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À sombra de Mayweather, Pacquiao enfrenta rival modesto em palco bilionário

Pacquiao (e) e Clottey posam com as cheerleaders do Dallas Cowboys no estádio  - EFE/Larry W. Smith
Pacquiao (e) e Clottey posam com as cheerleaders do Dallas Cowboys no estádio Imagem: EFE/Larry W. Smith

Maurício Dehò

Em São Paulo

12/03/2010 07h00

Depois de muita discussão, polêmica e negociatas fracassadas, Manny Pacquiao volta ao ringue neste sábado para defender seu cinturão dos meio-médios (versão OMB) e o título de melhor pugilista da atualidade, dado pelos especialistas em boxe. No entanto, apesar do cenário bilionário, o estádio do Dallas Cowboys, o filipino estará à sombra de um adversário que não estará no ringue.

ESTÁDIO "POLIESPORTIVO" DO
DALLAS COWBOYS ESTREIA NO BOXE

  • Tony Gutierrez/AP

    Este ano, o All-Star Game da NBA foi em Dallas

    Mais do que o embate entre Pacquiao e o modesto Clottey, há um brilho especial na programação deste sábado: seu local. Será a primeira luta de boxe realizada no Cowboys Stadium, estádio do time de Dallas de futebol americano. Com custo total de US$ 1,2 bilhão para ser colocado de pé, o local também foi sede do All-Star Game, quando recebeu o público recorde de 108.713 torcedores.

    Para a luta de boxe, o número é mais modesto. Até aqui, foram vendidos 41 mil dos 45 mil ingressos disponíveis, sendo que a expectativa é de que as entradas se esgotem até o sábado. Os preços vão de US$ 50 - considerado barato, para atrair os fãs - a US$ 700 (o mais caro equivale a R$ 1240).

    "Nunca tive uma experiência em que o local da luta tenha um papel tão grande na promoção. Ajudou nos ingressos e na publicidade", disse Bob Arum, empresário de Pacquiao. O boxe tem como casas nos EUA os cassinos de Las Vegas e o Madison Square Garden, em Nova York. Este público de 45 mil pessoas para assistir às lutas, no entanto, é uma realidade diferente e promissora, em busca de um novo momento de alta no boxe.

Tudo estava praticamente fechado para um embate entre Pacquiao e Floyd Mayweather Jr., os dois maiores boxeadores dos últimos anos, mas o encontro não saiu das mesas de negociação de Las Vegas. Assim, restou a Pacquiao, campeão mundial em sete categorias, um desafiante modesto por seu cinturão, o ganês Joshua Clottey, que já foi campeão do mundo, mas perdeu para uma das vítimas de seu rival.

O problema entre Mayweather e Pacquiao gerou graves acusações. O norte-americano propôs regras antidoping de nível olímpico para a luta entre eles. O filipino, no entanto, achou abusivo ter de dar mostras de sangue pouco antes do duelo, para não se sentir fraco. Isso bastou para as partes se desentenderem e Pacquiao ser acusado de tomar substâncias ilícitas - as afirmações do time de Mayweather foram parar na Justiça.

Passado o assunto - mas não engolido pelos fãs, que ainda esperam pelo encontro -, Pacquiao escolheu lutar com Clottey, enquanto Mayweather enfrenta Shane Mosley em 1 de maio. Assim, pouco se espera do filipino se não mais um nocaute, após ter derrubado grandes nomes nas últimas lutas: Oscar de la Hoya, Ricky Hatton e Miguel Angel Cotto.

Ao contrário do usual, os pugilistas foram cordiais na última coletiva de imprensa, para dar um “bom exemplo”, segundo o filipino. “Nosso objetivo é mostrar uma boa luta e um grande show. Não quero desapontar meus fãs nesta primeira luta no estádio do Dallas Cowboys”, disse ele, mais uma vez ao lado do técnico Freddie Roach.

Já Clottey “agradeceu” pela confusão anterior ao combate. “Gostaria de agradecer a Manny pela oportunidade. Quero ver o que ele (Pacquiao) pode fazer. Não importa o que acontecer, terei minha chance de vencer”, analisou.

TRANSMISSÃO E CARD COM OUTRA LUTA POR TÍTULO

A programação com Pacquiao tem transmissão do Premiere Combate no Brasil, por pay-per-view, a partir das 23h. Nas preliminares em Dallas, o destaque é para o duelo entre Humberto Soto e David Diaz, pelo cinturão dos pesos leves do CMB, que está vago. Ex-campeão, Diaz perdeu o título da categoria para Pacquiao em 2008, enquanto Soto teve o título dos superpenas e subiu de peso recentemente.

Contra o filipino, o ganês precisará colocará em jogo seu cartel de 35 vitórias e três derrotas, buscando superar o boxe ágil, preciso e potente do campeão dos meio-médios, que tem a característica de não esmorecer durante os 12 rounds, caso precise de todos eles.

SOMBRA Nº 2: POLÍTICA

Uma das questões abordadas na última coletiva de imprensa antes da luta foi a permanência de Pacquiao no boxe. Isso porque ele planeja disputar eleições nas Filipinas e seguir carreira como político, um interesse de longa data demonstrado pelo pugilista.

“Ele não fala sobre isso”, disse o empresário Bob Arum, 78. “Sempre que falamos é para decidir quando será o próximo combate”. Arum falou inclusive sobre outros rivais para o campeão dos meio-médios no futuro. O favorito seria não Mayweather, mas Shane Mosley caso ele vença o combate com o arquirrival de Pacquiao em maio, em Las Vegas.