UOL Esporte Ciclismo
 
04/07/2009 - 07h06

De olho em Lance Armstrong e no doping, Volta da França dá largada em Mônaco

Do UOL Esporte
Em São Paulo*
Em meio a inúmeros casos de doping, a polêmica tem sido a tônica do ciclismo nos últimos anos, manchando a imagem da modalidade de forma intensa. Em 2009, no entanto, a Volta da França chega à sua 96ª edição com uma boa novidade. O centro das atenções será o norte-americano Lance Armstrong, maior vencedor da prova com sete títulos consecutivos entre 1999 e 2005, todos eles após derrotar um câncer.



Armstrong anunciou sua aposentadoria em julho de 2005, mas o seu tempo longe das bicicletas durou apenas três anos. Neste início de ano, ele voltou às competições com dois objetivos em mente: divulgar sua causa de prevenção ao câncer e, para isso, conquistar a oitava taça da Volta da França.

A largada para a meta de Armstrong está marcada para este sábado, mas não será na França. A primeira etapa, que serve mais como uma apresentação dos 180 ciclistas de 20 equipes, acontece no principado de Mônaco. O percurso é de apenas 15 km, muito pouco frente aos 3.445 km que totalizam as 21 etapas de competição, em três semanas, com direito a contra-relógios, etapas planas e escaladas intensas.

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Neste ano, além de passar por Mônaco e as tradicionais cidades francesas, outros países serão contemplados pelo Tour. A competição mais tradicional da temporada sobre as duas rodas passará por Espanha, Andorra, Suíça, e dentro de uma etapa fará alguns quilômetros na Itália. Tudo como forma de atrair ainda mais fãs.

A torcida já deve ser angariada apenas pela presença de Armstrong. Neste ano, ele voltou às competições e chegou a sofrer uma fratura na clavícula. Ainda assim, foi 15º no Giro D'Itália e venceu sua primeira competição, em Nevada, nos Estados Unidos. Tudo como um aquecimento para a Volta francesa.

O norte-americano afirma que vai pedalar para conquistar o oitavo título, mas demonstra muita cautela. "Sinto-me muito bem, forte fisicamente para ganhar. Mas hoje a confiança não pode ser a mesma que tive em outros anos, quando estava seguro de que venceria. Diria que estou como em 2003, quando ganhei por muito pouco", analisou ele, sobre o triunfo frente ao alemão Jan Ulrich, há seis anos.

Além de lutar com nomes como Denis Menchov, vencedor do Giro, Fabian Cancellara, Cadel Evans e o atual campeão Carlos Sastre, a disputa de Lance Armstrong começa dentro de sua equipe, a Astana, do Cazaquistão. Uma das questões foi financeira, devido ao atraso de salários. Os ciclistas do time cazaque protestaram na Volta da Itália e a União Ciclística Internacional chegou a ameaçar tirar a licença. Problema resolvido.

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Para o título, outra luta interna será roda a roda, na estrada, com um companheiro de equipe. Apesar do hepta, Lance Armstrong terá de provar que, aos 37 anos, tem mais chances que o espanhol Alberto Contador, de 26, uma das grandes apostas para levar a camiseta amarela, tradicionalmente dada ao líder na classificação geral.

Questionado sobre o assunto, o norte-americano mostra saber que terá de fazer seu melhor desde o início, caso queira a equipe trabalhando para si e pelo octacampeonato. Caso contrário, é ele quem terá de oferecer os serviços. "Desde o primeiro dia veremos essa questão com mais clareza. Se Alberto for o mais forte, farei meus sacrifícios por ele. Isso não é um problema, é a tradição do ciclismo", explica o texano, mostrando humildade.

Suspeita constante
Lance Armstrong é um dos ciclistas em que os olhos se mantém abertos, devido às desconfianças sobre doping, que acompanharam suas vitórias e também este retorno. A organização da Volta da França já anunciou medidas para tentar evitar que o doping seja mais uma vez centro das discussões sobre o Tour.

O norte-americano afirmou já ter passado por 33 controles antidoping nesta temporada, mas alfinetou quem desconfia, considerando injustificadas as suspeitas sobre si. "Às vezes vemos corredores que saem do nada, ganham e desaparecem. Isso sim é suspeito. A desconfiança sobre mim começou em 1999. Fui novamente o mais rápido em 2000 e segui assim", justificou o ciclista da Astana, nunca pego em antidopings.

Entre as medidas da organização, está passar a manter guardados todos os testes realizados antes e durante a competição neste ano. Assim, caso haja dúvidas ou o surgimento de alguma nova substância, os exames poderão ser reavaliados. Novos métodos em laboratório também serão usados, na descoberta mais efetiva e mais ampla de quem tentar trapacear e melhorar seu desempenho com o uso de substâncias ilícitas.

*Com agências internacionais

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