Zebra, campeã mundial revela 'milagre' e quase aposentadoria por lesão
Adriana Araújo, Taynna Cardoso, Andreia Bandeira... O Brasil tinha diversos nomes com chances de medalha no Mundial de Boxe, de pugilistas com resultados recentes expressivos. Mas não foi uma das “favoritas” que subiu ao pódio. Roseli Feitosa, paulista de apenas 21 anos, conquistou o primeiro ouro na história do boxe amador brasileiro adulto, em uma história de superação e, acredita ela, até um “milagre”.
Fora de seu peso, campeã mundial achava que 'não passaria nem da primeira luta'
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Primeira campeã mundial da história do boxe olímpico brasileiro na categoria adulta, Roseli Feitosa teve de vencer o próprio ceticismo para conquistar o seu ouro, no último sábado, em Barbados. A paulista de 21 anos ficaria satisfeita de “ganhar só uma luta”, até porque lutou fora de seu peso. E pior, contra rivais mais pesadas, e portanto mais fortes do que ela.
“Eu ia parar, meu ombro estava lesionado e o médico falou que eu tinha de fazer uma cirurgia. Estava desanimada, chorava como uma doida”, diz a pugilista, ao UOL Esporte, sobre o drama vivido meses antes da conquista.
Neste ano, ela teve um problema que fazia com que seu ombro se “deslocasse” toda vez que fazia um movimento mais brusco, o que lhe custou a vaga no Sul-Americano de Medellín (COL), este ano. Além disso, viveu problemas para se manter treinando, passando de São Paulo a Jundiaí, antes de se estabelecer em uma academia de São José do Rio Preto, a 450 km da capital paulista. A religião, diz a jovem, a salvou.
“Não sei se você vai acreditar, mas eu me converti em evangélica. Deus fez um milagre e curou meu ombro”, afirma Roseli, que nunca chegou a cumprir a recomendação médica de passar pela mesa de cirurgias.
Milagre ou não, Roseli Feitosa voltou com tudo e, apesar de não lutar em sua categoria de peso, mas uma acima, venceu quatro combates com boa diferença no placar para faturar o título em Barbados. O resultado renova as esperanças brasileiras de medalhas em Londres-2012, as primeiras Olimpíadas que terão o boxe feminino no programa oficial.
“Ainda não percebi o quão grande é essa medalha. Nem comemorei ainda. Não fui na festa após o Mundial porque estava esgotada e tinha que arrumar as malas para voltar ao Brasil. Cheguei segunda de manhã e vim para São José do Rio Preto (onde treina)”, conta ela, que na verdade nem ao menos sonhava lutar boxe.
O MILAGRE DE ROSELI
Eu ia parar, meu ombro estava lesionado e o médico falou que eu tinha de fazer uma cirurgia. Estava desanimada, chorava como uma doida
Roseli foi jogadora de vôlei quando jovem e já tinha o sonho de ser uma atleta. Após a decepção de não poder se manter nas quadras, ela foi trabalhar como recepcionista de um centro empresarial. Ao mesmo tempo, estudava e ainda arranjava tempo para fazer musculação. Foi na academia que acabou aconselhada a praticar o boxe.
“No começo eu fazia para emagrecer. E deu certo. Depois me colocaram no time de competição e em quatro meses eu já era campeã paulista. Depois, larguei o trabalho e comecei a só lutar”, explica.
Hoje, Roseli é uma das atletas que tem ajuda do Bolsa Atleta, que lhe dá R$ 1.500 por mês. Além disso, ganha cerca de R$ 400 para representar a cidade de São José do Rio Preto, da prefeitura, mas não recebe por lutar pela seleção.
Com o ouro, ela pode sonhar com uma contribuição maior não só a ela, mas ao boxe feminino. “Ainda não falaram nada como será, mas espero reconhecimento. Nós lutamos muito para conseguir estes resultados”, conclui.
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