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Luta é adiada, mas Patrick Teixeira continua treinando como campeão

Patrick, durante combate contra Mario Lozano - Tom Hogan/Golden Boy/Getty Images
Patrick, durante combate contra Mario Lozano Imagem: Tom Hogan/Golden Boy/Getty Images

Roberto Salim

Colaboração para o UOL

20/03/2020 18h00

Patrick Teixeira recebeu a notícia do adiamento no fim da noite de quinta-feira, mas nada mudou a duríssima rotina de treinamentos para a sua primeira defesa do título mundial dos médios ligeiros, conquistado em Las Vegas, no mês de novembro. No dia 25 de abril ele iria enfrentar o desafiante argentino Brian Carlos Castaño, em Índio, na Califórnia.

"A empresa Golden Boy, responsável pela carreira de Patrick nos enviou um comunicando, dizendo que todos os eventos estão paralisados, em virtude do coronavírus", explicou o técnico Xuxa Nascimento. "Eles nos informaram que a luta poderá acontecer em agosto, mas é possível até que ocorra antes. De qualquer forma estaremos bem preparados, porque o Brian Castaño já foi campeão mundial da WBA".

"Neste nível, não dá para escolher adversário, não é?", admitiu o campeão Patrick Teixeira. "Ele é um lutador invicto e difícil de enfrentar. Ele é mais baixo que eu e vem para dentro. Terei de usar a distância, utilizando jabs e diretos".

O adiamento dá a Patrick a possibilidade de se preparar melhor ainda para o combate, já que na luta contra o dominicano Carlos Adames em que ganhou o título mundial sofreu muitos cortes no rosto. "Foram 15 pontos e eles ainda não estariam adequadamente cicatrizados se a luta fosse mesmo em abril", confessou o lutador.

"E eu posso dizer que vai ser uma luta mais dura do que foi contra o Adames", não escondeu o técnico Xuxa.

O tratamento para a recuperação total está sendo feito com métodos naturais, como explica o auxiliar técnico José David de Souza. "Fazemos aplicação de salmoura e o Patrick também toma sol regularmente".

Quanto aos treinos de academia, Patrick vem se submetendo à uma rígida preparação, pois o adversário argentino de 30 anos é tido como um adversário de muito respeito.

"Não podemos escolher o adversário e o Brian Castaño é o primeiro desafiante da Organização Mundial de Boxe, então que venha ele. Estaremos preparados", garante o técnico Xuxa, que teve uma carreira brilhante nos ringues: 48 lutas profissionais, com apenas um empate. "Mas nunca pude disputar o título mundial, por problemas entre os empresários".

Por falar em problema, Xuxa lembra-se da vez que teve uma luta cancelada no México, no ano de 2001: "O promotor era do local, mas mexia também com o tráfico de drogas e acabou morrendo em um conflito entre os traficantes. Não teve a luta".

A situação agora é diferente.

A ameaça é mundial.

"Mas aqui não tem moleza", foi dizendo José David, após o treino da manhã desta sexta-feira em Santana do Parnaíba, onde fica a base de treinamento do campeão mundial.

"Foram 18 roundes de treinamento e mais 210 abdominais", contabilizou José David.

"Dos 18 assaltos, foram quatro de sombra no começo, quatro de saco e mais oito de manopla, para apurar a técnica e a agilidade na defesa e soltura de golpes, e no fim de tudo mais dois roundes de sombra".

Mas o dia do campeão não terminou assim.

À tarde ainda correu 8 quilômetros na estrada que liga Santana do Parnaíba até Alphaville.

"Na verdade esse adiamento não desanimou a gente, só nos deu a oportunidade de treinar mais para essa luta contra o argentino, um cara que tem 16 vitórias, sendo 12 por nocaute", concluiu José David, enquanto Xuxa acrescentou que se trata de um adversário mais técnico que o dominicano Adames. "Ele solta mais golpes, se movimenta mais e vem para dentro. Está invicto e tem um empate com o cubano Erislandy Lara. Mas não temos medo: afinal, o campeão mundial é nosso".