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Klitschko encara Haye por domínio familiar nos pesados, em 1ª superluta desde 2003

Wladimir e Haye põe em disputa três dos quatro cinturões mais importantes do boxe - REUTERS/Fabian Bimmer
Wladimir e Haye põe em disputa três dos quatro cinturões mais importantes do boxe Imagem: REUTERS/Fabian Bimmer

Maurício Dehò

Em São Paulo

01/07/2011 07h00

Desde que chegaram ao topo da categoria mais tradicional do boxe, os irmãos Vitali e Wladimir Klitschko tentam alcançar a hegemonia nos pesos pesados, com os quatro títulos mais importantes da modalidade. A chance chegou e está nas mãos do caçula Wladimir. Neste fim de semana, ele encara David Haye, detentor do único título que falta à dupla, o da Associação Mundial de Boxe.

FALATÓRIO QUENTE ANTES DO COMBATE

Klitschko e Haye trocam farpas antes da superluta dos pesos pesados; veja as melhores frases
DAVID HAYE:
"Vou me divertir assistindo esse robô começar a quebrar. E vai acontecer rápido"
W. KLITSCHKO:
"Ele ri do meu jab. Continue rindo, pois sua cara irá virar uma pizza com este jab"

Em um combate carregado de tensão, provocações e adiamentos, o ucraniano Klitschko luta no estádio do Hamburgo, portanto em casa, já que adotou a Alemanha como país nos últimos anos (a ESPN Brasil transmite, às 17h45, de Brasília), neste sábado. Ele colocará seus cinturões da Organização Mundial e da Federação Internacional de Boxe em jogo - Vitali, o irmão mais velho, é o campeão do Conselho Mundial de Boxe.

Além do feito para a família, o combate do fim de semana representa a esperança de uma nova vida à categoria. Os pesados, de Muhammad Ali e Mike Tyson, entre outros, sofrem há quase uma década com a falta de interesse do público. Com o domínio europeu dos cinturões, os torcedores norte-americanos perderam o interesse, também pelo fato de os grandes nomes preferirem não se enfrentar - os próprios irmãos evitam falar num duelo, já que a mãe deles os “proíbe”.

Assim, Haye e Klitschko são os protagonistas do que é considerada a primeira superluta desde 2003. Naquela ocasião, Vitali enfrentou outro britânico, Lennox Lewis - que vinha de vitória contra Tyson - e perdeu, em uma decisão do árbitro de encerrar o combate, devido a cortes profundos em seu rosto. Depois disso, muito se falou, mas os ucranianos nunca enfrentaram rivais do porte de Evander Holyfield ou mesmo o gigante russo Nikolay Valuev, de quem Haye tomou o cinturão, em novembro de 2009.

OS NÚMEROS DA LUTA

  • 50

    MIL

    Espera-se público numeroso no estádio do Hamburgo, na Alemanha

  • 13

    VITÓRIAS

    Seguidas tem Wladimir, que só perdeu três vezes em sua carreira

  • 89%

    NOCAUTES

    Com 25 vitórias em 26 lutas, Haye nocauteou 23 vezes. Ele não perde desde 2004, ainda como cruzador

  • 8

    CENTÍMETROS

    É a diferença de altura, em favor de Wladimir. No peso, o ucraniano é mais de 15 kg mais pesado

    Desde aquele combate, os pesos pesados ainda tinham Lewis em grande forma, mas as superlutas já perdiam importância. Evander Holyfield e Mike Tyson, detentores de algumas das maiores arrecadações em pay-per-view na história do boxe, viviam fase irregular e lutadores mais leves, como Floyd Mayweather Jr. e Manny Pacquiao despontavam para reinar na nobre arte, como se vê atualmente.

    Polêmicas e adiamentos

    O histórico do combate entre Klitschko e Haye é de longa data, afinal, eles chegaram a anunciar combate em 2009 e até tiraram fotos promocionais no estádio do Schalke 04. Mas uma lesão na mão de Wladimir cancelou o combate.

    Desde então, as conversas se complicaram. Bolsas e local da luta entraram em discussão, com cada pugilista e empresário puxando a sardinha para o seu lado, até o acerto para o encontro deste sábado.

    No campo das provocações, a coisa foi ainda mais quente. Haye, ex-campeão dos cruzadores antes de subir de categoria, em uma ocasião mostrou uma foto de Wladimir sem cabeça, causando ira no mais velho Vitali, que tomou as dores e até desafiou o rival. Quem sobe ao ringue, no entanto, é Wladimir, que aos 35 anos tem a obrigação de provar que o apelido de "robô", dado por Haye, não condiz com seus nocautes.

    Para brasileiros, nem Haye e nem Klitschko são a solução para a categoria

    Dois dos brasileiros com melhor ranking nos pesos pesados, George Arias e Raphael Zumbano veem o combate com olhos de torcedores e na torcida para virarem rivais. Mas, para eles, nenhum resultado pode trazer um “milagre” à categoria. Enquanto Wladimir é veterano, Haye foi campeão dos cruzadores antes de conquistar o título dos pesados da AMB, em 2009.

    ”Precisa surgir um boxeador que empolgue o público, que o atraia para as lutas. Os Klitschko estão aí há muito tempo, mas não é um boxe bonito. Já o Haye conta com um títulos nas mãos, mas mesmo assim não conseguiu trazer algo novo”, analisa Arias. Para Zumbano, uma promessa do britânico pode ser um fator que traga melhoras no futuro. “Com o Haye ganhando, ele prometeu que só luta até os 31 anos (tem 30). Então, se ele deixar os três cinturões vagos, haverá a chance de aparecerem outros desafiantes, de uma nova geração”, disse o paulistano.