Esquiva estreia em Macau em fevereiro e terá investimento à la Mayweather

O brasileiro Esquiva Falcão já sabe quando vai estrear no boxe profissional, pouco depois de abandonar o sonho de lutar no Rio-2016. Recém-contratado pela Top Rank, promotora famosa por trabalhar hoje com Manny Pacquiao, ele já foi avisado que entrará no ringue em 22 de fevereiro, em Macau, numa noitada em que terá companhia de outros medalhistas olímpicos.

O vice-campeão nos Jogos de Londres-2012 foi no começo do mês para Las Vegas, quando se reuniu com Bob Arum, presidente da Top Rank, e rapidamente fechou o negócio. A escolha pela promotora - enquanto o irmão Yamaguchi preferiu a Golden Boy, de propriedade de Oscar de la Hoya - deu-se principalmente pelo fato de a Top Rank ser tradicionalmente uma criadora de talentos, pegando pugilistas e os construindo do zero.

“A Golden Boy fez um lutador do zero. Já a Top Rank constrói novos ídolos. Miguel Cotto, De la Hoya... Eles estão aí desde a época de Muhammad Ali. E isso pesou muito para ele (Esquiva)”, explicou Sergio Batarelli. Ex-lutador campeão mundial de full-contact, Batarelli é empresário e representante da Top Rank no Brasil.

“Veja o exemplo de Mayweather. Ele foi bronze nas Olimpíadas (em Atlanta-1996). Nem ouro foi. E hoje um evento dele, apenas gerou US$ 2 bilhões pelo mundo. Depois do interesse da Golden Boy pelo Yamaguchi, conversei com o pessoal da Top Rank. O Brasil é forte no MMA, mas não tem ninguém no boxe. Acredito que pode ser o Esquiva, e eles concordam. Queremos que ele seja maior que Popó em popularidade.”

“Ele chegou com status de futuro campeão mundial”, disse Batarelli.

Yamaguchi anunciou o acordo com a Golden Boy em outubro. Sua estreia, segundo O Estado de S. Paulo, pode ser em 25 de janeiro no Brasil.

Já Esquiva foi procurado por Batarelli ainda durante a disputa do Mundial do Cazaquistão. O empresário comprou as passagens e levou o capixaba de 22 anos para Las Vegas no último dia 8.

Por já conhecer a Top Rank, a negociação foi tranquila. Como o medalhista olímpico tinha uma série de ganhos por sua carreira no boxe amador – de Bolsa Atleta a patrocinadores individuais – ele ganhará uma quantia mensal, além das bolsas por combate, uma prática incomum, mas que acabou sendo vantajosa para o brasileiro.

“Tivemos uma reunião no dia 10, e foi tão bem que ele quis assinar no mesmo dia. Nem quis voltar para o Brasil para pensar. Foi fácil, porque as duas partes se queriam”, detalhou o ex-lutador. Esquiva já tinha outras propostas em mãos, mas fez sua opção pela empresa de Bob Arum.

A estreia em 22 de fevereiro será em um evento marcado pela presença de outros medalhistas contratados pela Top Rank, como Zou Shiming, chinês que é bicampeão olímpico. A empresa norte-americana tem apostado em realizar noitadas de lutas no famoso resort de luxo The Venetian, uma vez que os cards na China tem dado mais retorno financeiro do que os em Las Vegas. “Por isso o Manny Pacquiao vai lutar lá.”

Treinos nos EUA

Esquiva ainda não definiu sua equipe de treinadores, mas já tem como certo que fará a parte final de sua preparação longe de casa. O capixaba vai fazer o mês final de treinos nos Estados Unidos, usando as instalações da Top Rank, que tem uma academia exclusiva em Las Vegas.

O brasileiro deve usar alguns treinadores norte-americanos nesta fase de preparação para tentar evoluir rapidamente no boxe profissional, que tem algumas características específicas em relação ao boxe amador. Esquiva poderia estrear em um combate de apenas quatro rounds, para se adaptar, mas pediu para fazer uma luta com duração prevista de seis assaltos.