Antes de ser milionário, Mayweather não conseguiu vaga nem no Pan-Americano
Foi um dos últimos dissabores da carreira de Floyd Mayweather Jr. Ocorreu há 20 anos, no gelado Michigan, no norte dos Estados Unidos, nas seletivas nacionais para os Jogos Pan-Americanos de Mar Del Plata, na Argentina, em 1995. Hoje milionário e controverso lutador caiu diante de um atleta que imaginava-se, na época, seria um grande boxeador, o californiano Carlos Navarro.
Vinte anos atrás, Floyd não tinha o apelido de “Money” (dinheiro, em inglês), não ostentava e não era invicto. Tinha talento e gana de vencer, mas vivia em um ambiente muito conturbado com a família. Sempre manteve um relacionamento violento com o pai, Floyd Mayweather, também boxeador, tinha problemas com drogas e envolvia-se frequentemente em brigas familiares.
Mas o talento no ringue e os trejeitos do patriarca sempre estiveram ao seu lado. Aos 17, Floyd Jr fora agraciado com a Luva de Ouro do boxe amador dos Estados Unidos. E, aos 18, já em 1995, encarou Carlos Navarro. À época, o jovem promissor era carinhosamente chamado de “Pretty Boy” (garoto bonito), por causa das feições juvenis.
A categoria até 54 quilos era uma das mais disputadas naquela seletiva, no Michigan, Estado natal de Floyd. Ele chegou à final contra Navarro, que desfrutava, no momento do seu segundo ano consecutivo como líder do ranking nacional naquela faixa de peso. As lutas não tinha 12 rounds, como as que Mayweather se apresenta atualmente, e nem tampouco o apelo de mídia como aquelas que são disputadas em Las Vegas.
Não há na internet registro em vídeo do encontro. Mas os livros de resultados do boxe dos Estados Unidos dão conta de que Navarro venceu após três assaltos, a duração máxima de uma luta amadora, de forma incontestável. Mayweather ficou desolado.
Um Pan com estrelas do boxe
Deixou de participar, assim, de um dos mais profícuos torneios de boxe na história dos Jogos Pan-Americanos. Para se ter uma ideia, do alto nível da competição, entre os pesados estava o o tricampeão olímpico Félix Savón, de Cuba, na meio-pesado o campeão foi o americano Antonio Tarver, que fez carreira no boxe profissional, com duas lutas épicas contra Roy Jones Junior, nos anos 1990, e até participou do filme Rocky Balboa, em 2006, como adversário de Silvester Stallone. E no peso leve estava o brasileiro Acelino Popó Freitas, então com 20 anos, que acabou conquistou a prata, perdendo a decisão contra o cubano Julio González.
Dado o elevado nível técnico da disputa, o algoz de Mayweather na seletiva, Navarro não conseguiu fazer muito em sua chave. Perdeu logo na segundo luta para o cubano Juan Despaigne, que acabaria tornando-se campeão Pan-Americano.
A derrota para Navarro serviu como inspiração para Mayweather. Seu treinador e tutor nos idos de 1995 e 1996, Don Hale sempre citava o rival para instigar Floyd nos treinamentos. “O que eu dizia era: ‘Tudo o que você está fazendo nos treinos, Floyd, Navarro está fazendo mais que você’”, relatou à revista The Ring, uma das mais conceituadas publicações sobre boxe no mundo.
Deu resultado. Navarro e Mayweather voltaram a se encontrar em uma outra seletiva no ano seguinte, muito mais importante. Em 1996, eles lutaram por um posto na equipe dos Estados Unidos para os Jogos Olímpicos de Atlanta. Mayweather venceu e disputou a Olimpíada, Caiu na semifinal para o búlgaro Serafim Todorov. Ficou com a medalha de bronze, porque não há disputa pelo terceiro posto no boxe olímpico. Foi a última derrota da carreira de Floyd Mayweather Jr.
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