Jones Jr. e Hopkins fazem revanche com 20 anos de atraso; Haye defende título
Maurício Dehò
Em São Paulo
02/04/2010 07h00
Há 17 anos, o jovem Roy Jones Jr., ainda com 24 anos, subiu ao ringue contra Bernard Hopkins, 28, no que era a primeira chance de ambos por um título mundial de boxe. Jones Jr. venceu por pontos e se tornou campeão pela primeira vez. A partir daí, cada um à sua maneira, ambos chegaram a outros múltiplos cinturões. Depois de quase duas décadas em “dívida”, enfim a revanche sai das mesas de negociação e chega ao ringue neste sábado.
OS LUTADORES
ROY JONES JR. Estados Unidos Idade: 41 anos Estreia: 1989 Cartel: 54 vitórias, com 40 nocautes, e seis derrotas Títulos: médios, supermédios, meio-pesados e pesados | |
BERNARD HOPKINS Estados Unidos Idade: 45 anos Estreia: 1988 Cartel: 52 vitórias, com 30 nocautes, cinco derrotas e um empate Títulos: médios - chegou a deter todos os quatro títulos mundiais |
O aguardado reencontro terá como palco um badalado cassino de Las Vegas, e traz os vovôs quarentões já nos últimos respiros de suas carreiras, e em fases distintas: Jones Jr., 41, vem de nocaute arrasador sofrido no primeiro round; Hopkins, 45, de vitórias por pontos, seguras, cogitando até lutar entre os pesos pesados. Por falar na categoria, o fim de semana ainda terá a primeira defesa do mais novo campeão dos pesados, o britânico David Haye. Ambos os combates não têm transmissão anunciada para a TV do Brasil.
Quem chega a Vegas em situação pior é Roy Jones Jr., que foi considerado um dos melhores pugilistas da história por seus títulos entre os médios, supermédios, meio-pesados e - incrivelmente - nos pesados, um feito para quem começou a lutar com apenas cerca de 70 kg. No entanto, seus últimos cinco anos são de irregularidade, com cinco derrotas em dez lutas.
A última foi a mais humilhante e quase os planos da luta com Hopkins azedaram. Eleito melhor lutador dos anos 1990, Jones Jr. foi à Austrália para sua primeira luta na carreira profissional fora dos EUA em dezembro. O resultado não poderia ser pior, com um nocaute no primeiro round contra o pouco expressivo Danny Green.
Por outro lado, Hopkins tem três derrotas nas últimas sete lutas, mas vem de dois triunfos por pontos, um deles contra Kelly Pavlik, um dos melhores lutadores da atualidade, que vinha invicto até aquele momento.
Apesar de estar em melhor fase e cogitar até enfrentar David Haye entre os pesos pesados, Hopkins não pretende menosprezar seu rival, até porque passou os últimos 17 anos remoendo a derrota de 1993.
“A carreira de Roy decolou após aquela vitória, ele mereceu”, comentou o lutador da Filadéldia, ao Las Vegas Sun. “Agora, 17 anos depois, ele precisa ressurgir mais uma vez com a minha benção. Isso mostra que as coisas podem mudar."
Depois de perder para Jones Jr. na primeira luta por cinturão mundial de ambos, Hopkins teve um caminho muito mais duro para provar seu valor. Só em 1995, após seis lutas, ele conquistou aquele mesmo cinturão, o dos médios da Federação Internacional de Boxe. O rival já havia subido para a categoria dos meio-médios.
Foi na categoria dos médios que Hopkins fez sua carreira, até 2005, quando chegou a ter todos os quatro cinturões mais importantes do boxe: CMB, OMB, AMB e FIB. O último da lista veio em 2004, quando nocauteou o queridinho dos norte-americanos Oscar de la Hoya. Outro entre seus melhores momentos foi o nocaute no 12º round sobre Felix Trinidad, em Nova York, em 2001.
Neste sábado, tanto Hopkins quanto Jones têm a possibilidade de escrever o último capítulo na carreira do respectivo rival, na certeza de um espetáculo, mas também com chances dos torcedores de pelo menos um dos dois maiores lutadores dos últimos anos ficarem na saudade.
"Eu vou lhe dar meu golpe secreto, não há nada que Hopkins possa fazer para vencer", disse Jones Jr., que no entanto admite que está perto do fim. "Se ele me machucar, verei que é a hora certa de pendurar minhas luvas."