipo de entretenimento, não são necessários nesse momento, e serão apenas uma distração. Provavelmente não distrair a nós jogadores, mas porque temos recursos que nossas comunidades não têm. E qualquer mínima distração para eles pode acarretar em um efeito dominó que talvez nunca mais pare", disse o jogador antes do retorno da NBA na "bolha", no final de julho.

Gratidão final a Kobe

A relação do "Superman" Howard com Kobe Bryant mudou após o retorno do pivô a Los Angeles. O Black Mamba inclusive auxiliaria seu ex-companheiro no torneio de enterradas do último All-Star Game, mas não houve tempo para que isso acontecesse.

"Eu usava os tênis dele desde o início da temporada. Eu o queria durante o campeonato de enterradas. Sabe, eu não tive a chance de dizer a ele que apreciei nosso tempo juntos. E [como] agradecido eu estava de volta aqui em Los Angeles e coisas assim", disse Howard, semanas após o acidente de helicóptero que matou Kobe e sua filha Gianna.

. I'm so hurt man.

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O pivô também dedicou seus esforços na atual temporada ao lendário camisa 24 do Lakers.

"Irmãos brigam, às vezes discutem até se odiarem. Mas nunca paramos de amar um ao outro. Eu te amo. Nós nos amamos. Obrigado por inspirar o mundo de tantas maneiras. Vamos nos certificar de dizer às pessoas que as amamos. Nunca sabemos o que pode acontecer na vida. Vamos aproveitar a vida e uns aos outros enquanto estamos aqui. Eu vou sentir muita falta de Kobe e Gigi sentados na quadra nos assistindo. Que vocês descansem em paz. Esta temporada é dedicada a Kobe", declarou.