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Medalhista do boxe é cortada da seleção e alega retaliação de cartola

Adriana Araújo foi bronze em Londres, encerrando jejum de mais de quatro décadas do boxe brasileiro - Reuters
Adriana Araújo foi bronze em Londres, encerrando jejum de mais de quatro décadas do boxe brasileiro Imagem: Reuters

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

22/04/2013 19h02

A baiana Adriana Araújo fez história nos Jogos Olímpicos de Londres, com a primeira medalha do boxe feminino brasileiro e o fim do jejum da modalidade, após quatro décadas sem um pódio. Menos de um ano depois, no entanto, ela foi cortada da seleção feminina, junto com as duas companheiras nas Olimpíadas, Erika Mattos e a campeã mundial Roseli Feitosa. Segundo ela, as críticas feitas ao atual comando da Confederação Brasileira de Boxe geraram uma retaliação e o afastamento.

Adriana foi convocada pela última vez em 5 de janeiro, com Erika e Roseli, mas elas fizeram apenas exames médicos. Foi apenas quando ela percebeu que a verba que recebe da Petrobras - um benefício que a empresa dá a certos pugilistas, em acordo com a CBBoxe - não estava mais caindo que percebeu o corte.

“Eu fui usar meu cartão em um dia que eu sabia que teria caído o dinheiro, e não tinha nada. Aí que vi que meu nome não estava mais na lista de pagamentos”, contou ela. “O que eu soube é que teriam me desligado por falta de comprometimento com o peso. Mas isso é uma represália em cima do que falei depois que conquistei a medalha. E isso prova tudo o que falei lá (em Londres).”

Logo depois de faturar o bronze nas Olimpíadas, Adriana disparou contra Mauro Silva, presidente da confederação.  “O presidente da Confederação despreza o boxe feminino e masculino. Eu fui humilhada por ele, ele falou que eu não tinha condições de me classificar. E essa medalha cala a boca dele. O povo não sabe das coisas que acontecem. Eu não caí de paraquedas aqui”, disse Adriana, na ocasião.

Agora, novas garotas foram convocadas para a vaga das três representantes brasileiras em 2012, e Adriana critica a “renovação” em tempos de Rio-2016. Mais que isso, ela diz que não se surpreendeu e que desde 2010 ele tentava mudá-la de categoria e falava em tom de ameaças.

“É vergonhoso, não é nem surpresa. É uma vergonha tratarem uma medalhista olímpica desta forma. Em outros países sou tratada como guerreira, mas este presidente me trata assim.
Ele não tem conhecimento do que é história. Ele é um ditador e nós dependemos dele para lutar. Espero que o Ministério do Esporte veja o que está acontecendo”, completou.

Além da verba da Petrobras, Adriana Araújo teme ficar sem os recursos do Bolsa Atleta, já que ela precisa se manter competindo em nível internacional para poder renovar o benefício.

A reportagem tentou contato com o presidente da CBBoxe, Mauro Silva, mas não teve as ligações atendidas.

Técnico de Adriana, Luiz Dórea protesta: