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Organizador disse que 'nem diabo impediria' boxe clandestino que teve morte

Jonas de Andrade Carvalho Filho morreu em evento de boxe clandestino em Teresina - Reprodução
Jonas de Andrade Carvalho Filho morreu em evento de boxe clandestino em Teresina Imagem: Reprodução

Ed Rodrigues

Colaboração para o UOL

27/04/2021 17h09Atualizada em 28/04/2021 07h36

O proprietário da academia que promoveu um evento clandestino de boxe em Teresina, no Piauí, teria dito que "nem o diabo impediria as lutas", investigadas após a morte de um dos atletas amadores.

O comentário foi revelado por uma das testemunhas ouvidas pela Polícia Civil a respeito do incidente envolvendo Jonas de Andrade Carvalho Filho, de 34 anos, golpeado várias vezes na cabeça durante um duelo. Ele chegou a ser socorrido em um hospital da capital piauiense, mas não resistiu.

Segundo o delegado Menandro Pedro, a promessa foi feita pelo proprietário, identificado apenas como José Cláudio, após a Federação Piauiense de Boxe Amador ter negado autorização para o torneio.

O investigador revelou ao UOL que há indícios de imperícia, imprudência e negligência por parte da organização das lutas.

Caso seja comprovado que Jonas de Andrade morreu em decorrência da lesão craniana provocada pela luta, José Cláudio será indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar).

"Lá não tinha oxigênio, segurança, ambulância. Permitiram que o rapaz, que não tinha técnica alguma e nem treinamento, enfrentasse um lutador treinado e muito forte", explicou o policial.

"Rapaz, eles lutaram descalços e sem as proteções que o esporte amador exige. O árbitro não era da federação. Quando o rapaz caiu a primeira vez, ele não abriu contagem e mandou prosseguir. Quer dizer, estava tudo errado", continuou.

O delegado contou também que duas versões contraditórias foram apresentadas no hospital pelas pessoas que socorreram Jonas.

"Hoje, eu ouvi dois PMs que estavam lá no dia do incidente. Primeiro, disseram que o rapaz havia caído da moto. Depois, inventaram que se machucou treinando. Que caiu e bateu com a cabeça", acrescentou.

Menandro Pedro ressaltou que ainda receberá os laudos da perícia que foi realizada na Academia Fundo de Quintal.

Os resultados, segundo ele, serão determinantes para a conclusão do inquérito.

O UOL procurou também o proprietário da academia, que se limitou a dizer que dará seu depoimento à Justiça e que tudo será esclarecido.