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Para jogar, atleta termina colegial em japonês

12/10/2003 00h20

Por Mariana Lajolo
Agência Folha
Em São Paulo

Aos quatro anos, Norbeto Semanaka Rocha já sabia o que queria fazer da vida: jogar beisebol. Mas, para concretizar o sonho infantil, não imaginava que teria de passar por tantas "roubadas".

Aos 15 anos, o adolescente tímido deixou a família no Brasil e seguiu para Nagoya, no Japão. Havia sido convidado para jogar no segundo time dos Dragons.

Mas, antes de poder se dedicar totalmente ao esporte, tinha a obrigação de terminar o colegial, em japonês.

"Em metade do tempo (seis horas por dia), eu tinha aulas do idioma. No restante, ficava na sala de aula"

"Eu não entendia nada do que eles falavam. Imagine aprender geografia, física em japonês... Eu ficava lá sentado, olhando para a lousa. Às vezes, acabava cochilando."

Passar de ano foi fácil, já que Rocha não fazia provas. Mas as dificuldades de comunicação quase o fizeram desistir. "Eu tinha de fazer mímica porque nem inglês eles entendiam direito. E você também fica com saudade da família", conta.

Passado o choque inicial, a preocupação passou a ser a possibilidade de viver do beisebol. Se não conseguisse se fixar nos Dragons, Rocha iria seguir a saga de milhares de decasséguis e tentar fazer o pé-de-meia no Japão: "Já que eu não consegui estudar...", resigna-se.

Hoje, o brasileiro sonha mais alto, quer passar à equipe principal na liga japonesa. Rocha recebe US$ 2.000 por mês e já vive do beisebol.
Se prepara agora para estrear na seleção adulta.

"Cheguei às equipes de base aos 14 anos, mas nunca joguei na principal. Vai ser legal estrear no Mundial, mas ainda não sei exatamente o que isso representa."