Brasil tem um único "brasileiro" na seleção de beisebol
Por Ricardo Westin
Agência Folha
No Rio de Janeiro
Luís Camargo faz parte da seleção de beisebol que vai defender o Brasil no Pan de Santo Domingo, em agosto, mas à primeira vista é o único brasileiro da equipe. Há um mês, quando foram escolhidos os 20 atletas que vão tentar conquistar a primeira medalha pan-americana para o Brasil no beisebol, Camargo percebeu que era o único do time que não tem os olhos puxados.
Sobrenomes como Hayato, Nishimura e Koroishi revelam que a equipe brasileira convocada é, na realidade, "estrangeira" -japonesa, especificamente. Mas, na prática, o verdadeiro "gaijin" do time nacional é Camargo.
Enquanto as quatro bases de um campo de beisebol ainda continuam um mistério para a maioria dos brasileiros, para nisseis e sanseis são tão óbvias quanto os dois gols de um campo de futebol. O esporte foi trazido para o Brasil no século 19 por norte-americanos que trabalhavam em multinacionais em São Paulo. Mas foi com os imigrantes japoneses, no começo do século passado, que o beisebol se desenvolveu no país.
No entanto, continua restrito basicamente a São Paulo e Paraná, Estados onde é forte a presença da comunidade japonesa.
Luís Camargo, 26, o capitão da seleção brasileira de beisebol, nasceu na cidade paulista de Tatuí (140 km a oeste de São Paulo), onde cerca de 5% da população é descendente de japoneses.
"Aprendi jogando no quintal de casa com uma bola de meia", lembra Camargo, apresentado ao esporte por amigos de famílias japonesas quando tinha nove anos. E tomou tanto gosto pelo esporte que dois anos mais tarde já fazia parte da seleção brasileira infantil.
"Achava estranho quando ele viajava para competições internacionais e ninguém ia ao aeroporto aplaudir, como acontece com o futebol", conta a mãe do jogador, Aparecida Camargo, que guarda em casa a primeira luva e os 62 troféus da carreira do filho.
Aos 18 anos, quando jogava em uma equipe da capital paulista, foi descoberto pelo olheiro de um clube da segunda divisão do beisebol japonês. Viajou para a cidade de Hiroshima pensando que passaria apenas um mês treinando e ganhando experiência como receptor (ou "catcher", aquele jogador que se posiciona atrás do rebatedor adversário). Acabou ficando cinco anos no Japão.
Por isso, diz que não se sente "estrangeiro" no meio de todos os "japoneses" da seleção nacional. "Aprendi a falar japonês e até peguei alguns costumes orientais. Ninguém acredita, mas eu sinto falta de comer arroz e peixe no café da manhã", ri Camargo. "Acho até que eu sou mais japonês que alguns companheiros da equipe que têm os olhos puxados."
Experiência
Depois de cinco anos do outro lado do planeta, o brasileiro fez a última tentativa de se transferir para primeira divisão japonesa. Como não deu certo e o salário que recebia -pouco mais de US$ 1.000 por mês- não compensava, voltou para sua casa no final do ano passado.
Com a experiência que adquiriu no Japão, Camargo esperava logo ser descoberto por alguma equipe profissional estrangeira. Mas, na primeira partida pela seleção depois de seu retorno ao país, em Cuba, sofreu uma lesão que o tirou do beisebol por dois meses. "No jogo contra a Itália, meu cotovelo rachou no meio", conta.
Enquanto aguarda o Pan, a principal vitrine que tem agora para mostrar seu talento, Camargo trabalha no centro de treinamento da Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol ensinando a modalidade para crianças nas categorias de base.
"Cheguei a estudar engenharia eletrônica, mas parei. É de beisebol que eu gosto. Faz parte da minha vida. Não penso em fazer outra coisa. Vou me dedicar ao máximo à seleção, mesmo que muita gente nem saiba que o Brasil tem uma equipe de beisebol."
Agência Folha
No Rio de Janeiro
Luís Camargo faz parte da seleção de beisebol que vai defender o Brasil no Pan de Santo Domingo, em agosto, mas à primeira vista é o único brasileiro da equipe. Há um mês, quando foram escolhidos os 20 atletas que vão tentar conquistar a primeira medalha pan-americana para o Brasil no beisebol, Camargo percebeu que era o único do time que não tem os olhos puxados.
Sobrenomes como Hayato, Nishimura e Koroishi revelam que a equipe brasileira convocada é, na realidade, "estrangeira" -japonesa, especificamente. Mas, na prática, o verdadeiro "gaijin" do time nacional é Camargo.
Enquanto as quatro bases de um campo de beisebol ainda continuam um mistério para a maioria dos brasileiros, para nisseis e sanseis são tão óbvias quanto os dois gols de um campo de futebol. O esporte foi trazido para o Brasil no século 19 por norte-americanos que trabalhavam em multinacionais em São Paulo. Mas foi com os imigrantes japoneses, no começo do século passado, que o beisebol se desenvolveu no país.
No entanto, continua restrito basicamente a São Paulo e Paraná, Estados onde é forte a presença da comunidade japonesa.
Luís Camargo, 26, o capitão da seleção brasileira de beisebol, nasceu na cidade paulista de Tatuí (140 km a oeste de São Paulo), onde cerca de 5% da população é descendente de japoneses.
"Aprendi jogando no quintal de casa com uma bola de meia", lembra Camargo, apresentado ao esporte por amigos de famílias japonesas quando tinha nove anos. E tomou tanto gosto pelo esporte que dois anos mais tarde já fazia parte da seleção brasileira infantil.
"Achava estranho quando ele viajava para competições internacionais e ninguém ia ao aeroporto aplaudir, como acontece com o futebol", conta a mãe do jogador, Aparecida Camargo, que guarda em casa a primeira luva e os 62 troféus da carreira do filho.
Aos 18 anos, quando jogava em uma equipe da capital paulista, foi descoberto pelo olheiro de um clube da segunda divisão do beisebol japonês. Viajou para a cidade de Hiroshima pensando que passaria apenas um mês treinando e ganhando experiência como receptor (ou "catcher", aquele jogador que se posiciona atrás do rebatedor adversário). Acabou ficando cinco anos no Japão.
Por isso, diz que não se sente "estrangeiro" no meio de todos os "japoneses" da seleção nacional. "Aprendi a falar japonês e até peguei alguns costumes orientais. Ninguém acredita, mas eu sinto falta de comer arroz e peixe no café da manhã", ri Camargo. "Acho até que eu sou mais japonês que alguns companheiros da equipe que têm os olhos puxados."
Experiência
Depois de cinco anos do outro lado do planeta, o brasileiro fez a última tentativa de se transferir para primeira divisão japonesa. Como não deu certo e o salário que recebia -pouco mais de US$ 1.000 por mês- não compensava, voltou para sua casa no final do ano passado.
Com a experiência que adquiriu no Japão, Camargo esperava logo ser descoberto por alguma equipe profissional estrangeira. Mas, na primeira partida pela seleção depois de seu retorno ao país, em Cuba, sofreu uma lesão que o tirou do beisebol por dois meses. "No jogo contra a Itália, meu cotovelo rachou no meio", conta.
Enquanto aguarda o Pan, a principal vitrine que tem agora para mostrar seu talento, Camargo trabalha no centro de treinamento da Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol ensinando a modalidade para crianças nas categorias de base.
"Cheguei a estudar engenharia eletrônica, mas parei. É de beisebol que eu gosto. Faz parte da minha vida. Não penso em fazer outra coisa. Vou me dedicar ao máximo à seleção, mesmo que muita gente nem saiba que o Brasil tem uma equipe de beisebol."
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